Dumbo (1941)

 

É um dos títulos mais acarinhados da Disney.

(com toda a razão)

Quando foi feito, poucos acreditavam nele (incluindo o Uncle Walt)

(ohhhhh, porquê?)

Passadas estas décadas, o filme é um objecto cinematográfico sagrado.

(completamente merecido)

Tim Burton acaba de fazer uma versão em imagem real (que é uma obra de Arte).

Uma excelente razão para voarmos na companhia deste adorável elefantezinho.

 

Dumbo é um elefante recém-nascido.

As suas enormes orelhas levam-no a ser gozado por todos os animais do circo, bem como pelos humanos que o visitam.

Com a ajuda de um simpático ratinho e de uns corvos bem-falantes, Dumbo vai descobrir o seu valor e talento.

Conto clássico da criatura diferente e que luta contra a marginalização e a hostilidade, procurando o seu lugar no mundo, descobrindo o seu dom e a forma como se afirmar com a sua diferença.

No meio da fantasia está uma parábola igualmente clássica sobre o direito à diferença e a afirmação através dela, fazendo-se uma crítica ao vazio da sociedade que apenas liga aos “embrulhos”.

Claro que isto é matéria a mais para crianças e o filme consegue mascarar tudo isto através da fantasia e da diversão.

(há comédia e fantasia, mas “Dumbo” é um puro drama)

O filme é puro ouro.

Em diversos níveis.

Por um lado, a tal parábola sobre questões universais é adaptada a todas as raças (humanas e animais).

Notável é a economia narrativa e o ritmo – pouco mais de 60 minutos de metragem, com a história a ser contada de forma concisa, sem erros nem precipitações.

Animação perfeita – cores primárias, básicas e simples, mas bem vivas; o design e movimentação dos personagens; a dinâmica visual do mundo do circo está impecavelmente criada; a dinâmica dos eventos, dos fundos e dos ambientes. É incrível a simplicidade encantadora de tudo.

Todos os personagens brilham com carisma e relevância – a cegonha pela sua dedicação, as elefantas são hilariantes por tanta maldade e vazio sentimental, a mamã é um poço de ternura, o rato Tim é um prodígio de amizade e empenho, os corvos são desconcertantes pela atitude cool e espírito de ajuda. Só se lamenta o pouco tempo dado ao poderoso Casey Jr., a locomotiva que move todo aquele mundo.

O humor e criativo e emotivo.

As divertidas e ritmadas canções.

 

Momentos de grande mise en scène – o início com Casey Jr., a chegada da cegonha, os momentos entre Dumbo & Mãe, a cena com os corvos e, claro, a cena dos elefantes cor-de-rosa (um prodígio de imaginação e surrealismo).

Todo o filme é uma corrente de emoções, que arrebatam o nosso coração e nos lubrificam os olhos (o tirar de Dumbo à mãe, o encontro nocturno entre ambos, o gozo que Dumbo sofre, a dedicação de Tim, a comoção e ajuda dos corvos). Este é um daqueles filmes que põe qualquer espectador a chorar.

Acima de tudo, é uma belíssima Love Story entre Mãe & Filho e Filho & Mãe.

Os momentos entre Dumbo & Mãe são sem diálogo e de uma ternura e uma exposição emocional absolutamente magistral e tocante.

E ainda há a amizade entre Dumbo e Timothy. Verdadeiro exemplo de amizade total na sua motivação, entrega e vivência.

Ahhh…

E há…

 

DUMBO.

O mais adorável dos elefantes (sim, o Horton também é – mas outro dia falarei dele e do seu óptimo filme).

Um dos mais queridos personagens da Disney, da Animação e do Cinema.

Um dos mais corajosos e heróicos personagens de sempre.

Dumbo é um prodígio de design (aquele olhar tão fofinho, aquele ar tão querido, aquele sorriso tão infantil).

Dumbo não fala. Nem precisa. Tal como Gromit, o olhar e expressão de rosto dizem tudo.

Um verdadeiro hino ao poder da Animação (e Cinema) em tocar, comover e entreter.

Um absoluto Must em Animação, Disney e Cinema.

Um clássico inegável e inigualável.

Uma perfeita Obra-prima.

Um objecto rigorosamente sagrado de toda a Arte.

 

Obrigatório.

 

“Dumbo” tem edição portuguesa e anda a bom preço.

Realizadores: Ben Sharpsteen, Samuel Armstrong, Norman Ferguson, Wilfred Jackson, Jack Kinney, Bill Roberts, John Elliotte (sem crédito)

Argumentistas: Joe Grant, Dick Huemer, Otto Englander, Bill Peet, Aurelius Battaglia, Joe Rinaldi, Vernon Stallings, Webb Smith, baseado no livro de Helen Aberson & Harold Pearl

Vozes: James Baskett, Herman Bing, Mel Blanc, Edward Brophy, Jim Carmichael, Verna Felton, Noreen Gammill, Sterling Holloway

 

Site – https://movies.disney.com/dumbo

 

Trailer

 

Filme

 

Orçamento – 950.000 Dólares

Bilheteira – 1.6 milhões de Dólares

 

“Melhor Música”, nos Oscars 1942. Tentou também a “Melhor Canção” (“Baby Mine”), mas perdeu para “The Last Time I Saw Paris” (“Lady Be Good”).

“Melhor Animação”, em Cannes 1947.

“Top 10 do Ano”, pela National Board of Review 1941.

“Filme a Preservar”, pelo National Film Preservation Board 2017.

O livro de Helen Aberson & Harold Pearl insere-se num tipo de edição denominada de Roll-A-Book, que era uma espécie de livro em formato panorama.

Walt Disney ficou cativado pelo estilo do livro, pelo personagem e logo comprou os direitos.

Disney comprou os direitos de “Dumbo”, no sentido de fazer uma curta-metragem. Só (muito) depois deu conta que havia potencial para um filme mais longo.

Disney não tinha interesse em fazer o filme. Para cativar o seu interesse, Joe Grant e Dick Huemer deixavam partes do argumento na mesa de Disney. Este começou a ficar interessado.

Inicialmente, seria uma curta de 30 minutos. Disney pediu a Ben Sharpsteen para fazer um filme mais alargado.

Os filmes anteriores do estúdio eram mais caros e mais ambiciosos. Como não resultaram nas bilheteiras como se pretendia, Disney decidiu mudar as coisas para este filme.

Disney quis que “Dumbo” fosse uma produção curta (em tempo, equipa e orçamento). Disney queria ficar com o máximo dos lucros das receitas de “Pinocchio” (1940) e “Fantasia” (1940). “Dumbo” fica como o mais barato dos Disney Films e o seu sucesso nas bilheteiras foi superior ao somatório das de “Pinocchio” e “Fantasia”.

A RKO Radio Pictures queixou-se do facto do filme ter pouco mais de 60 minutos de duração. Pediu a Disney para o reduzir para uma curta ou dar-lhe mais metragem. Disney recusou.

Elefantes foram levados ao estúdio, para os animadores estudarem os seus movimentos.

“Dumbo” e “Snow White and the Seven Dwarfs” (1937) são os únicos Disney Films a usar aguarela nos backgrounds. Tal técnica era mais barata que o uso de gouache ou óleo.

O filme passa-se na actualidade da produção do filme – 1941.

 

Sterling Holloway (a Cegonha) e Verna Felton (a Mãe Elefante) participam pela primeira vez num Disney Film. Seriam presença regular em muitos filmes do estúdio, ao longo de 35 anos.

A canção “Baby Mine” é cantada por Betty Noyes, que dobrou Debbie Reynolds em “Singin`in the Rain” (1952).

Ficou de fora uma cena que explicava a origem de Casey Junior. Disney pediu para a retirar pois afastava-se do centro da narrativa.

Nenhum dos actores que da voz aos personagens vê o seu nome no genérico.

Na época falou-se que os corvos eram uma representação dos afro-americanos. Alguém viu isso como racismo. Felizmente alguém notou que os corvos foram vocalizados por afro-americanos e que as aves eram inteligentes e amigáveis.

É o quarto filme da Disney.

É o último Disney Film antes dos USA entrarem na guerra.

 

Dumbo ia ser a capa da “Time” em Dezembro de 1941. Mas o ataque a Pearl Harbor alterou tal.

Mesmo assim, Dumbo teve direito a um artigo na secção “Cinema” na Time desse mês.

Dumbo é o primeiro protagonista de um Disney Film a não ter falas.

É o primeiro Disney Film a passar-se nos USA.

É o primeiro Disney Film a ser editado em vídeo. Foi em 1981 e só para aluguer. A venda directa surgiu no Verão de 1982. A edição em DVD ocorreu em 2001 e 2006. O Blu-ray surgiu em 2011.

Era o quarto filme do estúdio, mas o segundo a dar lucro, depois de “Snow White and the Seven Dwarfs” (1937). “Pinocchio” e “Fantasia” (ambos de 1940) foram flops.

Foi o maior sucesso da Disney dos 40s. O sucesso só volatria em 1950 com “Cinderella”.

A canção “Baby Mine” tornou-se uma das mais populares da Disney. Teve diversas versões, ao longo de vários anos, cantada por diversos artistas, sempre com sucesso.

 

“Dumbo” é mostrado numa cena de “1941” (1979, de Steven Spielberg) – quando o Major General Joseph W. Stilwell (Robert Stack) o vê, chora tremendamente.

Está nos “1001 Movies You Must See Before You Die”, de Steven Schneider.

Leonard Maltin (um dos mais populares e respeitados críticos e historiadores de Cinema dos USA) tem em “Dumbo” um dos seus filmes preferidos. Para Maltin, a cena dos elefanes cor-de-rosa é a mais original do Cinema.

É o filme preferido de John Lasseter (o líder da Pixar).

É o filme preferido de Walt Disney, dentro dos feitos pelo seu estúdio.

“Dumbo” seria alvo de reposições nas salas em 1949, 1959, 1972 e 1976. O sucesso sempre acompanhou o filme.

A “Time” considera “Dumbo” com um dos “The 25 All-TIME Best Animated Films”.

“Dumbo’s Circus” era um programa televisivo do The Disney Channel, emitido nos 80s. Dumbo falava, o programa destinava-se a um público ainda pré-escolar e tinha objectivos didácticos.

“Walt Disney’s Dumbo: Happy to Help” é um livro editado pela Random House Disney, escrito por Liane Onish e ilustrado por Peter Emslie. Foi editado em 2001 e tinha efeitos didácticos em crianças dos 4 aos 8 anos.

“Walt Disney’s Dumbo Book of Opposites” é um livro editado pela Golden Books, em 1997, escrito por Alan Benjamin e ilustrado por Peter Emslie.

“Walt Disney’s Dumbo the Circus Baby” é um livro editado pela Golden Press, em 1993, escrito por Diane Muldrow e ilustrado por Peter Emslie. Destinava-se a bebés e educadores de infância.

“Dumbo: The Flying Elephant” é uma atracção na Disneyland.

“The Casey Jr. Circus Train” é uma atracção na Disneyland e Disneyland Paris.

Dumbo faz uma aparição no jogo “Kingdom Hearts”, lançada para a PlayStation 2.

No início dos 2000s planeou-se “Dumbo 2”. Mostraria Dumbo e alguns animais a perderem-se do circo e a procurarem o caminho de volta, enquanto passeiam e se divertem numa grande cidade. Ia apresentar novos personagens, falar sobre o pai de Dumbo e passava-se no dia seguinte ao final de “Dumbo”. O projecto ficou cancelado. Lasseter (líder criativo da Disney) cancelou todos os projectos para sequelas de clássicos da Disney.

Há muitos anos que a Disney tem feito versões cinematográficas em imagem real, vindas de clássicos de animação. “Dumbo” não é excepção. Tim Burton realiza (voltando a repetir tal feito, depois de “Alice in Wonderland”), com um elenco de luxo (Eva Green, Colin Farrell, Michael Keaton, Danny DeVito, Alan Arkin).

(esta maravilha de Cinema já aqui foi vista)

Eis o Trailer: