Título original – On Her Majesty’s Secret Service
Começou por ser o mais mal-amado filme da saga “James Bond”.
O tempo transformou-o num dos mais bem-amados.
Porque será?
George Lazenby substitui Sean Connery.
(não, não é essa a razão – principal, pelo menos)
James Bond parte no encalço de Ernst Stavro Blofeld (conheceram-se no filme anterior – “You Only Live Twice”, em 1967).
Bond descobre um plano maquiavélico que ameaça o mundo e há que evitar tal.
Mas Bond tem de salvar também a Condessa Teresa “Tracy” Vicenzo, uma menina rica e mimada, que anda em comportamento de riscos e até suicidas.
Bond ganha (enorme) afecto pela menina e tem de decidir para quem vai o seu serviço – ao de Sua Majestade ou ao do seu coração?
Sean Connery tinha terminado o seu contrato de 5 filmes como James Bond – “Dr. No” (1962), “From Russia With Love” (1963), “Goldfinger” (1964), “Thunderball” (1965) e “You Only Live Twice” (1967).
Cansado das extravagãncias e delírios visuais e narrativos que a saga estava a levar (o seu último filme tinha satélites a serem “engolidos” no Espaço, falsos vulcões que eram bases terroristas, cenários, peripécias e conspirações dignas de sci-fi), Connery decidiu pôr um fim à sua participação (também circulou o boato que Connery viu sempre o seu salário constante e pediu um aumento adequado à popularidade e sucesso dos filmes).
O novo filme trazia mudanças.
De tom e de actor.
“On Her Majesty’s Secret Service” procura ser fiel ao romance homónimo de Ian Fleming (que muitos consideram como o seu melhor) e ser um back to the basics por parte de James Bond, devolvendo-o à seriedade de spy thriller que marcou o início da saga – “Dr. No” e “From Russia With Love” (este foi sempre o favorito de Connery).
“On Her Majesty’s Secret Service” não investe em sets futuristas (embora os cenários sejam muito vistosos), acção desmesurada (mas há boa e bem elaborada) e foge a gadgets (há um – prático, lógico, plausível e útil).
“On Her Majesty’s Secret Service” só encontra paralelo na saga em mais dois filmes – “Licence to Kill” (1989, o segundo e último com Timothy Dalton) e “Casino Royale” (2006, o primeiro com Daniel Craig). Cada um espaça-se do anterior quase em 20 anos.
Com “On Her Majesty’s Secret Service” estamos perante uma visão mais séria, profunda, psicológica e emotiva de 007, do que aquilo que se estava a ser habituado (e que habituariam).
Aqui, Bond tem dúvidas, tem emoções e sentimentos, pondera mudar de vida, apaixona-se mesmo (tal como acontece em “Casino Royale” – em cinema é posterior, mas na literatura é anterior a “On Her Majesty’s Secret Service”), casa e até se manisfesta rebelde face ao MI6 (algo que só aconteceria em “Licence to Kill” e depois em “Quantum of Solace” – 2009, o segundo com Craig).
O tom é mais sério e credível, seguindo a linha dos bons spy thrillers da época e que a saga 007 tinha ajudado a edificar.
Bond só conta com a sua astúcia e skills.
Bond até tem comportamento atípico – recusa, inicialmente, o favor sexual da Condessa e até a esbofeteia.
O final é dramático e trágico – drama e tragédia só aconteceriam nos já referidos “Licence to Kill” e “Casino Royale”.
Mas não se pense que esta aventura de James Bond é (só) melodrama.
Na boa tradição da saga, há muitas Bond-Girls (as meninas operacionais no covil de Blofeld), uma enorme ameaça ao mundo (o plano de Blofeld), boas paisagens (Suiça e Portugal), bons carros (Bond volta a conduzir um Aston Martin) e, claro, incrível acção.
“On Her Majesty’s Secret Service” destaca-se tanto pela seriedade e emotividade como pela execução das cenas de acção.
Em termos de montagem, nas cenas de luta, o filme antecipa o que faria escola na saga “Jason Bourne” (que “Quantum of Solace” tanto imitaria) – crispada, rápida, alternando planos distantes e close-shots, mergulhando o espectador no meio da confrontação, ilustrando bem a violência dela.
