Título original – Hell in the Pacific
Duas lendas do Cinema num filme que os coloca em confrontação.
Uma ilha do Pacífico, anos da guerra USA-Japão.
Um piloto americano e um marinheiro japonês descobrem serem os únicos habitantes da zona.
A hostilidade entre ambos é imediata e total. Mas ambos precisam de se ajudar se querem sobreviver.
Conseguirão?
Duelo primário entre inimigos, que partem do instinto confrontativo (de sobrevivência e combate) e cedem à racionalidade da parceria.
História de perdas e inesperada amizade (ainda que fruto de um conflito).
O minimalismo narrativo resulta, pois o argumento assenta em comportamentos básicos e primários.
É sobre conflitos de homens, mas é afinal sobre o humanitarismo dentro do ser humano, mesmo quando/apesar da revelação da besta que ele também pode ser.
Final com o seu quê de amargo e (in)esperado, que resume alguma da “moralidade” do filme, com algo de ironia, deixando muitas considerações ao espectador.
Lee Marvin e Toshiro Mifune defendem bem a tenacidade dos seus personagens.
John Boorman dirige com competência, fazendo sentir o isolamento do local e dos personagens, na sua loucura e brutalidade.
Um excelente exemplo de cinema primário e minimalista.
Um pequeno clássico.
Muito recomendável.
“Hell in the Pacific” não tem edição portuguesa. Existe noutros mercados, a bom preço.
Realizador: John Boorman
Argumentistas: Alexander Jacobs, Eric Bercovici, Reuben Bercovitch
Elenco: Lee Marvin, Toshiro Mifune
Promos
Filme
John Boorman sobre o filme
Orçamento – 4 milhões de Dólares
Bilheteira – 1.3 milhões de Dólares (USA); 3.2 (mundial)
Mercado doméstico – 1.3 milhões de Dólares
Lee Marvin e Toshiro Mifune chegaram a combater no Pacífico. Marvin estava nos Marines, Mifune era da Força Aérea. Marvin recebeu um Purple Heart pela sua acção (chegou a ser ferido) na Batalha de Saipan, em 1943.
Título inicial – ” The Enemy is War “.
Reencontro entre Lee Marvin e John Boorman, depois de “Point Blank” (1968).
Filmado nas Ilhas de Palau, no Norte do Oceano Pacífico, perto das Filipinas.
O filme teve 3 finais:
- O visto no filme.
- Um outro que foi filmado e seria o oficial – os protagonistas continuam em acesa discussão e seguem caminhos opostos.
- O que foi escrito no argumento, mas nunca foi filmado – tropas japonesas chegam à ilha e matam o americano, decapitando-o; irado e perturbado com tal, o japonês mata os seus camaradas.
Os executivos do estúdio e produtores não gostam do final filmado e alteram-no, usando footage de um outro filme (“The Party”, de Blake Edwards, com Peter Sellers).
Ao ver o final do filme a ser alterado pelos produtores, Boorman procurou desde então ter sempre o controlo criativo total sobre os seus filmes.
Na época, tinha sido uma das produções mais caras e difíceis. Perante o flop, a companhia produtora (ABC Films) entrou em falência.
Apesar de ser um flop nas bilheteiras, o filme teve boa recepção pela crítica.