Título original – Brainstorm
Uma viagem à capacidades do cérebro.
O filme que ficou com a reputação de ser o último de Natalie Wood.
Dois cientistas descobrem como gravar memórias e emoções, conseguindo partilhá-las com outros.
O problema é quando este novo sistema suscita a curiosidade dos militares, para fins obscuros.
Pegar nas nossas memórias, emoções e sensações, poder armazená-las e projectá-las para outra pessoa, no sentido de viverem e sentirem o mesmo, é um desafio eterno para a Ciência.
Até que ponto a Alma está na mente, até que ponto ficaríamos imortais ao nascer num novo corpo, mas com as nossas memórias?
Tema(s) susceptíveis de longos e fascinantes debates (éticos, filosóficos, religiosos), certamente não imunes a polémicas.
“Brainstorm” pega em tal ideia (em 1995, “Strange Days”, de Kathryn Bigelow e James Cameron, pegava no mesmo tema – mas desenvolvendo-o em tom de Policial, Thriller e Film Noir) e cria um drama sobre a determinação e obsessão científica, dando tópicos, ideias e potencial de tal projecto, entrando depois (o terceiro acto) no campo do thriller.
Bons efeitos visuais.
Natalie Wood está linda, meiga e carinhosa (como sempre, não?). É uma interpretação muito correcta, mas não das mais relevantes da actriz. Até porque o filme não assenta nela.
Christopher Walken e Louise Fletcher dominam. Ele pela intensidade, ela pela entrega.
Douglas Trumbull mostra que tanto sabe criar ciência para os filmes como filmá-la.
Um bonito filme sobre o potencial do Cérebro e da Ciência, onde é tão relevante o avanço científico como a presença humana.
E um comovente adeus à adorável Natalie Wood.
Recomendável.
“Brainstorm” não tem edição portuguesa, mas existe noutros mercados, a bom preço.
Realizador: Douglas Trumbull
Argumentistas: Bruce Joel Rubin, Robert Stitzel, Philip Frank Messina
Elenco: Christopher Walken, Natalie Wood, Louise Fletcher, Cliff Robertson
Trailer
Orçamento – 15 milhões de Dólares
Bilheteira – 9 milhões de Dólares
“Melhor Actriz” (Louise Fletcher), “Melhor Música”, nos Prémios Saturn 1984. Tentou “Melhor Filme – Sci-Fi” (perdeu para “Star Wars: Episode VI – Return of the Jedi”), “Melhor Actriz Secundária” (Natalie Wood perdeu para Candy Clark em “Blue Thunder), “Melhores Efeitos Especiais (perdeu para “Star Wars: Episode VI – Return of the Jedi”) e “Melhor Realizador” (Douglas Trumbull perdeu para John Badham em “Wargames”).
Concorreu ao “Grande Prémio”, em Avoriaz 1984, mas perdeu para “The Lift”.
Concorreu a “Melhor Fime”, nos Hugo 1984, mas perdeu para “Star Wars: Episode VI – Return of the Jedi”.
Bruce Joel Rubin (o argumentista) ia realizar o filme em 1973. Com o título “The George Dunlap Tape”, já tinha 400.000 Dólares, financiador, locais escolhidos, cenografia feita e casting definitivo. No início das filmagens, o financiador saiu de cena e a produção ficou cancelada.
Douglas Trumbull queria filmar num processo chamado “Showscan“, que ele tinha criado. Era em widescreen e a 60-frames-per-second. Mas isto obrigaria a muitas mudanças técnicas nas salas e o processo foi rejeitado. Trumbull queria que o espectador mergulhasse na sensação que o sistema visto no filme permitia aos seus utilizadores. Trumbull acabou por filmar as cenas de “Brainstorm” a 24-fps Super Panavision 70 com aspect ratio de 2.2:1. As outras cenas eram filmadas em 35mm com aspect ratio de 1.7:1.
Natalie Wood falece mesmo no final das filmagens. O estúdio quer cancelar a produção (e receber a indemnização do seguro), mas Douglas Trumbull recusa (o contrato permita-lhe isso). O realizador recorre a uma stand-in (a irmã mais nova de Natalie) e a mudanças de enquadramento para terminar os últimos shots que requeriam a presença da actriz. O final teve de usar shots já filmados da actriz.
Os conflitos entre Trumbull e os executivos do estúdio foram de tal modo acesos, que o realizador abandonou Hollywood. Desde então, Trumbull dedica-se a efeitos para filmes em IMAX e parques temáticos.
O filme é dedicado a Natalie Wood. No final dos end credits surge a indicação “To Natalie“.
O filme ia estrear em 1980. Devido à morte de Natalie e ao complicado processo de filmagens e pós-produção depois disso, só estreou em 1983.
Sobre Natalie Wood: