Título original – 8 Million Ways to Die
Hal Ashby começou na área na montagem (trabalhou com Norman Jewison – “The Cincinnati Kid”, “The Russians are Coming, The Russians are Coming”, “In The Heat of the Night”, “The Thomas Crown Affair”), mas depois seguiu para a realização, tendo-se tornado um dos realizadores mais interessantes dos 70s, inserido no realismo e liberalismo do Cinema dessa época (”Harold and Maude”, “Shampoo”, “Being There”, e o seu trabalho mais célebre que é “Coming Home”).
Drama era o seu género habitual.
Ei-lo no policial.
Curiosamente, é o seu último filme.
Matt Scudder, alcoólico agente do Sheriff’s Department, vê-se caído em desgraça por ter alvejado um suspeito.
A crise do alcoolismo aumenta, mas Matt recebe uma oportunidade de redenção – resgatar uma call girl do mundo da prostituição e da droga.
Mas a rapariga é morta. Contudo Matt empenha-se a fundo na descoberta da verdade e na destruição de um perigoso gangster, responsável pelo assassínio.
Intenso policial sobre o clássico tema do polícia íntegro, caído em desgraça e em busca de uma oportunidade de redenção.
Nada de novo, é certo.
Mas há garra no tom, na secura da violência e no desencanto do quotidiano de uma certa City of Angels nada angélica.
Muito boa prestação do elenco.
Jeff Bridges tem mesmo uma das suas melhores performances, bem convincente na tradução da sua dor e raiva.
Andy Garcia estava em ascensão e mostra porque já era uma das presenças mais intensas e electrizantes de então.
Rosanna Arquette e Alexandra Paul dão beleza e sensibilidade.
Hal Ashby dá ritmo de policial urbano e nunca ignora o drama humano.
Um bom policial, na linha do melhor do género e do estilo 80s.
Muito recomendável.
”8 Million Ways to Die” não tem edição portuguesa. Existe noutros mercados a bom preço.
Realizador: Hal Ashby
Argumentistas: Oliver Stone, R. Lance Hill (David Lee Henry), Hal Ashby (sem crédito), Robert Towne (sem crédito), a partir do romance de Lawrence Block
Elenco: Jeff Bridges, Rosanna Arquette, Andy Garcia, Alexandra Paul
Trailers
Orçamento – 18 milhões de Dólares
Bilheteira – 1.3 milhões de Dólares
Como Oliver Stone estava a filmar “Salvador” (1986), Hal Ashby decidiu reescrever o argumento, usando ideias de Stone e do livro de Block. O seu trabalho foi destruído quando o produtor encarregou R. Lance Hill da reescrita.
Stone ficou muito decepcionado com o resultado final. O seu argumento foi muito alterado por Hill (algo que incomodou Ashby, pois Hill só conversava com o produtor). A sua revisão incluía um imenso tiroteio num aeroporto, no climax, mas tal faria disparar imensamente o orçamento. Robert Towne é chamado para uma nova revisão e destrói muito do trabalho de Hill.
Rosanna Arquette substituiu Jamie Lee Curtis.
Segundo Mark Damon (o Executive Producer), Ashby ignorava o guião e dava liberdade aos actores para improvisarem os diálogos e comportamentos.
Ashby foi despedido pelo estúdio (a PSO Entertainment – que tinha aqui a sua primeira grande produção) assim que terminaram as filmagens.
A casa do personagem de Andy Garcia é a O’Neill House. Construída por O’Neill em 1978, inspira-se em Gaudi. Fica no 507, N Rodeo Drive, Beverly Hills, California. A casa apareceu na série “Beverly Hills 90210” e numa cena do filme “Breathless”.
É o último filme de Hal Ashby.
Matt Scudder seria interpretado (excelentemente) por Liam Neeson em “A Walk Among the Tombstones” (2014), também adaptado de um romance de Lawrence Block.
Sobre Lawrence Block:
https://www.goodreads.com/author/show/17613.Lawrence_Block
https://www.fantasticfiction.com/b/lawrence-block/