Instinto Fatal 2 (2006)

 

 

Título original – Basic Instinct 2

Título alternativo – Basic Instinct 2: Risk Addiction

 

Perante o enorme sucesso (e polémica) de “Basic Instinct” (1992), veio logo a ideia de sequela (até porque Sharon Stone tinha contrato para tal).

Demorou, surgiu.

Mas será tão apelativo a basic instinct como o original?

 

Catherine Tramell vive em Londres, mas continua uma mulher bem activa e aberta na sua sexualidade.

Perante a morte de alguém próximo a ela, Catherine é alvo da atenção das autoridades.

O psiquiatra Michael Glass é designado para a investigar. E entra num perigoso jogo com Catherine.

Nunca seria fácil repetir o poder de excitação, polémica e excelência cinematográfica de “Basic Instinct”.

Mas alguém se atreveu. E elogie-se tal gesto de coragem.

A começar em Sharon Stone.

 

Mas o resultado…

Bom, “Basic Instinct 2” tenta, como muitas sequelas, seguir a regra “mais do mesmo” e trazer algo mais sobre a protagonista.

 

A primeira tentativa falha redondamente.

O filme não consegue poder de choque, controvérsia ou de excitação.

 

A segunda até consegue algo.

Mostra algo sobre a essência de vida de Catherine (embora seja nada que não se tenha percebido em “Basic Instinct”), mas aqui resulta interessante que seja ela a reconhecer algo da sua personalidade e a querer resolver tal mal.

Ao contrário do filme original, saímos do campo do thriller puro e andamos pelos divãs do drama psicológico, com uma sucessão de conversas e (psic)análises (a Catherine e a Michael, de um ao/pelo outro).

É engraçado, é diferente e mostra um lado mais emocional de Catherine.

 

É interessante vermos que o duelo entre Catherine e Michael não e um jogo de manipulação e de activação de algum tipo de basic instinct, mas sim um confronto de dois psicopatas, onde cada um procura saber qual é o melhor.

Mas para um filme que se intitula “Basic Instinct 2” e traz de volta Catherine Tramell, este acaba por ser menos sobre ela e sobre um conjunto de casos, mistérios e dramas do seu “rival”.

E isto aliena o espectador e deixa-o defraudado.

 

Diverte o twist sobre quem é o assassino.

“Basic Instinct 2” tenta ser, como “Basic Instinct”, um filme de índole sexual.

Mas onde o filme de Paul Verhoeven é exímio na sua coragem, abertura e capacidade erótica, a sequela revela-se frouxa, censurada, assustada e (muito) light.

Bom trabalho nas áreas de fotografia, cenografia e guarda-roupa.

 

Estranho é “Basic Instinct 2” ser mais caro (mais de 30 milhões de Dólares a mais) do que “Basic Instinct”, mas parecer (muito) mais barato (ainda que não baratucho, OK?).

Michael Caton-Jones não tinha a vida fácil (igualar “Basic Instinct” e tentar estar ao nível de Paul Verhoeven é mesmo impossível). Caton-Jones já tinha dado duas preciosidades (“Memphis Belle” como um nostálgico drama de guerra à 40s, “Doc Hollywood” como uma nostálgica comédia à 30s e com laivos de Frank Capra).

Assina com eficácia, mas sem o poder de sedução, transgressão, choque e fascínio que tem o Cinema do autor de “The Fourth Man”. Parece estar a procurar repetir e imitar o que funcionou no filme original, mas sem saber como, em vez de procurar um tom personalizado.

Sharon Stone regressa a uma personagem que conhece, que a definiu e a estabeleceu na indústria. Continua com poder sensual e provocatório, bela e com belo corpo, mas parece estar mais a gerir a imagem da personagem (e da actriz) do que a interpretar uma personagem ou a acrescentar algo a ela.

David Morrissey revela-se um actor muito interessante (ele vinha da excelente série “State of Play”), mostrando capacidade de criar personagens inquietantes e ambíguos. Acaba por ser ele o vencedor do filme.

Há bons nomes nos secundários, que cumprem minimamente.

Uma sequela desnecessária, assexuada, reprimida, que só vale por Sharon Stone, que apesar de não conseguir uma interpretação ao nível da que a celebrizou, ao menos cativa o olhar.

 

“Basic Instinct 2” tem edição portuguesa, a bom preço. O cut do nosso mercado não é censurado.

Realizador: Michael Caton-Jones

Argumentistas: Leora Barish, Henry Bean, a partir da personagem criada por Joe Eszterhas

Elenco: Sharon Stone, David Morrissey, David Thewlis, Hugh Dancy, Indira Varma, Charlotte Rampling

 

Trailer

 

Clips

 

Sharon Stone sobre o filme

 

Orçamento – 70 milhões de Dólares

Bilheteira – 6 milhões de Dólares (USA); 38 (mundial)

 

“Hall of Shame”, pela Alliance of Women Film Journalists 2006 e Women Film Critics Circle 2006.

“Pior Filme”, pelos críticos de Oklahoma 2006.

“Pior Filme”, “Pior Actriz” (Sharon Stone), “Pior Sequela/Prequela”, “Pior Argumento”, nos Razzie 2007.David Thewlis esteve nomeado para “Pior Actor Secundário” (foi derrotado por M. Night Shyamalan em “Lady in the Water”), considerou-se o “Pior Casal no Ecran” (Shawn Wayans, Kerry Washington e Marlon Wayans em “Little Man”, foram preferidos), Michael Caton-Jones ia ser o “Pior Realizador” (foi preferido M. Night Shyamalan por “Lady in the Water”).

Nomeações diversas nos The Stinkers Bad Movie 2006 – “Pior Filme” (“BloodRayne” foi o eleito), “Pior Actriz” (Sharon Stone foi derrotada por Julianne Moore em “Freedomland”), “Pior Sequela” (“The Santa Clause 3: The Escape Clause” foi ainda “melhor”).

“Pior Actriz Estrangeira” (Sharon Stone), nos Yoga 2007.

O projecto já andava planeado há anos, mas só avançou em 2005.

No início do projecto, Sharon Stone rejeitou regressar. Perante tal, os produtores ponderaram Demi Moore ou Ashley Judd.

A MGM começou a planear a sequela em 2002. Sharon Stone tinha contrato para a sequela e moveu uma acção no sentido de “Play or Pay”, exigindo 14 milhões de Dólares se o filme não avançasse.

John McTiernan foi o primeiro realizador pensado (que já tinha mostrado saber fazer um thriller sexual elegante, excitante e inteligente – o remake “The Thomas Crown Affair”, com sucesso crítico e público). Ele sugeriu Benjamin Bratt como protagonista masculino, mas Sharon Shone não gostou da ideia (já tinham trabalhado juntos em “Catwoman” e o entendimento foi mau).

David Cronenberg (um cineasta que sempre soube abordar o sexo no seu Cinema, com grande pertinência e inteligência – “Crash”, por exemplo) e Lee Tamahori são ponderados como realizador.

Jan de Bont (o director of photography de “Basic Instinct”) foi considerado para realizador.

Paul Verhoeven foi considerado como realizador, mas recusou por compromissos com outros trabalhos.

Michael Douglas foi sondado, mas recusou devido à sua idade.

Robert Downey Jr. é sugerido, mas o “Iron Man” recusa.

Kurt Russell foi sondado, mas o actor não se sentia confortável com a nudez.

Pierce Brosnan foi sondado, mas não gostou do argumento.

Bruce Greenwood foi finalista, mas saiu de cena.

Rupert Everett foi ponderado e recusado. O actor levou a mal e expressou-se publicamente sobre tal.

Harrison Ford, Jude Law, Ewan McGregor, Gabriel Byrne, Javier Bardem, Benicio Del Toro, Viggo Mortensen, Vincent Perez e Aaron Eckhart, foram considerados como co-protagonista.

David Morrissey é chamado como co-protagonista, por sugestão de Sharon Stone. Morrissey gostou do argumento.

 

Andy Garcia recusou o personagem que foi entregue a David Thewlis.

Sharon Stone queria Catherine Deneuve para a personagem que foi entregue a Charlotte Rampling.

Jerry Goldsmith (autor da música de “Basic Instinct”) foi chamado para fazer o score, mas faleceu antes de tal (2004).

Em 2004, produtores e Sharon Stone chegam a acordo – vai haver filme.

Michael Caton-Jones é o realizador contratado. Caton-Jones aceita, meramente por dinheiro.

Dias antes das filmagens, Sharon Stone convidou um par de amigos para verem “Basic Instinct” e a verem despida na actualidade, tendo-lhes perguntado se ainda estava em forma para “Basic Instinct 2”. Os amigos disseram Sim.

 

Co-produção germano-britânico-americano-espanhola.

Sharon Stone é o único membro do elenco de “Basic Instinct” que regressa para esta sequela.

Anne Caillon teve 10 dias de trabalho, mas todas as suas cenas ficaram cortadas. O mais recente cut (o dito extended cut) restaura essas cenas.

Segundo Caton-Jones, Stone chegava frequentemente atrasada ao set, esquecia-se das suas lines e fazia muitas birras.

Caton-Jones considerou a experiência como muito dolorosa, até porque não acreditava no filme desde o início. Por outro lado, teve imensos conflitos com Sharon Stone.

Sharon Stone recebeu quase o mesmo salário (15 milhões de Dólares) que Michael Douglas recebeu para “Basic Instinct” – 13.6 milhões de Dólares. Para “Basic Instinct”, Sharon recebeu… 500.000 Dólares.

O filme foi alvo de muitos cortes.

Uma cena com um ménage à trois foi filmada, mas foi cortada. Só consta na secção “Deleted Scenes” de algumas edições DVD/Blu-Ray. Envolveu Sharon Stone, David Morrissey e Anne Caillon.

Há um final alternativo. Consta nas deleted scenes das edições DVD/Blu-Ray.

O cut da edição DVD tinha mais 2 minutos que o cut visto nas salas. O total das deleted scenes faz 18 minutos.

O extended cut é de 116 minutos. Não foi editado em Blu-Ray em 2006. Só em 2019 é que tal cut foi editado.

Ao contrário do seu antecessor, falhou nas bilheteiras e na crítica.

Alguns analistas consideraram que o flop do filme se devia ao facto de já não haver público para filmes com conteúdo sexual, dada a livre pornografia disponível na Internet.

Paul Verhoeven (o realizador de “Basic Instinct”) detestou o filme. Considerou que um dos factores para o filme falhar foi o facto do argumento não ter um co-protagonista ao nível da protagonista.

 

Chegou-se a pensar em “Basic Instinct 3”, mas perante os resultado$ de “Basic Instinct 2”…

Sharon Stone gostaria de fazer um “Basic Instinct 3” e realizá-lo.

Deixe uma Resposta

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s