Título original – The Lost City
É o regresso de Sandra Bullock, no tipo de comédia em que ela sabe sempre brilhar.
Loretta Sage é uma popular escritora, que se dedica a romances de aventuras em cenários exóticos.
Na promoção do seu mais recente livro, Loretta é raptada por um bilionário algo excêntrico, que julga que a escritora o pode ajudar a localizar um valioso tesouro.
Alan, o modelo que representa, nas promoções aos livros de Loretta, o herói dos seus romances, mete-se em campo para salvar a escritora.
Para ambos é o começo de uma louca aventura, onde nenhum tem aptidões para o que lhes é exigido.
Feliz recuperação de um modelo clássico 80s de aventura arqueológica, com muito de romance e humor.
Aqui o lado da fantasia também entra, menos enquanto género e mais pela imaginação humana (a protagonista é escritora de romances de aventura e romance) e a senda do ser humano em viver algo que seja bigger than life.
Já divertem as peripécias em que os protagonistas estão metidos, mas ainda é mais divertido vê-los completamente incapazes de resolver as situações e bem trapalhões.
Claro que o bom cinéfilo não pode deixar de ver o filme e recordar o fresco “Romancing The Stone” (1984, de Robert Zemeckis, com Michael Douglas, Kathleen Turner e Danny DeVito) – em ambos a protagonista é escritora de romances de aventuras, ambas sonham em conhecer um homem ao nível do protagonista dos seus romances, a procura por um tesouro, as peripécias loucas e em geografia latino-americana, a combinação de aventura, romance e humor).
Mas “The Lost City” nunca cai no rip-off, sendo igualmente fresco, dinâmico, divertido e inteligente.
Bom uso da paisagem.
A dupla Aaron Nee & Adam Nee tem ainda pouca experiência, mas o que fez mostra a procura por uma certa originalidade e mexer em clássicos (temas e personagens). Mostram dinamismo e paixão, nunca deixam o filme cair em desfile VFX ou em jeito de videogame (o tom é completamente diferente do recente “Uncharted”), dando ao filme algo de cartoon humano.
O elenco diverte-se tanto como nós e está em óptima sintonia entre si.
Sandra Bullock e Channing Tatum mostram boa química e merecem voltar a contracenar. Ambos sabem fazer caricaturas de si mesmos, sem cair no ridículo.
E a Sandrinha é sempre adorável de ver (continua linda e sem mostrar o efeito da idade), sempre com jeito para aquela mulher séria, chata, intocável, mas tão divertida quando “parte o espartilho”.
Um fresco, divertido, simpático e honesto momento de aventura, romance e humor, que nos remete para o melhor do género e dos seus protagonistas.
Nota – há uma (divertida) cena extra durante o (divertido) genérico final, que pode remeter para a sequela (que é muito bem vinda).
“The Lost City” ainda está nas nossas salas, mas já se move em streaming nalguns países através do Paramount+.
Realizadores: Aaron Nee & Adam Nee
Argumentistas: Oren Uziel, Dana Fox, Adam Nee, Aaron Nee, Seth Gordon
Elenco: Sandra Bullock, Channing Tatum, Daniel Radcliffe, Da’Vine Joy Randolph, Brad Pitt, Oscar Nuñez, Patti Harrison, Bowen Yang
Site – https://www.thelostcity.movie/home/
Orçamento – 68 milhões de Dólares
Bilheteira (até agora) – 97 milhões de Dólares (USA); 165 (mundial)
Boas nomeações para os MTV Movie + TV 2022 – “Melhor Actriz” (Sandra Bullock), “Melhor Vilão” (Daniel Radcliffe), “Melhor Equipa” (Sandra Bullock, Channing Tatum, Brad Pitt).
Há muito tempo que Sandra Bullock queria fazer um filme de aventura e humor.
Bullock escolheu a dupla Adam e Aaron Nee depois de ver o filme “Band of Robbers”, que a actriz adorou.
Ryan Reynolds ia ser o co-protagonista (o que o reuniria com Sandra Bullock, depois de “The Proposal” em 2009). Mas nada avançou e Channing Tatum foi escolhido.
Daniel Radcliffe volta a interpretar um tipo de personagem como já tinha interpretado em “Now You See Me 2” (2016).
Sandra Bullock e Oscar Nuñez reencontram-se, depois de “The Proposal”.
Sandra Bullock é uma das produtoras do filme e o filme tem a presença da companhia produtora da actriz – a Fortis Films.
Filmado na República Dominicana.
Toda a história ligada ao tesouro e à dita cidade perdida é fictícia, mas teve apoio técnico de um reputado professor de Arqueologia da Faculdade de San Diego.
O momento em que o personagem de Brad Pitt come enquanto fala ao telefone é semelhante a um momento em “Fight Club” (1999, também com Pitt).
Adam Nee aparece com um dos polícias.
A arma de Abigail Fairfax é uma Walther PPK, uma arma que ficou famosa por ser a usada por James Bond em muitos dos filmes.
Cameo de Stephen Lang – o vilão na cena inicial.
Sandra Bullock faz um cameo num filme protagonizado por Brad Pitt – “Bullet Train”. Como recompensa, Pitt faz um cameo neste filme com Bullock.
Não é só no modelo narrativo que “The Lost City” evoca “Romancing the Stone”. O personagem de Brad Pitt chama-se Jack Trainer – no filme de Robert Zemeckis, o personagem de Michael Douglas chama-se Jack Colton; a esposa de Zemeckis é Mary Ellen Trainor.
A Grande Ilusão 