As action scenes são muito credíveis (as lutas, as perseguições).
Mas o filme inaugura um modelo de cena de acção que seria depois “moda”, dentro da saga e no género – a perseguição na neve.
A fase Sean Connery nunca a teve, Roger Moore teria por três vezes (“The Spy Who Loved Me” em 1977, “For Your Eyes Only” em 1981 , “A View to a Kill” em 1985), Timothy Dalton faria uma vez (“The Living Daylights” em 1987), Pierce Brosnan teria duas situações (“The World is Not Enough” em 1999, “Die Another Day” em 2002), com Daniel Craig ainda a ficar-se por uma (“Spectre” em 2015).
Uma cena incrível que combina perseguição em ski, tiroteios, perseguição em veículos e acrobacias.
O entusiasmo é tal, que o filme contempla três perseguições na neve. Todas incríveis, sendo uma injecção de adrenalina no espectador.
O filme também inaugura outra cena de acção habitual na saga – a perseguição automóvel, plena de destruição de outros carros, onde o humor domina. Tal modelo de cena seria constante ao longo de toda a saga (e faria escola no cinema de acção ao longo dos 70s e 80s), com mais seriedade ou mais diversão.
No meio de tudo, o filme nunca desliga o que pretende desde o início – redefinir a saga, regressar James Bond às origens, fazer de Bond um homem “normal” (ainda que com capacidades heróicas) e com sentimentos.
Excelente prólogo, brilhante apresentação/antecipação de James Bond (só o vemos em silhueta ou pequenas partes do rosto), visualização total no momento oportuno, Bond a mostrar uma capacidade de luta que faria injeva a Steven Seagal ou a Jason Bourne, com a famosa line “My name is Bond, James Bond” a ser certeira no timing. Para rematar, auto-paródia (“this never happened to the other fellow”).
Um dos melhores prólogos da saga.
Excelente genérico (como sempre acontece na saga), onde se revisitam alguns momentos dos filmes anteriores.
Com alguma nostalgia, o filme revê alguns dos gadgets dos filmes anteriores (o momento em que Bond está no seu gabinete).
As conversas sentimentais entre Bond e Tracy são convincentes e profundas – tal só se repetiria em “Casino Royale”.
John Barry (o criador do inconfundível main score de James Bond) já dava música à saga desde o início. Aqui compõe um belíssimo score (um dos melhores da saga e da sua prestigiada carreira) – cheio de romantismo e emoção, mas não isento de traduzir perigo e acção.
A canção (que só se ouve num momento do filme) é lindíssima e transmite bem o (forte) carácter emocional e sentimental do filme. Louis Armstrong dá-lhe voz. É uma das melhores canções da saga.
Peter R. Hunt já era um veterano da saga (assinou a montagem de vários filmes anteriores) e aqui mostra o seu jeito para o género.
Filma bem acção, mas nunca desliga o lado humano e emotivo da narrativa.
Telly Savalas é perfeito como Blofeld, sabendo dar ironia e malvadez, compondo um dos (três) melhores vilões da saga – acima dele só Gert Fröbe (o Goldfinger em “Goldfinger”) e Robert Davi (o Franz Sanchez em “Licence to Kill”).
Ilse Steppat é assustadora como Irma Bunt, recordando outra magnífica henchwoman da saga – a Rosa Klebb (aquela que tinha sapatos “afiados”) de “From Russia With Love”.
Diana Rigg já tinha bom estatuto como a intrépida Mrs. Emma Peel na popular série “The Avengers” (de onde veio também Honor Blackman, a incrível Pussy Galore de “Goldfinger”).
Rigg é magnífica como Tracy, criando uma mulher rebelde e mimada, dedicada e aguerrida.
É uma das (três) melhores Bond-Women da saga – melhor só Eva Green (a Vesper Lynd em “Casino Royale”) e Honor Blackman. E parece um sonho quando tira o gorro no estábulo.
George Lazenby!!!
Era sobre ele que caíam as atenções. Era ele o novo James Bond 007. Pós Sean Connery. Grande e pesada responsabilidade, portanto.
Pois bem, Lazenby é daqueles casos que inicialmente se estranha e depois se entranha.
Não aguenta a comparação com Sean Connery (ainda e sempre, o melhor James Bond), pode não ter o carisma necessário para 007 ou para movie star.
Mas não se pode negar que Lazenby sai-se bem como action hero e consegue fazer de Bond uma pessoa normal. É certo que nalguns momentos falta-lhe a tarimba necessária para dar mais ênfase ao dramatismo necessário (o actor só tinha experiência em spots publicitários e numa série televisiva), mas consegue dar conta do recado, criando um James Bond muito credível, real e capaz de gerar complacência e identificação com o comum dos mortais.
Víssemos “On Her Majesty’s Secret Service” como um spy thriller isolado e talvez não hesitássemos a considerar a sua interpretação como bastante conseguida.
Felizmente que o filme tem tido a devida (re)valorização com a passagem do tempo.
Merece.
É um dos melhores argumentos da saga, só sendo superado por “Casino Royale”.
E aquele final!!!
Pela primeira vez na saga (a segunda só seria com… “Casino Royale”), o espectador comove-se e chora com Bond (sim, porque aqui James Bond chora e tal só voltaria a acontecer em… “Casino Royale”).
Em termos de argumento, realismo, dramatismo e emotividade, sem esquecer o lado do espectáculo, entretenimento e estonteante acção, estamos perante um perfeito James Bond film e um perfeito spy thriller.
Um clássico.
Sempre digno de (re)descoberta e (re)valorização.
Obrigatório.
“On Her Majesty’s Secret Service” tem edição portuguesa e anda a bom preço.
Realizador: Peter R. Hunt
Argumentistas: Richard Maibaum, Simon Raven, a partir do personagem e romance criados por Ian Fleming
Elenco: George Lazenby, Diana Rigg, Telly Savalas, Gabriele Ferzetti, Ilse Steppat, George Baker, Bernard Lee, Desmond Llewelyn, Lois Maxwell, Bernard Horsfall
Trailer
Genérico
Clips
George Lazenby sobre o filme:
Diana Rigg sobre o filme:
Site – http://www.007.com
Orçamento – 7 milhões de Dólares
Bilheteira – 23 milhões de Dólares (USA); 82 (mundial)
George Lazenby esteve nomeado para “Estreante Mais Promissor – Homem”, nos Globos de Ouro 1970. Perdeu para Jon Voight em “Midnight Cowboy”.
“Melhor Colecção DVD” (James Bond), nos Saturn 2007.
Na saga literária, “On Her Majesty`s Secret Service” fica no meio da trilogia que Fleming dedicou ao confronto entre Bond e Blofeld. “Thunderball” é o primeiro, “You Only Live Twice” era o livro final e mostrava Bond a ir à caça de Blofeld para vingar a morte de Tracy. “You Only Live Twice” (1967) acabou por ser o filme anterior a “On Her Majesty`s Secret Service” (1969).
“The Man with the Golden Gun” seria o episódio a ser produzido, com filmagens no Cambodia. Mas problemas políticos no país obrigaram a adiar a produção deste título.
“On Her Majesty`s Secret Service” iria ser o quarto filme da saga. Mas “Thunderball” (1965) avançou.
Peter R. Hunt queria realizar “You Only Live Twice” (o realizador seria Lewis Gilbert – que regressaria só na fase Roger Moore, com “The Spy Who Loved Me” em 1977, “Moonraker” em 1979). Albert R. Broccoli (um dos produtores) e Gilbert convidaram Hunt para ser o second unit director nesse filme e prometeram-lhe que realizaria o filme seguinte.
Hunt já tinha editado vários filmes da saga. Aqui a edição e função de second unit director cai sobre John Glen, que depois realizaria vários filmes da saga – “For Your Eyes Only” (1981), “Octopussy” (1983) e “A View To A Kill” (1985) – todos com Roger Moore; “The Living Daylights” (1987) e “Licence to Kill” (1989) – ambos com Timothy Dalton.
Sean Connery foi tentado com um salário de 1 milhão de Dólares, mas recusou. Aceitaria esse valor para regressar no filme seguinte, “Diamonds Are Forever” (1971), por acaso um dos mais ridículos da saga.
Adam West, amigo de Broccoli e rosto popular na Televisão da época (era o Batman), foi convidado para ser James Bond. West recusou pois achava que Bond deveria ser interpretado por um actor inglês.
Oliver Reed chegou a ser candidato a James Bond. Broccoli achou que não haveria tempo e dinheiro para mudar a imagem de Reed convertê-lo em Bond.
George Baker era amigo (e vizinho) de Ian Fleming. Este chegou a propor Baker como James Bond. Baker concretizou (ligeiramente) o seu sonho ao dar voz a 007 nas cenas em que Bond se passa por Sir Hilary Bray (que era interpretado noutras cenas por Baker).
Broccoli sondou Jeremy Brett como James Bond, depois de o ver em “My Fair Lady” (1964). Brett recusou (mais tarde, seria popular como Sherlock Holmes, numa série televisiva que o marcaria como o melhor Sherlock Holmes de sempre).
Roger Moore foi sondado, mas o actor não pôde aceitar pois ainda tinha contrato para mais uma Season de “The Saint”. Moore seria James Bond a partir de 1973, em 7 filmes – “Live And Let Die” (1973), “The Man With The Golden Gun” (1975), “The Spy Who Loved Me” (1977), “Moonraker” (1979), “For Your Eyes Only” (1981), “Octopussy” (1983) e “A View To A Kill” (1985).
Timothy Dalton foi convidado a ser James Bond. O actor recusou por se achar muito jovem para tal (tinha 22 anos). Dalton seria Bond depois de Roger Moore, em dois filmes – “The Living Daylights” em 1987, “Licence to Kill” em 1989.
George Lazenby chamou as atenções sobre os produtores devidos a uns spots televisivos onde o actor tinha visual adequado a James Bond.
Lazenby chegou a ir a um alfaiate e a um barbeiro, no sentido de estar parecido com Sean Connery nas auditions face aos produtores.
Um dos testes a Lazenby passava por ver a sua destreza em cenas de acção. Durante uma luta, Lazenby levou a coisa a sério e chegou a partir o nariz a um stuntman. Os produtores ficaram convencidos.
Lazenby venceu a concorrência de Adam West, Bob Campbell, Anthony Rogers, Hans De Vries, Jeremy Brett, John Richardson e Roy Thinnes.
Diana Rigg venceu a concorrência de Brigitte Bardot, Jacqueline Bisset e Catherine Deneuve. BB era a escolha de Hunt.
Donald Pleasence (que tinha sido Blofeld em “You Only Live Twice”) foi substituído por Telly Savalas, pois Broccoli e Hunt achavam que Pleasence não conseguiria estar apto para as exigências físicas do filme.
Gabriele Ferzetti foi escolhido depois de ter causado sensação em “A Ciascuno Il Suo” (1967). O forte sotaque italiano levou-o a ser dobrado por David de Keyser.
O argumento previa uma cena onde se mostrava Bond a mudar de rosto, graças a uma cirurgia plástica. Tal explicaria o novo rosto e o facto de Blofeld não reconhecer Bond (dado que já se tinham visto em “You Only Live Twice”, o episódio anterior).
Harry Saltzman (um dos produtores) sugeriu a linha Maginot como o covil de Blofeld. Hunt não ficou convencido e preferiu Piz Gloria.
Iria haver uma perseguição a pé – Bond perseguia um homem de Blofeld, que assistiu à sua reunião com Sir Hilary Bray; a perseguição seria pelos telhados de Londres (algo parecido seria feito em “Quantum of Solace” – 2009, o segundo filme com Daniel Craig -, quando Bond persegue um assassino pelos telhados de Siena) e Bond mataria o inimigo à porrada. Devido a pormenores de logísticas e atrasos, a cena ficou de fora.
