Título original – Anna
Luc Besson regressa ao actioner feminista (“Nikita”, “Lucy”).
Anna Poliatova é uma bela menina e activa modelo.
Mas o look engana. Ela é também uma das mais implacáveis assassinas do planeta.
Os seus (eficazes e letais) serviços à Rússia são alvo da atenção da CIA.
Anna tem de contar com a sua astúcia para conseguir fugir daquele mundo.
Action spy thriller, ainda em ambientes de cold war, sobre os jogos da intelligence entre soviéticos e americanos.
A par da dinâmica das peripécias da protagonista está um drama (ligeiro) de uma mulher que anseia pela sua liberdade face a um meio “empresarial” que a vê apenas como um hábil e útil instrumento.
Matéria já vista e conhecida, mas contada com eficácia e capaz de cativar, apostando em muitos twists & turns que não se sendo inesperados resultam perante a trama.
Besson praticamente que faz um mix de remake de “Nikita” + rip-off a “Atomic Blonde” e “Red Sparrow”.
O resultado é vistoso, elegante, sexy e consegue envolvência.
A duração é longa (quase duas horas), mas nunca cansa.
A narrativa tem permanentes flashbacks (ora estamos no presente, depois meses ou anos antes, para depois meses e anos depois desse passado mas ainda antes do presente), mas que não confundem e funcionam como explicadores das reviravoltas nos eventos.
Muito boa fotografia (do grande Thierry Arbogast – um habituée de Besson).
Luc Besson ainda sabe filmar ambientes urbanos e nocturnos, criando também estonteantes set pieces (a vertiginosa perseguição em Moscovo, a alucinada confrontação no restaurante, a imparável fuga do quartel-general da KGB, o tenso duelo final).
Bom elenco secundário, em serviços perfeitamente suficientes.
Helen Mirren diverte-se como uma fria e sábia coordenadora de operatives.
Cillian Murphy diverte-se como líder operacional eloquente.
Sasha Luss é muito bonita, mas incapaz de transmitir emoção ou convicção nas suas lines (pois, que saudades da Nikita de Anne Parilaud e da Lucy de Scarlett Johanssen). Contudo, essa limitação ajuda nalguns momentos onde Anna deve ser fria como hit-girl.
Apesar das suas limitações e algum déjà vu (“Anna” acaba por ser um “Nikita” com mais octanas, adaptado aos novos tempos cinematográficos), o filme oferece puro e descontraído entretenimento, com Besson em forma e de volta a um estilo e género onde ele tem muito (e bom) savoir-faire (embora tenha melhor no seu curriculum – “Nikita”, “Subway”, “Leon”).
Recomendável.
“Anna” já andou pelas nossas salas. Prepara-se para chegar ao mercado doméstico.
Realizador: Luc Besson
Argumentista: Luc Besson
Elenco: Sasha Luss, Helen Mirren, Luke Evans, Cillian Murphy
Site – https://anna.movie
Orçamento – 30 milhões de Dólares
Bilheteira – 7 milhões de Dólares (USA); 30 (mundial)
Depois de ter revelado os dotes actioner de Anne Parillaud, Milla Jovovich e Scarlett Johansson, Besson revela agora Sasha Luss, uma manequim russa.
Luss já tinha trabalhado com Besson em “Valerian and the City of a Thousand Planets” (2017).
Reencontro entre Besson e dois dos seus habituais – o compositor Eric Serra e o DP Thierry Arbogast.
O edifício da KGB onde um carro espera por Anna é na verdade o departamento de Química da Universidade de Moscovo.
Devido aos grandes prejuízos causados pelo (injusto) flop de “Valerian” (que é uma das mais estupendas, fascinantes e espectaculares experiências visuais do Cinema recente), a EuropaCorp (a companhia de Besson) viu-se obrigada a libertar-se de despesas. Houve saída de pessoal, abandono de produções televisivas, diminuição de produções em agenda e fim da actividade como distribuidora. “Anna” foi distribuído pela Pathé.