Título original – Two Rode Together
Um dos Westerns finais de John Ford, onde ele faz uma abordagem mais humanista dos nativos americanos.
Um Marshal e um oficial da Cavalaria partem para território Comanche, no sentido de negociar a libertação de prisioneiros brancos.
Mas a reintegração dos resgatados vai ter efeitos inesperados.
“Two Rode Together” tem várias semelhanças com “The Searchers” – a incursão dos brancos em território índio, o rapto de brancos pelos índios, o resgaste de raptados, a reinserção destes na “civilização”, o racismo e o preconceito, o duelo de mentalidades.
Pode ser visto como uma versão mais “light“ dessa obra-prima de Ford, mas “Two Rode Together” não é o filme falhado que muitos (a começar pelo próprio cineasta) apontam.
Ainda que em ambientes de Western, estamos perante um drama humano sobre conflitos raciais e ideológicos, mas também uma jornada de redenção, perdão, compreensão e tolerância, onde se ilustra a “terra bruta” onde se movem os personagens, mostrando que nem toda a brutalidade é solucionadora.
Perante os temas que aborda, sente-se que o filme precisa de mais uma horita de metragem para um mais dramático desenvolvimento dos eventos do terceiro acto (as consequências do regresso dos “selvagens” à “civilização”).
Talvez seja esse “vazio” que o filme não chega a abordar e resolver de forma mais completa que leva muitos a considerar o filme como falhado.
John Ford dirige com o seu habitual sentido humano e visual.
O elenco é notável e está muito bem.
James Stewart e Richard Widmark revelam excelente parceria (veja-se a conversa de ambos, à beira rio), carregando bem o tom fordiano dos seus personagens.
Um Western diferente, de boa índole humanista.
Muito recomendável.
“Two Rode Together” tem edição portuguesa e anda a preço nada “bruto”.
Realizador: John Ford
Argumentista: Frank S. Nugent, a partir do romance de Will Cook
Elenco: James Stewart, Richard Widmark, Shirley Jones, Linda Cristal, Andy Devine, John McIntire, Paul Birch, Henry Brandon, Harry Carey Jr., Anna Lee, Jeanette Nolan, Woody Strode
Trailer
Clips
James Stewart foi nomeado para os Laurel 1962, na “Top Action Performance”. Perdeu para John Wayne em “The Comancheros”.
Henry Fonda foi sugerido para o personagem que seria entregue a Stewart. Fonda e Ford andavam desentendidos e tal não aconteceu.
John Wayne foi considerado para o personagem que seria entregue a Stewart, mas teve de recusar por conflitos de agenda.
O filme era uma obrigação que Ford tinha com a Columbia Pictures e o seu líder Harry Cohn.
Filmado nos sets de “The Alamo” (1960).
Foi o último filme em que James Stewart usou o chapéu que já vinha de “Winchester 73” (1950). John Ford não gostava do chapéu e procurou obrigar o actor a não o usar.
Richard Widmark disse que as filmagens eram muito divertidas por causa de problemas de audição dele, de Stewart e de Ford. De tal modo que todos estavam sempre virados uns para os outros numa de “What? What? What?“.
Ford fez uma pausa de uma semana nas filmagens, devido ao funeral de Ward Bond, amigo e actor habitual de Ford.
Olive Carey participa. É a mãe, na vida real, de Harry Carey Jr..
Último filme de Edward Brophy, falecido durante as filmagens.
A conversa à beira rio foi totalmente improvisada por Stewart e Widmark.
Ford considerou o filme como a maior porcaria que fez em 20 anos.
Ford e Stewart reencontrar-se-iam em “The Man Who Shot Liberty Valance” (1962) – Stewart já não usava o dito chapéu.
Ford e Widmark reencontrar-se-iam em “Cheyenne Autumn” (1964), de temática semelhante.
O filme foi um flop e a crítica não foi muito elogiosa.