Título original – Halloween Kills
“Halloween” (1978) é um ícone máximo do Cinema, inovou no Teen Slasher e é um momento alto na carreira de John Carpenter.
Teve várias sequelas (oito), remake (também com sequela – ambos inferiores ao original, como é óbvio). Algumas sequelas ignoraram as sequelas anteriores (“Halloween: H20”, o recente “Halloween” que este “Halloween Kills” continua).
Em 2018 veio “Halloween”, que continuava a saga directamente a partir de “Halloween” (1978).
Prometeu-se trilogia e cá vem a segunda parte.
Estamos nos minutos seguintes ao final de “Halloween” (o de 2018). Michael Myers arde nas chamas da casa de Laurie Strode. Laurie, a filha Karen e a neta Allyson julgam estar a salvo.
Mas Michael consegue fugir e volta a espalhar uma onda de morte e terror.
Enquanto Laurie se prepara para um duelo com o seu eterno perseguidor, toda a povoação de Haddonfield entra na luta.
“Halloween II” (1981) foi há 40 anos.
Quis o destino que “Halloween Kills” chegasse… 40 anos depois.
E não é por acaso que chamo cá a primeira sequela do clássico de John Carpenter.
É que “Halloween Kills” rima com esse filme nalgumas coisas.
Também estamos nos minutos imediatamente seguintes aos do filme anterior, também estamos num hospital (repetindo-se assim a proeza do filme anterior – saber fazer, e bem, referências a momentos da saga nos episódios anteriores) e Michael anda à solta.
Mas há variantes e adendas que tornam este “Halloween Kills” mais rico.
É que desta vez saímos (ligeiramente) do duelo de Laurie (e filha e neta) contra Michael e investe-se na reacção da comunidade face a Michael.
E assim sendo, estamos perante um (óptimo) exercício no campo do terror, agora aliado à sensação e ilustração de paranóia.
E tal resulta muito bem.
Não só ilustra (mostrando assim o poder de Michael por um outro ângulo nunca explorado) a forma como é tão fácil (auto-)destruir o ser humano pelo suscitar de medo (e John Carpenter já tinha um “documentário” sobre tal em “The Thing”), como até se torna uma reflexão sobre os dias de hoje (não será Michael tão letal como o “vírus chinês”? não será a sociedade, incluindo autoridades, tão paranóica, incompetente e incapaz perante o Mal, seja qual for a sua forma?).
Por outro lado abordam-se novos eventos na noite de 1978 (a do filme original), vistos por outros personagens, o que mostra o bom potencial humano que aqui existe.
Desta forma, “Halloween Kills” segue a regra de “Halloween” (o de 2018), fazendo com que seja um filme de terror sobre pessoas e como tal as afecta.
John Carpenter (e a sua troupe) voltam a criar um score de bom nível, bem creepy e atmosférico.
Bom trabalho do elenco (que tanto traz malta do “Halloween” anterior, como do “Halloween” original).
Só se lamenta a forma como se despacham alguns veteranos da saga.
David Gordon Green volta a mostrar o talento que revelou no filme anterior, criando bom ritmo e atmosfera, sendo bem criativo nas matanças.
Tal como acontece no referido “Halloween II”, e por contraste com “Halloween“ (o de Green e o de Carpenter – ambos praticamente isentos de sangue), Green aposta num gore mais visível e aberto.
E em tempos de (um irritante) politicamente correcto, elogia-se (e agradece-se) ver-se Michael sem complacências na hora de despachar negros e gays (que são até as matanças mais divertidas – e assim ser-se “politicamente incorrecto”).
Atenção ao “triplo final” (surpresa e choque garantidos).
A “Halloween Kills” corro o risco de fazer o mesmo elogio que fiz ao “Halloween” anterior – A Melhor das Sequelas a “Halloween” (sim, o de Carpenter, claro).
“Halloween Kills” já assusta as nossas salas. Também gera sustos em streaming, mas noutros países.
Realizador: David Gordon Green
Argumentistas: Scott Teems, Danny McBride, David Gordon Green, a partir dos personagens criados por John Carpenter & Debra Hill
Elenco: Jamie Lee Curtis, Judy Greer, Andi Matichak, James Jude Courtney, Nick Castle, Airon Armstrong, Will Patton, Thomas Mann, Anthony Michael Hall, Charles Cyphers, Kyle Richards, Nancy Stephens
Site – https://www.halloweenmovie.com/
Orçamento – 20 milhões de Dólares
Bilheteira (até agora) – 76 milhões de Dólares (USA); 93 (mundial)
Tal como em “Haloween” (2018), John Carpenter e Jamie Lee Curtis são executive producers.
Música de John Carpenter, Cody Carpenter (filho de John) e Daniel A. Davies.
Jamie Lee Curtis participa na saga pela sexta vez (“Halloween”, “Halloween II”, “Halloween: H20”, “Halloween: Resurrection” e “Halloween”). Jamie ultrapassa assim o recorde de Donald Pleasence (5 filmes – “Halloween”, “Halloween II”, “Halloween 4”, “Halloween 5”, “Halloween 6”). Mesmo assim, há uma surpresa com “Donald” (atenção às cenas passadas em 1978).
Nick Castle (amigo de longa data de John Carpenter) volta a ser Michael Myers (tinha sido em “Halloween” e em … “Halloween”).
Kyle Richards regressa à saga (e veja-se como se tornou numa bonita mulher) como Lindsey Wallace. Kyle tinha participado em “Halloween” (1978) – era uma das crianças a cuidado de Laurie.
Anthony Michael Hall interpreta Tommy Doyle (uma das crianças do “Halloween” original – a outra a cargo de Laurie). Paul Rudd tinha-o interpretado em “Halloween 6” e foi chamado para regressar. Rudd queria, mas estava ocupado com “Ghostbusters: Afterlife”.
James Jude Courtney volta ser Michael Myers, depois de “Halloween” (2018).
Nancy Stephens (a enfermeira Marion Chambers – vista em “Halloween”, “Halloween II” e “Halloween: H20”) está de volta à saga.
Jamie Lee Curtis, Charles Cyphers, Kyle Richards, Nancy Stephens, e Nick Castle – são os únicos membros do cast que regressam do “Halloween” original.
Filmado na Carolina do Sul, na povoação de Charleston.
As máscaras dos três cadáveres no carrossel são iguais às criadas pela Silver Shamrock em “Halloween III: Season of the Witch”.
É o 10º filme da saga (o remake e a sequela são à margem), mas nem todos os episódios são contínuos (“Halloween III” é um episódio autónomo e fora do contexto narrativo habitual, os episódios 4, 5 e 6 são ignorados em “Halloween: H20”, o recente “Halloween” ignora todas as sequelas ao “Halloween” original).
O filme ia estrear em Outubro de 2020, com “Halloween Ends” planeado para Outubro de 2021. Devido à pandemia Covid-19, tudo foi alterado um ano à frente.
“Halloween is Canceled” – é uma curta-metragem assinada por Andrew Kasch, que mostra tal celebração em tempos de pandemia Covid-19 – Michael Myers regressa a Haddonfield (em Outubro de 2020), mas não há gente nas ruas (estão todos em confinamento).
Tudo terminará com “Halloween Ends”, a estrear em 19 de Outubro de 2022.