Lazenby sugeriu uma cena onde Bond salta de um penhasco, depois de uma fuga em ski e abre um paraquedas. A ideia foi recusada por falta de recursos. Mas seria realizada em 1977, na cena de abertura de “The Spy Who Loved Me” (o terceiro filme filme com Roger Moore).
O final iria ser mais feliz (Bond e Tracy pela estrada fora). A morte dela só iria ocorrer no início de “Diamonds Are Forever”. A ideia foi ignorada quando se soube que Lazenby não queria fazer mais um filme (ele comunicou tal ainda durante as filmagens).
Simon Raven escreveu os diálogos entre Tracy e Blofeld.
Ferzetti só tinha mais 13 anos que Rigg, apesar de interpretar o seu pai.
Primeiro filme inglês de Ilse Steppat. Curiosamente, seria o seu último filme – a actriz faleceria dias depois da estreia.
Hunt procurou fazer um filme totalmente diferente do que já se tinha visto na saga, procurando também que o filme fosse muito pessoal.
Lazenby procurou fazer todas as stunts, mas o estúdio não o deixou. Lazenby fez várias delas e ainda se aleijou ao partir um braço, o que originou uma pausa nas filmagens.
Lazenby disse que só recebia instruções do realizador através do assistant director. Pelos vistos, Hunt pediu a todos os elementos da crew para terem distanciamento do actor – Hunt achava que tal ajudaria Lazenby a sentir-se sozinho e a incorporar 007.
Willy Bogner executou as cenas na neve, dobrando Lazenby. Bogner seria frequente na saga pelas suas capacidades e ideias de filmar (esquiava enquanto filmava – ora com a câmara na mão, ora com ela entre as pernas).
Hunt andava no set sempre com uma cópia do livro homónimo de Fleming.
Portugal foi eleito pois os locais escolhidos em França (era a opção inicial) não eram fotogénicos, segundo Saltzman. As filmagens em Portugal foram na praia do Guincho, Cascais, Lisboa e a ponte Salazar.
No livro, Bond conhece Tracy no Casino Royale, durante a visita anual de Bond ao túmulo de Vesper Lynd.
A cena onde Bond encontra Tracy à sua espera no quarto de hotel é frequentemente usada nas auditions para actores que são candidatos a James Bond.
A fotografia da mãe de Tracy é da mãe de Rigg (que interpreta Tracy).
Num determinado momento, Bond lê a revista “Playboy”. O livro de Fleming tinha sido editado em capítulos nessa revista.
Na cena da chegada de Bond a Piz Gloria, Lazenby está sem mobilidade nesse braço (por isso, alguém tira o casaco a Bond – esse actor é Yuri Borienko, que partiu o nariz numa cena de luta para teste às capacidades heróicas de Lazenby).
Na corrida automóvel aparece publicidade à Corgi. A marca tinha os direitos de construção das miniaturas dos automóveis da saga.
As cenas de perseguição na neve tiveram como stuntmen vários atletas olímpicos.
O momento em que Bond desliza no gelo e dispara a metralhadora foi uma ideia de Hunt.
Quando Blofeld fica pendurado numa árvore, é mesmo Savalas que assim está (mas em estúdio).
A line que Bond diz ao cão São-Bernardo foi improvisada por Lazenby.
Cameo de Peter R. Hunt – no primeiro plano do filme, após genérico inicial, é visto reflectido na placa da Universal Exports, Ltd.
Marcas presentes – Aston Martin (DBS de 1969), Gucci, Hennessy, Playboy, Campari, Ford (Mercury Cougar Convertible 1969), Jack Daniels, Schilthorn Piz Gloria Revolving Restaurant, Krug Champagne, Dom Perignon, Rolex.
Alguns posters promocionais não mostravam o rosto de Lazenby. Pretendia-se dar mais ênfase ao filme e ao personagem e menos ao actor. A United Artists reconheceria isto como um erro.
A intro do gun barrel tem duas coisas únicas na saga – James Bond dispara apoiado num joelho, o “sangue” ao descer pelo ecran “apaga” o herói.
Lazenby seria o último actor a usar chapéu na cena gun barrel que antecede o prólogo.
