Título original – The Card Counter
Paul Schrader, ainda um dos grandes argumentistas modernos (“Taxi Driver”) e outrora um dos mais relevantes realizadores no ramo independente (“Blue Collar”, “Hardcore”), está de volta.
William Tell é um ex-operacional militar e agora jogador.
Mas Tell é um homem atormentado por um passado violento. E muito dele regressa para um ajuste final.
Paul Schrader regressa a personagens perturbados, à solidão humana, a mundos à margem e à violência catártica.
É o retrato de um homem, só e marcado pela violência, a procurar algo num meio fora do convencional, mas consciente que o seu combate final está a chegar.
Em parelelo, é uma história de “educação” de um “sábio” a um catraio que muito precisa de aprender (no meio e na vida).
A vida é um jogo, onde cada um de nós espera pela carta certa ou pode ter azar com a carta errada?
Shrader parece acreditar que sim.
Schrader consegue a devida envolvência humana, social e psicológica, com ritmo lento, o que permite sentir o peso dos eventos, conseguindo momentos bem ilustrativos (os jogos e a dinâmica do casino), poéticos (o passeio à noite, pelas luzes), subtis (o confronto final) e de simbolismo (os bonitos planos finais).
Oscar Isaac e Tye Sheridan entregam grande convicção às suas interpretações.
É o regresso de Paul Schrader ao seu melhor.
“The Card Counter” anda nas nossas salas. Move-se em streaming noutros países.
Realizador: Paul Schrader
Argumentista: Paul Schrader
Elenco: Oscar Isaac, Tiffany Haddish, Tye Sheridan, Willem Dafoe
Site – https://www.focusfeatures.com/the-card-counter/
Bilheteira – 2.6 milhões de Dólares (USA); 3.4 (mundial)
Nomeado para o “Leão de Ouro”, em Veneza 2021. Perdeu para “L’Événement”.
Martin Scorsese é um dos executive producers. Scorsese e Schrader têm um bom curriculum juntos – Schrader escreveu para Scorsese “Taxi Driver”, “Raging Bull”, “The Last Temptation of Christ” e “Bringing Out The Dead”.
Shia LaBeouf ia participar, mas teve de recusar por conflitos de agenda. Nicolas Cage, amigo de Schrader, recomendou Tye Sheridan. Cage e Sheridan tinham trabalhado juntos em “Joe” (2013).
As filmagens tiveram de parar a cinco dias do fim. Tudo porque um dos actores ficou contaminado com Covid-19. Schrader ficou chateado com os produtores.