Título original – Hope and Glory
John Boorman viveu a sua infância com o terror da Segunda Guerra Mundial e dos ataques aéreos a Londres.
Eis um filme sobre essas suas memórias.
Billy tem 9 anos e tem de adaptar a viver numa Londres que está sempre a ser alvo de ataques aéreos por parte dos nazis.
A mãe aguenta as lides da casa, a irmã mais velha procura namoricos, a irmã mais nova precisa do apoio de Billy, o pai está na frente de combate.
Mas todo o espírito de união familiar ajuda no bom passar do tempo.
Sob o manto da presença da guerra (ainda que no exterior do país), John Boorman ilustra a resistência da nação inglesa através da união familiar e comunitária.
O resultado é de uma enorme beleza humana e riqueza sentimental.
A combinação de drama (as preocupações da mãe) e comédia (os comportamento das crianças) é magnífica, nada é forçado e tudo mostra sensibilidade na abordagem.
Há momentos de magia (o balão) e de ternura (o passeio de barco, o jantar a celebrar o regresso do pai).
Até há lugar para a evocação cinéfila – as reacções das crianças na sala de cinema ao verem as aventuras de Hopalong Cassidy.
Excelente prestação do elenco, com destaque para uma esplêndida Sarah Miles (mãe protectora 24/7) e um ternurento Sebastian Rice-Edwards (tão puro nas suas atitudes).
John Boorman dirige com sensibilidade e olhar humano.
Uma sentida evocação à união familiar em tempo da guerra.
Obrigatório.
“Hope and Glory” não tem edição portuguesa. Existe noutros mercados, a bom preço. A edição UK tem legendas em Português.
Realizador: John Boorman
Argumentista: John Boorman
Elenco: Sebastian Rice-Edwards, Geraldine Muir, Sarah Miles, David Hayman, Sammi Davis, Derrick O’Connor, Susan Wooldridge, Jean-Marc Barr, Ian Bannen, Annie Leon
Trailer
Orçamento – 9 milhões de Dólares
Bilheteira – 10 milhões de Dólares
Nomeado para “Melhor Filme”, “Melhor Realizador” e “Melhor Argumento”, nos Oscars 1988. Perdeu, respectivamente, para “The Last Emperor”, Bernardo Bertolucci (por “The Last Emperor”) e “Moonstruck”.
“Melhor Filme – Comédia ou Musical”, nos Globos de Ouro 1988. John Boorman tentou ser “Melhor Realizador”, mas perdeu para Bernardo Bertolucci (por “The Last Emperor”).
Susan Wooldridge foi a “Melhor Actriz Secundária”, nos BAFTA 1988. Sarah Miles tentou ser “Melhor Actriz”, mas perdeu para Anne Bancroft em “84 Charing Cross Road”. John Boorman tentou “Melhor Realizador”, mas Oliver Stone foi eleito, por “Platoon”. Tentou “Melhor Filme”, mas “Jean de Florette” foi preferido.
“Melhor Filme”, pelos críticos de Boston 1988, de Londres 1988, pelo Evening Standard British Film 1988.
“Melhor Fotografia”, pela British Society of Cinematographers 1987.
“Melhor Filme”, “Melhor Realizador”, “Melhor Argumento”, pelos críticos de Los Angeles 1987.
“Melhor Filme Estrangeiro”, no Mainichi Film Concours 1989.
“Top 10 do Ano”, pela National Board of Review 1987.
“Melhor Realizador”, “Melhor Argumento”, “Melhor Fotografia”, pela National Society of Film Critics 1988.
“Melhor Contribuição Artística”, no Festival de Tóquio 1987.
O argumento segue algumas das recordações de John Boorman sobre a sua infância enquanto decorria a Segunda Guerra Mundial.
O título refere-se a uma canção patriótica britânica, de 1902 – “Land of Hope and Glory”, composta e escrita por Edward Elgar e Arthur C. Benson.
Eis a canção:
Eis a letra:
https://genius.com/A-c-benson-land-of-hope-and-glory-lyrics
Ian Bannen substituiu Trevor Howard.
A produção obrigou à construção de todo um “bairro” (só as fachadas). Segundo os dados da época, era o maior set montado no Reino Unido em 25 anos.
Teve filmagens no aeródromo de Wisley, no Surrey, bem como no rio de Shepperton Lock.
A newsreel vista na sala de Cinema é footage de “Battle of Britain” (1969).
Cameos dos filhos de Boorman – Charley (o piloto da Luftwaffe) e Katrine (a tia de Bill).
O filme foi sucesso junto da crítica.
Boorman faria uma sequela/continuação – “Queen & Country” (2014; já aqui visto). Novamente à volta das memórias do cineasta, mas agora na sua juventude, em início de vida adulta, já em tempo de paz.
(o filme é tão brilhante como o original, diga-se)
[…] a continuação de “Hope and Glory” (já aqui […]