Título original – The Replacement Killers
Chow Yun-Fat era, nos 80s e 90s, a estrela maior da China e Ásia. Era também o actor-fetiche de John Woo (a trabalhar em Hollywood desde 1993).
Eis a estreia de Yun-Fat em Hollywood, com patrocínio de Woo.
John Lee é um hitman que se recusa a fazer um trabalho (que seria matar uma criança).
Meg Coburn é uma falsária a quem John recorre para fugir dos USA e regressar à China.
Os dois são perseguidos por assassinos do ex-patrão de John.
“The Replacement Killers” é quase um remake (mais optimista) de “The Killer” (chegou a haver o projecto de remake oficial – seria de Walter Hill, com Richard Gere e Denzel Washington -, mas tudo ficou cancelado).
Actioner elegante, estilizado e dinâmico, que assenta mais na homenagem/veneração a Chow Yun-Fat e ao Cinema de John Woo do que na procura de uma identidade própria.
Aqui e ali estão alguns dos elementos de Woo (a honra, a bravura, a lealdade, os valores morais e éticos, o heroic bloodshed, a elevada contagem tanto de vilões mortos como de balas), mas tudo de forma muito simples.
Falta a garra emocional, espiritual, moral e violenta do clássico de Woo e do seu Cinema.
Há bom gosto na escolha dos decors e na qualidade da fotografia, mostrando-se também estilismo na encenação.
Lamenta-se a montagem excessivamente rápida (principalmente nas cenas de acção), o que o origina alguma precipitação na resolução das situações e alguma confusão na percepção do que se passa (Woo nunca cai nesse erro).
Antoine Fuqua (homem vindo da publicidade e dos videoclips, que ganharia boa reputação no cinema de acção – “Training Day”, “Shooter”, “The Equalizer”) estreia-se bem e revela veneração a “The Killer” e a Woo, filmando com elegância e estilo.
Chow Yun-Fat está em grande forma, desfila todo o seu carisma e coolness que lhe deu fama como um “King of Cool”, tão frágil e emotivo quando necessário, como letal e implacável quando obrigado.
Mira Sorvino está perfeitamente curvilínea e sexy, mas mostra atitude kick-ass (até à star asiática).
Apesar dos seus erros, é um agradável actioner que funciona como um (bom) incentivo à descoberta do Cinema de John Woo e dos outros actioners com Chow Yun-Fat.
Vê-se muito bem.
“The Replacement Killers” tem edição portuguesa e anda a bom preço.
Há um Extended Cut (algumas das cenas novas constam da secção “Deleted Scenes” da Special Edition do Theatrical Cut). São mais cenas entre Chow e Mira, onde se procura desenvolver a relação entre ambos e o lado emocional de Chow. Não resulta totalmente, mas é uma adenda interessante ao cut inicial.
Realizador: Antoine Fuqua
Argumentista: Ken Sanzel
Elenco: Chow Yun-Fat, Mira Sorvino, Michael Rooker, Kenneth Tsang, Jürgen Prochnow, Til Schweiger, Danny Trejo
Trailer
Cena inicial
Orçamento – 30 milhões de Dólares
Bilheteira – 19 milhões de Dólares (USA); 35 (mundial)
Chow Yun-Fat e Mira Sorvino estiveram nomeados para “Pior Casal no Ecran”, nos The Stinkers Bad Movie 1998. Ben Affleck e Liv Tyler foram os eleitos por “Armageddon”.
Theatrical Cut – 87 minutos
Extended Cut – 96 minutos
Inicialmente, ia ser um filme sobre a Máfia Italiana. Chazz Palminteri ia ser o protagonista.
Foi Quentin Tarantino quem convenceu Mira Sorvino (eram namorados na época) a participar no filme, pela honra de trabalhar com Chow (Tarantino é grande fã do actor, do Actioner Made in China e de John Woo), que já era uma lenda do Cinema Asiático.
Mira fala Mandarim. Chow fala Cantonês, mas sabe Mandarim, Mira ajudou Chow na interpretação do Inglês. Mira passou 6 meses em Beijing, onde estudou Mandarim, ensinou Inglês e viu muitos filmes chineses.
Mira treinou o uso de armas de fogo.
É o primeiro filme americano de Chow Yun-Fat.
Segundo Antoine Fuqua, Chow é um homem tranquilo e pacífico.
O caractere gravado nas balas de John Lee significa “Morte”.
Antoine e Chow removeram muito diálogo ao actor, devido à sua dificuldade em falar Inglês.
É o primeiro filme americano de Til Schweiger.
Chow e Randall Duk reencontrar-se-iam em “Anna and the King” (1999) e “Dragonball: Evolution” (2009).
A Columbia Pictures (o estúdio produtor do filme) nunca confiou inteiramente em Fuqua e no seu trabalho. O estúdio ignorou o cut do realizador e fez um outro. Segundo Fuqua, ficou perdida toda a componente emocional que envolvia os protagonistas.
Na época, “The Replacemente Killers” bateu recordes pelo número de balas usadas num filme americano.