Título original – The Proud Rebel
Alan Ladd num western sentimental.
John Chandler é um veterano da Guerra Civil Americana e que muito sofreu com ela – a sua esposa foi morta e o filho ficou mudo com o trauma de ter assistido ao evento.
Ao chegar a uma cidade para recomeçar a sua vida, Chandler vê-se envolvido numa nova guerra.
Estamos no campo do Western e num dos seus arquétipos (o veterano de guerra em busca de sossego e fuga à violência), aqui com uma forte carga sentimental (o protagonista é pai e viaja com o filho em busca de uma cura para ele, a relação do menino com o cão, a solidão da senhora e a forma como ganha afecto pelos recém-chegados).
A história é simples e as emoções são universais.
Toda esta carga humana e afectiva comove e faz-nos sentir num outro género.
Mas desengane-se quem pensa que não estamos mesmo numa coboiada.
Há aqui bons e maus, conflito entre ambos e resoluções finais (à lei da bala, como é óbvio).
Podem-se ver semelhanças com “Shane” (1953, também com Alan Ladd, também sobre a relação de um pistoleiro com uma criança, também sobre um homem que que fugir à violência e tem de recorrer a ela), mas há diferenças e o filme distingue-se e tem personalidade.
Michael Curtiz dava para praticamente todos os géneros. O autor de “The Adventures of Robin Hood” também se movia à vontade no Western (“Dodge City”), mesmo que fosse mais melodramático (afinal, é dele esse must do género que é “Casablanca”).
David Ladd entrega muita pureza e emotividade, apenas pelo rosto e olhar.
Alan Ladd é fiel ao seu estilo estóico, mas sentimental.
A cumplicidade entre ambos é excelente.
Olivia de Havilland é sempre uma Senhora.
King, o cãozinho, é um mimo de dedicação ao menino e empenho como pastor das ovelhas.
Um western bem sentimental.
“The Proud Rebel” não tem edição portuguesa. Existe noutros mercados, a bom preço.
Realizador: Michael Curtiz
Argumentistas: Joseph Petracca, Lillie Hayward, a partir do conto de James Edward Grant (“Journal of Linnett Moore”)
Elenco: Alan Ladd, Olivia de Havilland, David Ladd, Dean Jagger, Cecil Kellaway, Harry Dean Stanton, James Westerfield, Henry Hull, Tom Pittman,
Eli Mintz, John Carradine, Mary Wickes, Percy Helton
Filme
Orçamento – 1.6 milhões de Dólares
David Ladd ganhou um prémio especial nos Globos de Ouro 1959. David ainda esteve nomeado para “Melhor Actor Secundário” (perdeu para Burl Ives em “The Big Country”) e “Melhor Promessa – Masculino” (perdeu para Efrem Zimbalist Jr. em “Too Much, Too Soon”).
Samuel Goldwyn comprou direitos do conto de James Edward Grant. Deu-os ao seu filho, Samuel Goldwyn Jr., que adorou a história.
Goldwyn Jr. arranjou dinheiro por empréstimo bancário, com o pai a ser o fiador. Goldwyn Jr. só conseguiu 1.2 milhões de Dólares, com o pai a financiar o resto.
David Ladd é filho de Alan Ladd – no filme e na vida real.
David já tinha trabalhado com o pai em “The Big Land” (1957).
Adolphe Menjou ia participar, mas depois teve de abandonar o projecto devido a um ferimento numa perna.
Dean Jagger e Mary Wickes reencontram-se depois de “White Christmas” (1954).
Segundo Olivia De Havilland, Alan Ladd estava receoso em participar no filme devido à reputação que Michael Curtiz tinha de ser duro com os actores.
O cão chama-se King e era um cão-pastor bem experimentado e premiado (e isso vê-se num par de cenas fulcrais).
As filmagens pararam por uns dias, devido a Michael Curtiz ter de ser tratado a uma apendicite.
O filme teria um remake indiano – “Door Gagan Ki Chhaon Mein” (1964), de Kishore Kumar.