Título original – Deceived
Goldie Hawn é uma das grandes comediantes de sempre. Mas é também uma muito capaz actriz dramática.
Ei-la em permanente stress devido a um casamento assassino.
Adrienne encontrou em Jack o marido ideal. O casamento corre maravilhosamente.
Mas um dia, Adrienne descobre que Jack tem algumas ambiguidades e mistérios. A morte dele é um choque, mas Adrienne vai descobrir o quanto foi enganada ao longo daquele tempo.
Maridos suspeitos e esposas inquietas dão sempre origem a bom suspense e bons sustos.
Hitchcock sabia isso e por isso fez “Suspicion” (1941, com Cary Grant e Joan Fontaine; ela até ganhou o Oscar para “Melhor Actriz”) – entendamo-nos, o filme do Master of Suspense é o filme definitivo sobre tal tema.
“Deceived” pega na fórmula e segue-a de forma certinha.
Temos marido duvidoso e galante nas suas atitudes, esposa com dúvidas e atenta aos eventos, medos, sustos, surpresas, reviravoltas e até o efeito MacGuffin – o artefacto que origina todos os eventos.
Está lá tudo, de forma correcta, entretida, bem gerida.
A trama envolve, o vilão tem pinta (regra de… Hitchcock), a esposa é loira (e quem gostava de loirinhas era… Hitchcock) e anda, a partir de certa altura, com os nervos em franja.
Damian Harris dirige com eficácia, cria aqui e ali algum susto (as aparições na casa) e até brinca à Hitchcock (o cuidado com alguns detalhes).
Goldie Hawn está muito competente como esposa dedicada e mulher inquieta em busca da verdade.
John Heard convence com a sua simpatia e capacidade de inquietar.
Uma muito simpática homenagem a um modelo de suspense à Hitchcock.
Recomendável.
“Deceived” não tem edição portuguesa. Existe noutros mercados, a bom preço.
Realizador: Damian Harris
Argumentistas: Mary Agnes Donoghue, Bruce Joel Rubin (como Derek Saunders)
Elenco: Goldie Hawn, John Heard, Robin Bartlett, Ashley Peldon, Tom Irwin, Jan Rubes, Kate Reid
Trailer
Orçamento – 30 milhões de Dólares
Bilheteira – 28 milhões de Dólares
“The Mrs.” era o título inicial. Muito material promocional chegou a ser criado com esta indicação. Os produtores mudaram o título, pois Goldie Hawn estava muito associado à comédia e o título inicial não era conclusivo.
Último filme de Kate Reid, Laura Hawn e Beatrice Straight.
O filme surge numa maré súbita de muitos suspense thrillers surgidos no início dos 90s, à volta de mistérios entre maridos, esposas e amantes – “Malice” (1993, de Harold Becker, com Nicole Kidman, Alec Baldwin e Bill Pullman), este “Deceived”, “Shattered” (1991, de Wolfgang Petersen, com Tom Berenger e Greta Scacchi), “Mortal Thoughts” (1991, de Alan Rudolph, com Demi Moore, Glynne Headly e Bruce Willis), “Consenting Adults” (1992, de Alan J. Pakula, com Kevin Kline, Mary Elizabeth Mastrantonio e Kevin Spacey), “Unlawful Entry” (1992, de Jonathan Kaplan, com Kurt Russell, Madeleine Stowe e Ray Liotta), “Presumed Innocent” (1990, de Alan J. Pakula, com Harrison Ford, Raul Julia, Brian Dennehy, Greta Scacchi e Bonnie Bedelia), “Guilty as Sin” (1993, de Sidney Lumet, com Rebecca De Mornay e Don Johnson), “Sleeping With The Enemy” (1991, de Joseph Ruben, com Julia Roberts e Patrick Bergin) e “A Kiss Before Dying” (1991, de James Dearden, com Matt Dillon e Sean Young).