Título original – Ghostbusters: Afterlife
“Ghostbusters” (1984) é já um clássico. Inteligente combinação de comédia e terror, o filme foi um enorme sucesso (que surpreendeu muita gente por ser um dos maiores do Verão desse ano).
Teve sequela (em 1989, menos fresca e dinâmica, mas divertida).
Houve promessa de “Ghostbusters III”. Demorou, mas aqui está ela.
Uma mãe solteira e os seus dois filhos chegam a uma pequena povoação.
Na casa onde residem, descobrem um mistério deixado por um dos Ghostbusters.
É um verdadeiro “Stranger Things” em espírito “Ghostbusters”.
Com um inteligente argumento, pleno de emoção, humor, terror e riqueza humana, temos algo de drama sobre fantasmas (desde as ditas “almas penadas” até às memórias que não nos largam e à omnipresença de quem nos deixou e não esquecemos ou queremos conhecer/descobrir), a dinâmica juvenil de descobrir mundo e viver peripécias (a forma como os dois irmãos vivem a descoberta daquela “pasmaceira”), a tensão familiar (a adolescência dos filhos, a falta de dinheiro e soluções de uma mãe) e, claro, um conjunto de peripécias divertidas e assustadoras sobre caça a fantasmas (as primeiras tentativas, a descoberta da verdade na casa e na mina).
Tudo resulta, tudo está equilibrado e nas doses certas.
É um ghostbuster movie diferente dos outros, que procura ser sequela e reboot.
Mas tem todo o sabor de um ghostbuster movie, pelo tom simples, divertido e humano.
Os fãs de “Ghostbusters” (o de 1984, como é óbvio) não vão parar de sorrir. Ao longo de todo o filme não param de surgir (ora subtis, ora bem explícitas) referências ao filme original. Tal requer mesmo uma (re)visão recente do título clássico, para que as referências em causa estejam na memória.
E que alegria é ao vermos de regresso os veteranos da saga. Mais velhinhos, sim, mas ainda com vitalidade, dinâmica e humor.
E tão bem se gera a expectativa do seu regresso, do porquê, do como e do quando.
E até temos um novo e adorável fantasminha, perfeitamente capaz de pegar no legado do querido Slimer.
Nestes tempos cinematográficos altamente digitais, sabe bem vermos um blockbuster com um certo sabor old school nos efeitos visuais. Estão lá CGI, sim, mas ainda se vêm “restos” de optical effects e practical effects.
A música é agradável, mas (como é óbvio) não alcança o poder do score de Elmer Bernstein para o filme original (na verdade, ninguém o conseguirá – Elmer compôs um score tão emblemático como o que criou para “The Magnificent Seven”, sendo um dos melhores do Cinema). E quanto é maravilhoso, a momentos, ouvirem-se certas alusões sonoras a vários temas de Bernstein.
Atenção ao final – já desde “E.T.” e “Terminator 2” que um blockbuster não provocava tantas lágrimas na despedida.
E deixem-se estar no genérico final. Há uma cena extra, com o feliz e divertido regresso de uma personagem relevante na saga (julgavam mesmo que ela tinha sido esquecida?).
Jason Reitman é filho de Ivan Reitman (o papá da saga).
Jason tem mostrado saber mover-se no humor (ainda que sobre coisas sérias – “Juno”) e pelo melodrama (“Young Adult”, “Labor Day”).
Aqui volta a andar pela diversão e seriedade, numa combinação muito equilibrada e sensível, plena de nostalgia, olhar no presente e futuro, atenção aos personagens, emoções e actores, sem negligenciar alguns momentos de susto.
E mostra, constantemente, o seu amor ao filme do pai.
O trabalho dos actores é puro ouro.
Mas merecem destaque Carrie Coon (actriz de incrível beleza, muita segurança na prestação, que merece atento acompanhamento) e Mckenna Grace (este prodígio de menina domina o filme com a sua naturalidade nerd e vai ser mesmo uma actriz com um belo futuro).
“Ghostbusters: Afterlife” resolve o que estava pendente na equipa original e deixa tudo em aberto para um promissor futuro para esta nova geração de Ghostbsters.
Por isso, é de esperar sequela(s).
É a sequela que a saga (e os fãs e os Ghostbusters originais) merece(m).
Plena de coração, humor e emoção, sem esquecer uns sustos, capaz de captar o espírito do filme original e tecer novos rumos.
Todo o filme (na narrativa e como filme) é um perfeito atestado do legado que “Ghostbusters” (1984) deixa (no género, no Cinema, nos fãs).
E é uma sentida homenagem a Harold Ramis (que muita falta e saudade deixa na saga e na comédia).
Uma maravilha.
“Ghostbusters: Afterlife” já assusta as nossas salas.
Realizador: Jason Reitman
Argumentistas: Gil Kenan, Jason Reitman, a partir dos personagens criados por Dan Aykroyd & Harold Ramis
Elenco: Carrie Coon, Finn Wolfhard, Mckenna Grace, Paul Rudd, Logan Kim, Celeste O’Connor, Bill Murray, Dan Aykroyd, Ernie Hudson, Annie Potts, Sigourney Weaver, J.K. Simmons
Site – https://www.ghostbusters.com
Orçamento – 75 milhões de Dólares
Bilheteira (até agora) – 87 milhões de Dólares (USA); 115 (mundial)
“Ghostbusters” teve um remake (feminino) em 2016. As coisas não correram bem junto dos fãs do original, pelo que se cancelou qualquer projecto para sequela(s).
“Ghostbusters: Afterlife” é sequela a “Ghostbusters” (1984) e “Ghostbusters II” (1989), conseguindo-se assim o projecto há muito desejado de “Ghostbusters III”.
Jason Reitman é filho de Ivan Reitman, o realizador dos dois filmes iniciais.
Jason tem uma pequena participação em “Ghostbusters II” – é o catraio que diz a Ray (Dan Aykroyd) que, segundo o pai, os Ghostbusters são “full of crap“.
O filme foi desenvolvido em grande secretismo. Muitos dos actores iam às auditions sem saber para que filme.
Quase todo o cast original está de regresso. A excepção é Harold Ramis (um dos criadores da saga), falecido em 2014. Mas tenham atenção à forma como ele está presente.
Bill Murray hesitou em participar, mas adorou o argumento e logo disse Sim.
“Rust City” – era o working title.
Segundo Dan Aykroyd, há muito uso de practical effects, seguindo assim a (boa) tradição dos episódios anteriores.
O argumento usa vários elementos narrativos conhecidos dos dois episódios anteriores.
Mckenna Grace usa uns óculos com o mesmo formato dos usados por Harold Ramis nos dois filmes anteriores.
A cadeira com a arma Ecto-1 era usada na série animada que derivou dos filmes, mas nunca tinha sido usada nos filmes.
É o primeiro filme da saga que se passa fora de Nova Iorque.
O filme ia estrear em Julho de 2020, mas viu a sua estreia adiada por causa da pandemia Covid-19.
Quando Ivan Reitman viu o filme, chorou de comoção. Ivan viu o filme num screening privado, organizado para ele, na companhia do filho Jason.