Título original – The Woman in the Window
Amy Adams vê-se em sarilhos ao espreitar pela janela.
Anna Fox vive sozinha em casa, a recuperar de uma depressão.
Ver o quotidiano da vizinhança pela janela é uma forma de passar o tempo.
Um dia, Anna vê a sua vizinha (com quem já tinha convivido dias antes) a ser assassinada.
Mas ninguém acredita nela e a dita falecida aparece.
Qual a verdade?
A ligação a Hitchcock e ao seu maravilhoso “Rear Window” é imediata (aliás o filme começa logo com esse clássico a ser visto no televisor da protagonista, com outros filmes do Master of Suspense a serem alvo de visionamento pela senhora).
É a história de alguém “preso” na sua casa, a passar algo do seu quotidiano a observar a vizinhança e a ter a sensação/certeza que assistiu a um crime, mas com todas as provas a apontar ao contrário.
O facto de ter como protagonista uma mulher com distúrbios mentais, leva todos (espectador incluído) a considerar que tudo é uma alucinação da senhora.
E é esse o problema 1 da narrativa – rapidamente percebemos que muito do que a senhora vê e ouve no seu dia-a-dia é tudo dentro da sua cabeça.
E ainda há o problema 2 (talvez o mais grave) – a explicação muito tosca para tudo.
Felizmente que o filme até consegue captar a atenção do espectador, muito graças à ágil, dinâmica, elegante e estilizada realização de Joe Wright.
Mas este é um caso de estilo (visual) sobre substância (narrativa) e isso não é suficiente para um filme “redondinho”.
Nota bem alta para a fotografia (do grande Bruno Delbonnel), com uma gama de cores (os vermelhos, os amarelos) que evocam o Giallo, fazendo do filme um simpático exercício de estilo cinéfilo.
Há bom nomes no elenco, mas estão quase todos desaproveitados, limitando-se a “cameos”.
Elogios a Amy Adams, que caracteriza bem a insanidade e stress da sua personagem.
Um suspense thriller com algo de cinéfilo (e pastiche de Hitchcock), mas que falha nos elementos narrativos, dando só valor às qualidades técnico-visuais.
Vê-se muito bem.
“The Woman in the Window” está disponível via Netflix.
Realizador: Joe Wright
Argumentista: Tracy Letts, a partir do romance de A.J. Finn
Elenco: Amy Adams, Gary Oldman, Fred Hechinger, Julianne Moore, Jennifer Jason Leigh, Wyatt Russell, Brian Tyree Henry, Jeanine Serralles, Anthony Mackie
Site – https://www.netflix.com/pt/title/81092222
O livro de A.J. Finn é de 2016 e foi um grande sucesso de vendas.
Reencontro entre Gary Oldman e Joe Wright, depois de “Darkest Hour” (2017, que valeu o Oscar a Oldman).
Reencontro entre Gary Oldman e Julianne Moore, depois de “Hannibal” (2001).
Reencontro entre Julianne Moore e Jennifer Jason Leigh, depois de “Short Cuts” (1993).
Pela primeira vez, Tracy Letts escreve um argumento oriundo de outra fonte que não ele.
Ia estrear em Julho de 2019, mas os primeiros test screenings deixaram má impressão no público. Reshoots foram necessários.
Atticus Ross e Trent Reznor iam compor a música. Mas com os reshoots, eles saíram de cena e Danny Elfman foi chamado.
Vários clássicos do suspense e do noir são vistos no televisor da protagonista – “Rear Window”, “Laura”, “Spellbound”, “Dark Passage”.
É o último filme da Fox 2000. O estúdio agora pertence à Disney.
Sobre A.J. Finn
https://www.goodreads.com/author/show/7992137.A_J_Finn
https://www.bertrand.pt/autor/a-j-finn/3891028
https://www.fnac.pt/ia700320/A-J-Finn
https://www.presenca.pt/blogs/autores/a-j-finn