A Memória de Um Assassino (2022)

 

 

Título original – Memory

 

Liam Action Neeson de volta.

E bem vingativo. Mas doente.

 

Alex Lewis é um assassino. O seu mais recente trabalho afecta a segurança de uma menina e Alex recusa-se a continuar.

Perante as acções hostis dos seus empregadores, Alex vai executar uma vingança sobre todos eles.

Alex tem boas skills, mas tem uma limitação – o seu Alzheimer crescente.

Hitman com consciência?

Bom, não estamos no campo de John Woo (“The Killer”) ou Jean-Pierre Melville (“Le Samourai”). Podia-se exigir algo assim (dado os nomes envolvidos), mas não se consegue.

Mas isso não é um erro do filme. Apenas, e como é óbvio, ninguém consegue atingir o nível de excelência (visual e narrativa) desses dois grandes mestres de Cinema.

Fica um action thriller emocional (o protagonista tem uma consciência moral, sentimental e humanitária), com um pertinente olhar sobre o dark side de tantos benfeitores/benfeitoras e associações que surgem e encantam políticos e sociedade, uma ligeira reflexão sobre justiça e os seus limites (burocráticos, sim, mas também devido às ligações perigosas do poder judicial e policial com certas entidades poderosa$).

Nem tudo é certeiro e devidamente desenvolvido, mas fica suficientemente credível.

Algumas partes estão a mais (a cena com bêbado no bar, a one-night stand) e até mal desenvolvidas (a vilã merecia melhor definição e presença na narrativa, para ser mais poderosa, temível e relevante).

Há bons shoot-outs, jeitoso body count, alguma tensão, algum drama e ritmo adequado.

O sempre competente David Tattersall assina uma fotografia limpa, nítida e fria.

Martin Campbell é um action director clássico, eficaz, capaz de filmar action de forma seca, directa e com punch. Ele ainda não conseguiu fazer algo ao nível de “Casino Royale” (ainda uma referência na saga “James Bond” e um sério candidato ao melhor da saga), mas este “Memory” está quase ao nível de “Edge of Darkness”.

Liam Neeson faz este tipo de personagens de olhos fechados e é sempre credível quando é simpático com uma senhora, preocupado com o irmão e a menina ou implacável com os inimigos.

Guy Pearce já tinha mostrado dotes como action hero em “Lockout” (2012) e volta a confirmar, agora com um look e atitude tipo Chuck Norris Light.

Monica Bellucci está lá para dar prestígio (e bellezza), mas merecia mais atenção e dedicação (do argumento).

É um bom Liam Neeson actioner, com menos non-stop action e um pouco mais de emoção. O género e o actor têm melhor, mas o filme cumpre muito bem o dever de bom entretenimento e de fazer um thriller diferente.

 

“Memory” anda pelas nossas salas, mas move-se em streaming noutros países.

Realizador: Martin Campbell

Argumentista: Dario Scardapane, a partir do romance de Jef Geeraerts (“De Zaak Alzheimer”) e do filme “De Zaak Alzheimer” de Erik Van Looy

Elenco: Liam Neeson, Guy Pearce, Taj Atwal, Harold Torres, Monica Bellucci, Ray Stevenson, Ray Fearon, Mia Sanchez, Daniel De Bourg, Natalie Anderson, Rebecca Calder, Scot Williams, Lee Boardman, Stella Stocker, Josh Taylor

 

Trailer

 

Filmado na Bulgária e em El Paso.

 

O personagem de Liam Neeson recorre a um truque que o personagem de Guy Pearce usou em “Memento” – escrever notas no corpo, para compensar a falta de memória.

 

Remake do filme belga “De Zaak Alzheimer” (2003, com o título internacional “The Memory of a Killer”; já aqui visto).

 

“Memory” é remake. Tem bons méritos (e os seus defeitos), mas vamos ver como se mede face a “The Memory of a Killer”:

  • O argumento segue o filme original quase à risca, mudando alguns personagens (o vilão original é homem, no remake é mulher), unindo algumas cenas que eram separadas no original. Ou seja, é praticamente um refazer do original, mas falado em Inglês.
  • O tom é frio e seco em ambos.
  • O remake procura um pouco mais de coreografia nas cenas de acção.
  • A realização é de bom nível em ambos, de índole clássica, se bem que o original tenha umas “piruetas visuais” muito interessantes (os flashes de memória, a montagem na sucessão de telefonemas sobre as explicações da prisão de um personagem).
  • O final é diferente no remake. O original é mais esperançoso no sistema (policial e judicial), o remake é mais pessimista, pelo que recorre a sua solução menos ortodoxa.
  • Os actores equiparam-se na qualidade das interpretações. Mas o remake tem Liam Neeson.

 

Penso que “The Memory of a Killer” tem mais punch enquanto thriller. E chegou primeiro. E o facto do remake ser quase um refazer total falado em Inglês, só reforça os méritos do filme belga. Mas o remake tem Liam Neeson em boa forma e isso é um plus.

Liam Neeson volta a remakes de actioners europeus, depois de “Cold Pursuit” (2019).

 

Sobre Jef Geeraerts

https://www.flandersliterature.be/books-and-authors/author/jef-geeraerts

https://www.bitterlemonpress.com/blogs/authors/19586051-jef-geeraerts

https://www.fantasticfiction.com/g/jef-geeraerts/

 

One comment on “A Memória de Um Assassino (2022)

  1. […] filme recebeu um Remake (já aqui visto) em 2022 – “Memory”, de Martin Campbell, com Liam Neeson, Guy Pearce e Monica […]

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