Título original – Last Embrace
Jonathan Demme deixou-nos recentemente (a 26 de Abril de 2017).
Eis um dos seus primeiros filmes, onde já é visível o seu talento.
Harry Hannan é um agente dos serviços secretos.
Durante umas férias, a sua esposa é morta.
Harry passa por um processo de terapia e procura o regresso ao trabalho.
Mas Harry descobre que alguém o quer matar.
Um simpático pastiche a Hitchcock, entre “Vertigo” e “North by Northwest”, a conjugar drama (um homem que não consegue superar o falecimento da sua esposa) e o thriller (um agente secreto que se vê ameaçado por colegas e superiores), aliado a uma estranha love story (a menina que surge subitamente na vida do protagonista).
Embora não empolgue, o mix resulta e entretém pela presença de estilo, homenagem e Cinema.
Bom ritmo, alguma tensão, mistério e suspense, uma relação progressiva e até referências cinéfilas (a cena nas cataratas do Niagara diz Hello a “Vertigo”).
Lamenta-se a solução para o mistério, que é algo forçada e tosca.
Bela música de Miklós Rózsa, adequada ao tom do filme e evocativa dos glory days de Hollywood e do género.
Roy Scheider caracteriza bem toda a dor, ira e stress do seu personagem. É uma das suas melhores interpretações.
Demme dirige com competência, elegância e sentido cinéfilo (a cena inicial e final – o cuidado no planeamento e montagem), procurando mais a homenagem do que a imitação.
Uma bem conseguida brincadeira e homenagem a Hitchcock, ainda que com as sua fraquezas, que marca uma das primeiras provas de um talento que muito daria ao Cinema nas décadas seguintes.
Muito recomendável.
“Last Embrace” não tem edição portuguesa, mas pode ser encontrado noutros mercados, a bom preço.
Realizador: Jonathan Demme
Argumentista: David Shaber, a partir do romance de Murray Teigh Bloom
Elenco: Roy Scheider, Janet Margolin, John Glover, Charles Napier, Christopher Walken, David Margulies, Gary Goetzman, Mandy Patinkin, Max Wright
Bilheteira – 1.5 milhões de Dólares
Trailer
Prólogo
Miklós Rózsa compôs a música inspirado nos temas que Bernard Herrmann compôs para Alfred Hitchcock. Rózsa chegou a trabalhar com Hitchcock – foi em 1945, com “Spellbound”.
Jonathan Demme considera o filme como um “romance obscuro”.
Cameo de Jonathan Demme – um dos viajantes no comboio.