Caminhos Cruzados (1987)

 

 

Título original – Five Corners

 

Um capaz elenco num capaz drama sobre pessoas e uma época.

 

1964, Bronx, Nova Iorque.

Heinz termina a sua pena de prisão e regressa com o intuito de perseguir Linda, a rapariga que ele tentou violar. Linda tenta proteger-se e pede ajuda a Harry, que se deixou de violência e procura a paz no movimento de Martin Luther King.

Todos se vão cruzar, entre si e com outros personagens, numa série de eventos decisivos para todos.

Crónica do quotidiano de um bairro do Bronx, onde se cruzam pessoas, história, relações, sentimentos e conflitos, tendo como pano de fundo os primeiros activismos pelos Direitos Humanos e Civis.

Fala-se de racismo e amor ao próximo, medo e vontade de ser herói, redenção, culpa e castigo, desespero e liberdade, amor maternal falhado e até índios à solta no Bronx.

Conto de pessoas e eventos que são de uma pureza, naturalidade e plausibilidade tal, que geram uma rápida empatia, identificação e complacência do espectador.

Toda esta simpatia emocional é abalada por uma conseguida omnipresença de violência (latente, reprimida e demonstrada – o momento com o pinguim é de um impacto insustentável).

A par da dimensão humana, ilustra-se bem um pouco da mentalidade sócio-política de uma época e de uma geração.

Há sensibilidade no recurso ao humor, drama, romance e tragédia.

O (belo) argumento de John Patrick Shanley é um exemplo de organização, definição de personagens, criação de empatia, precisão e simplicidade.

Tony Bill foi produtor de Martin Scorsese (“Taxi Driver”) e decidiu ser realizador.

Este é um dos seus mais belos e conseguidos trabalhos, pelo ilustrar humano e urbano, de uma forma simples, natural, sentimental e nostálgica.

Excelente prestação do elenco, com bons actores ainda nos primeiros tempos de carreira.

Tim Robbins e Todd Graff comovem pela sua sensibilidade.

John Turturro domina com um personagem psicótico (atenção ao seu momento com os pinguins e quando está frente à menina que persegue).

Jodie Foster está linda (como sempre) e esplêndida (como sempre), caracterizando muito bem o nervosismo, ansiedade, fragilidade, dor e desespero da sua personagem. E ainda está tão “menina” (ahhh, saudades de “Taxi Driver”…)!!!

Um belíssimo filme, de uma admirável simplicidade e profundidade emotiva, narrativa e artística.

 

“Five Corners” não tem edição portuguesa. Existe noutros mercados, a bom preço.

Realizador: Tony Bill

Argumentista: John Patrick Shanley

Elenco: Jodie Foster, Tim Robbins, Todd Graff, John Turturro

 

Trailer

 

Clips

 

Filme

 

Orçamento – 5.5 milhões de Dólares

Bilheteira – 969.000 Dólares

 

Jodie Foster foi a “Melhor Actriz”, pelos Film Independent Spirit 1989.

John Patrick Shanley baseou-se em experiências e memória das sua infância e adolescência em Nova Iorque.

 

A canção “In My Life” (que se ouve no genérico) é dos The Beatles.

George Harrison é executive producer.

Marisa Tomei fez uma audition para ser a protagonista. Marisa Tomei e Tony Bill trabalhariam juntos em “Untamed Heart” (1993, com Christian Slater).

Jodie Foster interpreta uma vítima de violação. Em 1988 Jodie seria a protagonista do filme “The Accused”, onde interpretaria uma vítima de violação. Ganharia (finalmente) o seu primeiro Oscar.

 

O filme foi um flop de público mas foi muito elogiado pela crítica.

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