O genérico inicial não menciona o nome de Lazenby antes do título do filme – tal é raro na saga (só aconteceu com “Dr.No” e “From Russia With Love”, ambos com Sean Connery, os dois primeiros episódios da saga).
Pela primeira vez (e ainda única) a canção do filme não é ouvida no genérico inicial mas durante uma cena.
A canção “We Have All the Time in the World” foi a última de Louis Armstrong. Ele faleceria dois anos depois.
Eis a canção:
A versão instrumental de John Barry:
O filme é muito fiel ao livro.
É o único filme da saga inteiramente filmado na Europa.
É o único filme da saga que é filmado em Portugal.
Era o único filme da saga onde vilão e henchman (aqui, henchwoman) sobrevivem.
É o primeiro filme da saga onde se vê Bond no seu gabinete. Tal só voltaria a acontecer em “Die Another Day” (2002, o último com Pierce Brosnan).
É o primeiro filme onde James Bond chora. Só voltaria a acontecer em “Casino Royale” (2006) e “Skyfall” (2012).
É o primeiro filme onde Bond procura demitir-se do MI6 (“Licence to Kill” e “Casino Royale” retomariam essa decisão) e onde Bond vê a sua menina a ser morta (só “Casino Royale” teria novamante tal drama).
A line “Bond. James Bond” é dita no prólogo. Tal só voltaria a acontecer em “Diamonds Are Forever” (1971, com Sean Connery, o seu último filme na saga) e “The Living Daylights” (1987, com Timothy Dalton, o seu primeiro filme).
Blofeld é vilão habitual na saga – “From Russia With Love” (1963), “Thunderball” (1965), “You Only Live Twice” (1967), “Diamonds are Forever” (1971) – todos com Sean Connery; “On Her Majesty`s Secret Service” (1969) – com George Lazenby; “For Your Eyes Only” (1981) – com Roger Moore – “Never Say Never Again” (1983, com Connery, mas fora da saga oficial – é um remake de “Thnderball”); “SPECTRE” (2015) – com Daniel Craig.
É o primeiro filme de Lazenby. O seu curriculum limitava-se a spots comerciais e a uma série televisiva.
Eis alguns spots:
Lazenby limitou-se apenas a este filme como James Bond. O contrato previa sete. Fala-se que Lazenby fez birras de movie star, fala-se da hostilidade da imprensa (até se escreveu que Diana Rigg comia cebolas e alho antes da cenas de amor com Lazenby) e do público, fala-se que o actor achava que o mundo já não era compatível com 007.
Lazenby tinha 29 anos. Era e ainda é o actor mais jovem a interpretar James Bond – Sean Connery começou aos 31, Roger Moore começou com 45, Timothy Dalton iniciou aos 40, Pierce Brosnan tinha 41, Daniel Craig entrou com 38.
Lazenby é australiano. Assim sendo, é o único actor a interpretar James Bond que não é do Reino Unido (Sean Connery é escocês, Roger Moore e Daniel Craig são ingleses, Timothy Dalton é galês e Pierce Brosnan é irlandês).
Lazenby apareceu na première de barba. Tal irritou os produtores que viram tal como uma afronta.
Apesar dos rumores, Lazenby e Rigg deram-se bem nas filmagens.
Sobre tal:
Sean Connery lamentou não lhe terem oferecido este filme em vez de “You Only Live Twice”.
Até então, era o episódio mais longo da saga – 142 minutos. “Casino Royale” (144 minutos) e “SPECTRE” (148 minutos) superam-no.
Apesar de ter sido considerado como um flop, os números negam tal – o filme arrecadou mais de 10 vezes o custo, sendo o segundo maior sucesso do ano a nível mundial.
Foi o maior sucesso do ano no Reino Unido.
Kevin McClory considerou Lazenby como James Bond em “Never Say Never Again” (1983, o remake de “Thunderball”, feito à margem da saga oficial). Mas Sean Connery decidiu aceitar o projecto e Lazenby ficou de fora.
É o James Bond Film favorito de Christopher Nolan. Nolan é um grande fã de James Bond, já manifestou desejo em realizar um filme e fez uma homenagem a este filme em “Incepction” (2010) – a perseguição na neve.