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Título original – Blue Thunder
John Badham vinha do sucesso de “Saturday Night Fever” (1977) e cimenta aqui o seu (bom) nome para o actioner tecnológico.
Uma unidade aérea da Polícia de Los Angeles recebe a sua mais recente e poderosa arma – um super-helicóptero com a designação “Blue Thunder”.
O piloto encarregue de o pilotar vai descobrir uma terrível conspiração para o seu mau uso.
Policial urbano, thriller conspirativo, thriller hi-tech.
Tudo se combina (muito bem) para um policial robusto, sobre o recurso à tecnologia para combater o crime, bem como os jogos interesseiros que tal suscita.
Há aqui algo de Orwelliano e de “1984” (o filme estreia um ano antes desse ano), na forma como mostra certos sectores do poder a procurar usar tecnologia (digna dos ideais do ”Big Brother”) capaz de vigiar, controlar e eliminar a sociedade.
Pelo meio, um drama de um homem, em duelo com os seus traumas (é um veterano do Vietname) e em afirmação individual face ao sistema, em luta pela verdade.
Incríveis cenas aéreas, que nos elevam os níveis de adrenalina pelo realismo e tensão.
(estamos em tempos em que não há CGI, boys)
O helicóptero é o protagonista do filme, verdadeiro prodígio estético e técnico (nos 80s, tivemos Blue Thunder como super-helicóptero, Airwolf como um seu rival, uma super-mota em “Street Hawk”, KITT era um super-carro, a truck da “The A-Team” era bem guarnecida de equipamento).
Bom elenco, em boa performance.
Warren Oates despede-se do Cinema, com a segurança viril e irónica que lhe conhecemos.
Daniel Stern já mostra que é um excelente comediante.
Malcolm McDowell é sempre inquietante como vilão.
Roy Scheider é sempre impecável como nice guy e (anti-)herói.
John Badham vinha de “Saturday Night Fever” (bastante inovador para a época) e “Dracula” (uma excelente versão, diga-se).
Mostra grande competência nas cenas de acção, algo que o futuro confirmaria, fosse na comédia (“Stakeout”, “Bird on a Wire”, “The Hard Way”) ou a abordar tecnologia (seguir-se-iam “Wargames” e “Short Circuit”).
Um muito pertinente thriller hi-tech, que antecipa alguns problemas, “soluções”, dilemas e tecnologia dos dias de hoje.
Um pequeno clássico.
“Blue Thunder” tem edição portuguesa e anda a bom preço. Procure-se a “Special Edition” com esclarecedores documentários.
Realizador: John Badham
Argumentistas: Dan O’Bannon, Don Jakoby
Elenco: Roy Scheider, Warren Oates, Candy Clark, Daniel Stern, Joe Santos, Malcolm McDowell
Site – https://www.sonypictures.com/movies/bluethunder
Trailer
Clips
Making of
Orçamento – 22 milhões de Dólares
Bilheteira – 42 milhões de Dólares
Mercado doméstico – 22 milhões de Dólares
Nomeado para “Melhor Som”, nos Oscars 1984. Perdeu para “The Right Stuff”.
Candy Clark seria a “Melhor Actriz Secundária”, nos Saturn 1984. O filme ainda esteve nomeado para “Melhor Filme – Sci-Fi” (perdeu para “Star Wars: Episode VI – Return of the Jedi”, “Melhor Actor” (Roy Scheider foi derrotado por Mark Hamill em “Star Wars: Episode VI – Return of the Jedi”). John Badham venceria como “Melhor Realizador”, mas por outro (excelente e referencial) thriller hi-tech – “Wargames”.
O primeiro esboço do argumento data de 1979.
Dan O’Bannon e Don Jakoby eram roommates e tiveram a ideia ao verem vários helicópteros da Policia a voar sobre a cidade.
O argumento inicial era mais político, focando um estado policial e o uso de alta tecnologia para vigilância e controlo da sociedade.
Uma primeira versão do argumento tinha o protagonista, Frank Murphy, como um veterano de guerra (Vietname) atormentado, psicótico, que usa a sua dor, ira e poder (pilotar o helicóptero) para semear o caos, a destruição e a morte em Los Angeles, aos comandos de um super-helicóptero. O estúdio achou que o público não se identificaria com um protagonista tão violento e assassino. O argumento foi modificado.
As mudanças no argumento levaram à criação do vilão Cochrane e à mudança do protagonista (Murphy) como herói.
O argumento teve o título inicial de “Whisper Mode”.
Roy Scheider quis fazer o filme para assim se livrar de “Jaws 3-D” (1983) – Scheider tinha participado em “Jaws” (1975) e “Jaws II” (1978), estando já cansado da saga.
Warren Oates já estava bastante doente durante as filmagens. Foi o seu último filme.
Bryan Brown ia ser Cochrane. Mas estava ainda ocupado com a série “Thorn Birds” (1983). Malcolm McDowell foi escolhido praticamente à última da hora.
O Blue Thunder foi desenhado e criado em França, a partir do modelo Aérospatiale SA-341G Gazelles. Custou 19.000 Dólares.
A FAA (The Federal Aviation Administration) supervisionou toda a montagem do Blue Thunder.
O canhão-metralhadora que o Blue Thunder tem na frente era de tal modo pesado, que teve de levar um peso extra na “cauda” interior para o equilibrar e assim ser mais fácil manobrar o “pássaro”.
Um construtor de munições ligado ao Estado americano doou 50 milhões de balas para usar no canhão-metralhadora do Blue Thunder. John Badham recusou a oferta.
O Blue Thunder foi o primeiro helicóptero a usar um tipo especial de rotor.
Foram construídos dois Blue Thunder. Seriam depois usados na homónima série televisiva, em 1984.
Filmado em Los Angeles.
O loop final usou um modelo controlado por controlo remoto.
Malcolm McDowell tinha medo de voar e foi com muita dificuldade que entrou dentro de helicópteros. Mas comportou-se como um real pro.
Roy Scheider e Malcolm McDowell interpretam inimigos, mas deram-se muito bem nas filmagens e tornaram-se amigos.
No início anuncia-se que “A tecnologia, equipamento, armamento e sistemas de vigilância mostrado no filme estão em uso nos USA”.
O heliporto é o Hooper da LAPD.
O filme usa uma “Astro Division”, que é fictícia. A divisão da Polícia aérea de Los Angeles é “Air Support Division”. Mas muitas das suas missões são denominadas como ASTRO (“Air Support to Regular Operations”).
O relógio que Roy Scheider (Murphy) usa era de John Badham.
Num determinado momento (Murphy e Lymangood a prepararem-se para o seu primeiro voo juntos) vê-se a sigla “N2044C”. É a sigla que seria usada no helicóptero da série “Airwolf” (1984-1988).
“JAFO” é uma expressão habitual no mundo da Polícia aérea americana, referente ao assistente do piloto.
As cenas com helicópteros recorreram a filmagens com e dentro de verdadeiros, modelos telecomandados e filmagens em estúdio dentro do cockpit de helicópteros.
Quando Murphy e Lymangood recebem o comunicado sobre um possível assalto, a voz é de Shaaron Claridge. Claridge era operadora de comunicações da Los Angeles Police Department, no distrito de Van Nuys. A sua voz foi ouvida em séries como “Adam-12” (1968), “Dragnet” (1967), “Lou Grant” (1977) e “Columbo” (1971).
Anna Forrest é a menina ginasta do momento voyeurista nocturno. Ela filmou a mesma cena duas vezes, para dois cuts – no theatrical cut ela aparece despida, no tv cut ela aparece em fato de aérobica.
O carro de Frank Murphy é o Pontiac Turbo Trans Am Special Edition 1981.
No momento da explosão da churrasqueira, são mesmo frangos assados que “voam”. A produção deu conta que ficaria demasiado caro usar frangos falsos. Várias caixas de frangos assados foram largadas por uma grua. Quase todos foram recolhidos por pessoas sem-abrigo e pobres de rua.
O stuntman que conduz a mota que persegue Kate chegou a magoar-se na queda.
O drive-in onde está a tape é o Pickwick. Situado em 100 W. Alameda Avenue, Burbank, California, abriu em Maio de 1949. Tinha espaço para 781 veículos e um ecran de 15 metros. Encerrou en Setembro de 1989. no seu lugar está agora um shopping center.
A sala de Televisão é a mesma vista em “The China Syndrome” (1979).
O mecanismo de controlo dos F-16 é semelhante aos dos viper de “Battestar Galactica” (1978).
Na filmagem da confrontação final, o helicóptero do vilão teve uma avaria e teve de fazer uma aterragem de emergência.
Uma cena teve de ser retirada do cut final. Durante a perseguição a Kate, esta vê-se encurralada num beco pela Polícia, conseguindo fugir graças a uma acrobacia onde move o carro em duas rodas. No primeiro test screening o público reagiu mal a tal cena, achando-a demasiado inverosímil. Parte da cena surge nalguns trailers.
Cameo de John Badham: o realizador de Televisão, na sala.
Filmado em 1980, mas só estreou em 1983.
O filme estreou como #1 nas bilheteiras americanas e foi bem recebido pela crítica.
O filme é dedicado a Warren Oates. No final surge a mensagem “For Warren Oates, with love for all the joy you gave us“.
Em 1984, a Columbia Pictures (o estúdio produtor de “Blue Thunder”) criou a versão televisiva de “Blue Thunder” (já aqui vista). O conceito é mais light (as aventuras aéreas e terrestres de uma unidade da Polícia de L.A., cuja arma máxima é o… Blue Thunder). Durou apenas uma season de 11 episódios.
Em 1987 saiu o videogame. O jogador assume o papel do piloto do Blue Thunder e procura evitar um atentado terrorista.
Parte do score de “Blue Thunder” seria usado em “Black Moon Rising” (1986). Bubba Smith surge nesse filme, bem como na série televisiva “Blue Thunder”.
Em Maio de 2019, um piloto de helicóptero conseguiu fazer um loop nos céus de Manhattan, a bordo de um Airbus Eurocopter AS350B2.
Em 2015 foi anunciado um remake. Ainda nada se sabe ou avançou.
[…] o sucesso de “Blue Thunder” (o filme de 1983, já aqui visto), viu-se potencial para uma série […]