A DC é a grande rival da Marvel.
O seu universo nos Comics também é propício a Cinema.
A DC começou mais tarde e de forma mais frouxa. Mas tem estado a recuperar terreno.
Eis o novo herói da editora para o grande ecran. Bem diferente e original.
Billy Batson é um adolescente perfeitamente normal.
Até que um acaso o transforma num super-herói.
E só basta uma palavra – SHAZAM!
Lembram-se de “Big” (1988)? Aquela (fabulosa) comédia onde Tom Hanks interpreta uma criança em corpo de adulto, enfrentando com inocência os problemas dos adultos, mas sempre com as ânsias de uma criança.
Pois bem, “Shazam!” pode ser visto como a versão superhero de “Big”.
Mas o filme não assenta numa de rip-off (super-)heróico.
No meio de uma história clássica sobre a origem de um super-herói (há a definição do protagonista, dos seus dramas, a chegada do poder, a descoberta das capacidades, o saber gerir/merecer tal dom, o conflito com o inimigo, a descoberta de valores pelos quais vale a pena ser herói) está a igualmente clássica história sobre a transição infância/adolescência, o coming of age, os seus dramas (domésticos e escolares).
Nada de novo, é certo, mas tudo está bem contado, com as devidas doses de entretenimento e emoção, notando-se cuidado na abordagem familiar (fala-se de órfãos e qual a essência da família), escolar (há espaço para se ilustrar o bullying, os nerds, os grupos e os conflitos), bem como nas peripécias (divertidas) e conflitos (as ânsias) da infância/adolescência.
Igualmente certeira é a história de amizade entre os dois jovens, que é mesmo um pilar e motor de desenvolvimento moral para o protagonista.
No meio de tanto heroísmo, mostra-se que tal pode vir da união familiar.
Por outro lado, o filme vale-se de um muito bem conseguido humor, que tanto brinca com o Universo DC como com os arquétipos das superhero stories (a forma como os dois amigos descobrem os poderes de Shazam, a procura do nome adequado ao herói), sabendo adequar tudo ao facto do protagonista ser uma criança (a forma infantil como o herói começa a usar os seus poderes para benefício próprio e para os outros).
O trabalho do elenco é competente. Os miúdos são um prodígio de naturalidade e pureza, com grande química entre todos eles. Zachary Levi parte a loiça toda, criando um herói imberbe na sua mentalidade.
A DC arrancou mal no seu universo cinematográfico, mas depois de “Wonder Woman” (a sequela chega este Verão), “Aquaman” e agora com “Shazam!”, mostra que está no rumo certo e a saber fazer bons filmes a partir do seu (muito bom) filão de comics.
Uma brincadeira muito bem conseguida aos super-heróis, com espaço para personagens e emoções.
Muito recomendável.
“Shazam!” está nas nossas salas.
Nota – deixem-se estar na sala durante o (divertido) genérico final (onde Shazam muito brinca com vários heróis da DC), pois há duas cenas extra.
Realizador: David F. Sandberg
Argumentistas: Henry Gayden, Darren Lemke, a partir dos personagens criados por Bill Parker e C.C. Beck
Elenco: Zachary Levi, Mark Strong, Asher Angel, Jack Dylan Grazer, Faithe Herman, Grace Fulton, Ian Chen, Jovan Armand, Marta Milans, Cooper Andrews, John Glover, Djimon Hounsou, Ethan Pugiotto, Landon Doak, Meagan Good, Adam Brody, D.J. Cotrona, Ross Butler, Michelle Borth
Site – http://www.shazam-movie.net
Orçamento – 100 milhões de Dólares
Bilheteira (até agora) – 131 milhões de Dólares (USA); 346 (mundial)
Sobre a DC – https://www.dccomics.com
Sobre Shazam:
https://www.dccomics.com/characters/shazam
https://shazam.fandom.com/wiki/Shazam
https://dc.fandom.com/wiki/Shazam
https://nerdist.com/article/5-best-modern-shazam-comics/
https://comicvine.gamespot.com/billy-batson/4005-2350/
“Shazam” começou a ser editado em 1940. Foi no #2 do “Whiz Comics”. Inicialmente chamava-se Captain Marvel, mas em 1968 mudou de nome devido à personagem de igual nome criada pela Marvel (cujo filme surgiu nas salas há semanas).
C.C. Beck inspirou-se em Fred MacMurray para criação do look de Shazam.
O projecto já data do início de 2000s. Peter Segal chegou a estar designado como realizado.
O projecto começou a ser preparado pela New Line Cinema. Quando esta é comprada pela Warner Bros., os executives da Major decidem dar um tom mais dark ao projecto (a saga “Batman: The Dark Knight” de Christopher Nolan já rolava). Muitos dos participantes iniciais do projecto decidem sair de cena. O projecto só avança quando a DC (também propriedade da Warner) lhe dá luz verde.
“Big” (1988) e “Stranger Things” (2016) são fortes influências no filme.
O filme teve reescritas de argumento por gente capaz como William Goldman, Joel Cohen, Alec Sokolow, John August, Darren Lemke, Bill Birch e Geoff Johns.
Título inicial – “Billy Batson & The Legend of Shazam”.
Sam Raimi mostrou interesse em realizar (o que seria excelente – “Spider-Man”, “Spider-Man 2”).
Dwayne Johnson (um dos produtores do filme) chegou a pedir aos fãs para que estes decidissem que personagem ele deveria interpretar – Shazam ou Black Adam. Eles escolheram Black Adam.
Johnson queria Armie Hammer como Shazam.
Jackie Earle Haley era um eleito dos fãs para ser o Dr. Sivana.
Jim Belushi foi considerado como Mr. Tawny.
Alan Alda, F. Murray Abraham, Michael Keaton e Tony Shalhoub foram considerados para ser o feiticeiro.
Inicialmente, o filme iria foca o duelo entre Shazam e Black Adam. Mas os produtores decidiram fazer dois filmes, com um dedicado a cada personagem.
Superman ia fazer um cameo, mas o actor Henry Cavill (que o interpretou em “Man of Steel”, “Batman v Superman: Dawn of Justice”, “Justice League”) estava ocupado com “Mission: Impossible – Fallout”.
Título durante as filmagens – “Franklin”.
Passado em Philadelphia, filmado em Toronto.
A boneca Annabelle é vista numa vitrina de uma loja. David F. Sandberg realizou “Annabelle: Creation” (2017).
No futuro, pode haver crossover entre Shazam e a Justice League.
Shazam já andou pela Televisão. Foi nos 70s e 80s. De 1974 a 1976, Jackson Bostwick e John Davey interpretaram o herói em 28 episódios. Uma série de animação surgiu em 1981 e durou 13 episódios.
A Grande Ilusão 