O Homem Invisível (2020)

 

Título original – The Invisible Man

 

“The Invisible Man” é um clássico absoluto da Literatura.

A criação do grande H.G. Wells assustou na época e continua o seu legado terrorífico.

O Cinema e a Televisão já o tornaram visível. É um classic total a (fabulosa) versão de James Whale, com Claude Rains, em 1933.

Eis uma nova versão, com um twist narrativo muito inteligente e pertinente.

Leigh Whannell (“Saw”, “Insidious”) assina.

 

Cecilia consegue fugir ao tormento do casamento com Adrian, um génio da Ciência, mas com uma mente manipuladora e destrutiva para terceiros.

Só que quando Cee julga que está a salvo, eis que certos eventos causados por uma entidade invisível a levam à beira do desespero e da insanidade.

Em plena era de “#Me Too”, escândalos sobre assédios sexuais, violência conjugal e doméstica, direitos a mulheres, eis um scary movie (e de que maneira!) com um certeiro sentido de timing.

O filme faz uma fusão muito inteligente, séria e conseguida entre terror clássico (a ideia do invisible man ser capaz de tudo pelo seu poder supremo, assustando a menina constantemente) e drama (uma mulher, fugida de um casamento infernal, em busca de um recomeço, em luta contra um inimigo que a deixa nas portas da loucura, dando conta que ninguém acredita nela).

Esta modernização decide, e bem, deixar o homem invisível para secundário (em vez de ser ele o protagonista, como acontece no livro de Wells e nas diversas adaptações cinematográficas e televisivas), focando-se na sua vítima e nos efeitos (visíveis) da invisibilidade e da maldade. Contudo, e também de forma muito inteligente, o invisble man é sempre “visto” e sentido (sendo daí que vêm os muitos sustos).

O filme ganha assim um contorno moderno e inserido numa certa “ordem do dia” ligado à violência sobre mulheres.

O drama é forte, emotivo e psicológico, sendo bem carregado.

O terror é bem competente, de tensão crescente (o momento em que o espectador sabe que Cee não está sozinha, o momento em que Cee descobre que não está sozinha, o final), sustos constantes (o primeiro confronto, a aparição na casa do homem), impacto (o jantar das irmãs e o que se segue) e até boa acção (a confrontação e fuga no hospital).

Lugar para um inesperado twist e um final aberto a várias interpretações.

Bom trabalho de efeitos visuais, muito subtis, mas muito eficazes.

Leigh Whannell percebe de (bom) terror (criou a saga “Saw” e “Insidious”, realizou “Insidious 3”) e de (boa) action (realizou “Upgrade”). Ei-lo em grande forma – tão feroz na criação de sustos, trepidante na acção e delicado na apresentação de emoções.

Whannell confirma-se um dos bons talentos para o terror moderno, mostrando que as lições de John Carpenter e do seu “Halloween” continuam vivas – produção low-cost, ausência de blood & guts, música enervante, criação de atmosfera.

Elizabeth Moss é de uma agradecida entrega física e emocional, retratando bem o pesadelo em que está a sua mente.

Uma excelente modernização e revisitação do clássico de H.G. Wells, que o deixaria certamente muito orgulhoso (e ele que também falou – e antecipou – sobre direitos de mulheres).

As produções scary low-cost de Jason Blum (produtor de “The Visit”, o novo “Halloween”, “Get Out”, “Us”, “Split”, “Glass”) ao seu melhor.

 

Obrigatório.

 

“The Invisible Man” estava a fazer (boa) carreira nas salas. Por causa do coronavirus, teve de sair delas e passar para o mercado de streaming.

Realizador: Leigh Whannell

Argumentista: Leigh Whannell, inspirado pelo romance de H.G. Wells

Elenco: Elisabeth Moss, Oliver Jackson-Cohen, Harriet Dyer, Aldis Hodge, Storm Reid, Michael Dorman

 

Site – https://www.theinvisiblemanmovie.com

 

Orçamento – 7 milhões de Dólares

Bilheteira (até agora) – 64 milhões de Dólares (USA); 124 (mundial)

 

David S. Goyer (as trilogias “Blade” e a de “Batman” de Christopher Nolan) chegou a andar no projecto no início (em 2007).

 

O filme iria fazer parte do círculo narrativo que a Universal denominou como “Dark Universe”. Mas tudo ficou cancelado perante o flop de “The Mummy” (2017).

Nesta fase, Johnny Depp ia ser o protagonista, com Ed Solomon (“Men in Black”) como argumentista.

Leigh Whannell é grande fã dos clássicos de terror da Universal (“Dracula”, “Frankenstein”, “The Mummy”, “The Invisible Man”).

Whannell queria fazer algo de diferente com a história e achou que seria interessante centrar-se na vítima e os efeitos sobre ela.

 

Armie Hammer e Alexander Skarsgard foram ponderados como sendo o Invisible Man.

Elisabeth Moss foi sempre a escolha preferida de Whannell.

 

Benjamin Wallfisch (“Blade Runner 2049”, “It”) criou um score inspirado em Bernard Herrmann e no que ele criou para “Psycho”.

Passado em San Francisco, filmado em Sydney.

A casa do Invisible Man existe. Fica nos arredores de Sydney. A equipa de production design procurava uma casa vasta, de design inovador e algo imponente e assustadora.

 

O cientista tem o nome de Griffin – Griffin era o nome do protagonista do romance de H.G. Wells.

Numa cena do quarto, vê-se uma figura. O seu look é semelhante ao do filme de 1933 e da série televisiva de 1951.

Na cena da fuga do hospital, um graffiti mostra a figura da saga “Saw”.

O fato do Invisible Man baseia-se em tecnologia existente.

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