Título original – King Solomon’s Mines
H. Rider Haggard é um dos maiores escritores de romances de aventuras de sempre (perfeitamente ao nível de Robert Louis Stevenson, Rudyard Kipling, Edgar Rice Burroughs e Arthur Conan Doyle).
Allan Quatermain é uma das suas criações e um dos grandes aventureiros da Literatura, perfeito papá dos grandes aventureiros modernos (sim, Indiana Jones vai lá buscar ideias).
“King Solomon’s Mines” é um dos maiores romances de Haggard e do género action/adventure.
Seria uma questão de tempo até o Cinema o adaptar.
Eis a primeira versão.
Allan Quartermain, veterano caçador e batedor, lidera uma expedição em busca do pai de uma jovem mulher.
A senda leva-os à localização das míticas Minas de Salomão.
Simpática aventura B, ao melhor estilo do género nos 30s, pegando no tema clássico da procura de um tesouro em território desconhecido e hostil.
Ainda estamos longe dos tempos de grandiosas stunts, incríveis efeitos visuais e trepidante ritmo (o filme corre riscos de ser visto como “chato” ou “lento”), mas o resultado é muito satisfatório, se olharmos para a época.
Há bom equilíbrio de comédia (very british), musical (os cantares do guerreiro negro, no sentido de celebrar a terra e a jornada) e aventura (a incursão e as descoberta em território desconhecido).
Os ambientes têm algo de local e de estúdio, mas contam com boa recriação.
O argumento consegue boa fidelidade ao romance que o inspira.
Allan Quatermain é menos aventureiro do que a imagem popular que o tempo registou sobre ele, mas a atitude paternal e académica fica-lhe bem.
Boa prestação do elenco.
Um bom exemplar do cinema de aventuras dos 30s, fazendo uma correcta adaptação do clássico literário.
Recomendável.
“King Solomon’s Mines” não tem edição portuguesa, mas existe noutros mercados a bom preço.
Realizadores: Robert Stevenson, Geoffrey Barkas
Argumentistas: Michael Hogan, Roland Pertwee, Charles Bennett (sem crédito), A.R. Rawlinson (sem crédito), Ralph Spence (sem crédito), a partir do romance de H. Rider Haggard (“King Solomon’s Mines”)
Elenco: Paul Robeson, Cedric Hardwicke, Roland Young, John Loder, Anna Lee
Filme
Foi candidato a “Melhor Filme Estrangeiro”, em Veneza 1937. Perdeu para “Un Carnet de Bal”, de Julien Duvivier.
A Gaumont British anunciou o filme em 1935.
Charles Bennett seria um dos argumentistas, mas abandonou o projecto pois opunha-se à ideia de ter uma mulher numa jornada heróica como a descrita.
Allan Quatermain (nome do personagem no livro) muda Allan Quartermain (nome do personagem no filme). Isto porque o nome Allan Quatermain já estava em uso na soap opera “General Hospital”. Anna Lee era a protagonista da série e pediu que se fizesse essa mudança para o filme.
Paul Robeson não gostou da forma estereotipada como eram mostradas as tribos africanas. Algumas das cenas que as envolviam foram alteradas.
Teve algumas filmagens em KwaZulu-Natal, África do Sul. Os actores protagonistas foram substituídos por stand-ins.
Recorreu-se a tribos africanas verdadeiras.
A produção garantia que algumas das filmagens africanas decorreram nalgumas zonas mencionadas no livro.
A grande parte das filmagens foram feitas em Inglaterra, nos estúdios Shepherd’s Bush.
O filme esteve perdido durante largos anos. Julgava-se ser propriedade da MGM, pensou-se estar no Pinewood Lake, afinal estava na Rank.
É considerada como a versão mais fiel ao romance de Haggard.
O romance de H. Rider Haggard teve várias adaptações ao audiovisual:
- 1936, realizada por Robert Stevenson e Geoffrey Barkas, com Paul Robeson, Cedric Hardwicke (como Allan Quatermain), Roland Young, John Loder e Anna Lee.
- 1959, “Watusi” adapta de forma muito livre o romance; Kurt Neumann realiza, George Montgomery, Taina Elg e Rex Ingram protagonizam.
- 1950, realizada por Compton Bennett e Andrew Marton, com Stewart Granger e Deborah Kerr. É a versão mais popular e preferida do público.
- 1985, de John Lee Thompson, com Richard Chamberlain e Sharon Stone; teria sequela, derivada de um outro romance de Haggard, também protagonizado por Allan Quatermain.
- 2004, uma mini-série televisiva, com Patrick Swayze e Alison Doody.
O livro de H. Rider Haggard tem edição em Portugal. Apesar das várias edições que surgem todas derivam da (excelente) tradução feita por Eça de Queirós.
Sobre H. Rider Haggard:
https://www.goodreads.com/author/show/4633123.H_Rider_Haggard
http://www.online-literature.com/h-rider-haggard/
https://www.fantasticfiction.com/h/h-rider-haggard/
https://www.britannica.com/biography/H-Rider-Haggard