Joker (2019)

 

Joker é um dos maiores vilões de sempre no mundo dos Comics.

É o maior inimigo de Batman.

 

Joker é um velho favorito do audiovisual no que diz respeito a adaptações do “Cavaleiro das Trevas”, tendo sempre grandes actores a interpretá-lo.

Cesar Romero deu-lhe uma atitude divertida na série televisiva dos 60s e no filme dessa época; Jack Nicholson fez dele um clown louco e homicida em “Batman” (1989, de Tim Burton); Heath Ledger fez dele uma criação do Mal em “The Dark Knight” (2008, de Christopher Nolan; Ledger receberia um Oscar pela sua fabulosa interpretação); Jared Leto recuperou o Joker violento e psicótico em “Suicide Squad” (2016, de David Ayer).

Agora é a vez do sempre intenso Joaquin Phoenix.

 

Arthur Fleck é um homem simples e perturbado, caído na desgraça da vida. Pouca coisa no seu quotidiano é bem-sucedida e feliz.

Depois de uma série de eventos, Arthur dá conta que a sua vida é afinal uma comédia.

Assim sendo, Arthur cria um personagem – Joker. E com ele vai descarregar a sua ira na sociedade.

Olhando-se para o filme, depois de concluído, podemos vê-lo como uma prequela a “The Dark Knight” – o tom sério, real, dramático e trágico de “Joker” torna-se mais filial com o feel realista e enfermo que Nolan deu o seu filme.

Mas o filme respira autonomia.

Traz um desafio que poderia correr mal – explicar, de forma dramática, psicológica e sentimental, um personagem que é a verdadeira incarnação do Mal e da Loucura.

(Rob Zombie enveredou por aí quando quis “humanizar” Michael Myers no seu remake de “John Carpenter`s ´Halloween`”)

A história de Arthur Fleck é uma “telenovela” de solidão, medo, loucura, aberração, desgraça, repulsa, isolamento, desprezo e raiva.

Arthur é um filho da solidão, da tragédia e da loucura, sendo mostrado como uma inevitabilidade do Destino e da Vida.

Ignorando-se que é uma história sobre um dos maiores vilões de sempre nos comics, “Joker” deve ser visto como um poderoso, doloroso e humano melodrama sobre a condição humana em diversas áreas.

A violência é psicológica mas é também de ordem física.

A primeira é uma constante, a segunda é esporádica e quando surge choca, dói e incomoda.

Em paralelo com o drama humano do protagonista há uma muito pertinente e inteligente abordagem sócio-política no contexto actual do mundo – o conflito entre classes (pobres vs ricos), os movimentos sociais ideológicos (extremos ou não), a ridicularização do indivíduo através dos media, a necessidade de um “Messias” para uma “Nova Ordem”.

O filme não pretende ser uma desculpa para o psicopata assassino que é Joker nem criar a devida complacência por parte do espectador.

É “apenas” uma explicação sobre a origem do personagem, definindo-se como um drama psicológico.

Inquietante música, que nos faz sentir o que será o “som” da loucura na mente humana.

Cenografia e fotografia fazem-nos sentir no mundo actual e não nalgum universo alternativo e fantasista.

Todd Phillips tem o seu (bom) nome ligado a (boas) comédias adultas (a trilogia “The Hangover” – a Part I é uma das maiores comédias de sempre – e “Due Date”).

A sua incursão por este género e temáticas poderia ser tomado como um erro, mas nada disso acontece.

Phillips sabe fazer o espectador sentir toda a opressão psicológica de Arthur no seu dia-a-dia, dá ao filme um tom muito real e credível, fazendo-nos acreditar que tudo aquilo pode estar a acontecer algures no andar vizinho, a alguém próximo ou mesmo a nós.

Por outro lado, consegue uma magnífica e cinéfila ligação com o cinema urbano de Martin Scorsese, Abel Ferrara, William Friedkin e Sidney Lumet, quando nos seus early days.

(aliás, até se pode ver este “Joker” como o “Taxi Driver” deste início de Século XXI – novamente o olhar negro sobre uma grande metrópole, a solidão de um indivíduo perturbado, a depressão e loucura de uma pessoa presa a um quotidiano vazio, a catarse violenta)

Joaquin Phoenix.

O actor já deu provas que é um dos melhores do mundo e digno de ficar na Film History. Aqui fica mais uma prova.

Phoenix é um perfeito (e doentio) retrato da solidão e da loucura, vivendo e transmitindo de forma impressionante tudo o que Arthur está a passar e sentir.

Venham (muitos) prémios (Oscar e Globo de Ouro serão garantidos).

É injusto (ainda que inevitável) compará-lo com Jack Nicholson e Heath Ledger. Ou mesmo com Jared Leto.

Eu diria que Nicholson, Ledger e Leto interpretam diferentes fases de Joker, mas já como vilão “mascarado” definido e estabelecido.

Phoenix cria o ser que origina a “criatura”.

 

Óptima prestação do restante elenco.

“Joker” pode ser visto como filme autónomo, como prequela a “The Dark Knight”, criando também bons alicerces para a nova trilogia que se está a preparar para Batman (Matt Reeves realiza, Robert Pattinson é Bruce Wayne/Batman – o filme estreia a Junho de 2021, ainda não há argumento final nem casting fechado).

Uma das mais perturbantes visões da loucura e da solidão.

(“pior”, só mesmo os contos de H.P. Lovecraft – desde que se retire as componentes terror, fantasia e ficção científica)

 

Uma das mais marcantes interpretações em qualquer registo.

 

Um “terror” actual que afecta a sociedade.

 

Melhor filme do ano 2019.

 

Obrigatório.

 

“Joker” está nas nossa salas.

Realizador: Todd Phillips

Argumentistas: Todd Phillips, Scott Silver, a partir do personagem da DC criado por Bill Finger, Bob Kane e Jerry Robinson

Elenco: Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Zazie Beetz, Frances Conroy, Brett Cullen

 

Site – http://www.jokermovie.net

 

Orçamento – 55 milhões de Dólares

Bilheteira (até agora) – 192 milhões de Dólares (USA); 543 (mundial)

 

“Leão de Ouro”, “Graffetta d’Oro”, “Melhor Banda Sonora”, em Veneza 2019.

Os autores de “Joker” tiveram como inspiração o comic “The Killing Joke” (escrito por Alan Moore e desenhado por Brian Bolland; conta algo sobre a origem de Joker e é uma das visões mais complexas sobre Joker, Batman e o duelo entre ambos), bem como os filmes “Taxi Driver”, “Raging Bull”, “King of Comedy” (todos de Martin Scorsese).

 

Leonardo DiCaprio e Bill Skarsgård foram falados como intérpretes de Joker.

Alec Baldwin ia ser Thomas Wayne, mas teve de recusar por conflitos de agenda.

Viggo Mortensen recusou interpretar Thomas Wayne.

Shailene Woodley era a escolha como Sophie Dumond, mas teve de recusar por conflitos de agenda. Mary-Elizabeth Winstead, Gugu Mbatha-Raw, Dakota Johnson e Aja Naomi King foram consideradas, mas foi Zazie Beetz a eleita.

Frances McDormand recusou ser Penny Fleck.

Joaquin Phoenix chegou a ser considerado como Batman (???) para o projecto de Darren Aronofsky “Batman: Year One”.

Não é a primeira vez que Phoenix é convidado para interpretar um personagem de um comic – Phoenix tinha rejeitado ser Doctor Strange (Benedict Cumberbatch substituiu-o) e Hulk (Mark Ruffalo substituiu-o).

Phoenix teve de perder 25 Quilos de peso.

Phoenix não quis ver as outras interpretações de Joker, procurando criar a sua.

 

Joker usa uma caracterização semelhante à que John Wayne Gacy usava nas festas em que participava como Pogo the Clown.

Robert De Niro cria um personagem que é derivado do que ele criou em “The King of Comedy” (1983).

É o filme que inicia a actividade de uma companhia que vai produzir filme autónomos oriundos dos comics da DC.

 

É o primeiro filme de uma Major de Hollywood, oriundo dos comics,  que tem presença e vitória em Veneza.

Quando visto em Veneza, teve uma ovação de 8 minutos.

 

O primeiro cut durava 155 minutos. O cut final fica nos 122.

Todd Phillips compara “Joker” a “The Dark Knight”.

 

Já muito se aposta que Joaquin Phoenix irá ser o “Melhor Actor” nos Oscars 2020.

Sobre a DC:

https://www.dccomics.com

 

Sobre Joker:

https://dc.fandom.com/wiki/Joker

https://dc.fandom.com/wiki/Joker_(New_Earth)

 

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