“Halloween” celebra 40 Anos.
Continua uma referência no campo do Terror e do Slasher, sendo uma constante escola de Cinema.
Eis a prenda.
Traz o regresso de Jamie Lee Curtis e John Carpenter.
40 anos passaram desde que Michael Myers fez o seu ataque e matança em Haddonfield.
Laurie Strode sobreviveu, mas tem vivido sempre com o peso da memória e com o medo do regresso de Michael.
Laurie tem filha e neta, as relações não são fáceis e o quotidiano é em constante receio.
Para a ajudar a celebrar a memória desses 40 anos, Michael vem fazer uma visita a Laurie.
Está na hora da confrontação final. Michael vem preparado. Mas Laurie também se preparou.
40 anos de “Halloween”.
Ao longo deste tempo o filme de John Carpenter, tal como o Vinho do Porto, só apurou ainda mais as suas (imensas) qualidades.
É um clássico absoluto, um cult movie de uma devoção quase religiosa, uma lição de Cinema, uma redefinição, referência e influência sobre o género desde então, bem como para novos realizadores na área.
A saga teve oito episódios, sete sequelas, mas um segue uma linha narrativa diferente (“Halloween III”).
Claro que como qualquer saga (longa), tem os seus altos e baixos – desde o bem conseguido (“Halloween H20”, “Halloween 4”, “Halloween II”) até ao medíocre (“Halloween 5”, “Halloween 6” – no seu Theatrical Cut, pois o Producer`s Cut até tem algumas valias, “Halloween: Resurrection”).
Como é óbvio, “Halloween” não fugiu ao remake – o primeiro capítulo até é meritório, já a sequela é um susto.
“Halloween” teve (boa) concorrência – “The Texas Chainsaw Massacre”, “Friday the 13th”, “A Nightmare on Elm Street”. Todos com sequelas (boas é más – só “Texas” é que teve sequela recente) e os inevitáveis remakes (só o “Texas” é que teve continuidades nessa área).
Em festa de 40 anos, porque não mais um “Halloween”?
Um que fechasse (definitivamente) o círculo narrativo.
Um que trouxesse de volta Jamie Lee Curtis e John Carpenter (era bom que The Master viesse como realizador; contudo a sua influência é notada).
Este novo “Halloween” recorda algo de “Halloween H20” – décadas depois do original, regresso de Laurie, Laurie com família, Laurie a enfrentar o trauma do passado, Laurie a ter de se confrontar definitivamente com Michael.
O que muda ou é de novo ou diferente, então?
Sendo sequela directa ao original “Halloween”, já não há aquela “proximidade” entre Laurie e Michael que se descobriu em “Halloween II”. Michael é “apenas” um ser maléfico que Laurie quer afastar da sua vida.
Como Laurie tem filha e neta, há mais diversidade de personagens em seu redor, mais situações, mais drama, mais sub-intrigas (resulta o facto de Laurie não conviver com a filha mas ter bom diálogo com a neta).
Laurie vive num pesadelo constante de um dia voltar a enfrentar Michael. Por isso, estes 40 anos não foram para vencer o trauma mas sim em preparar-se para uma guerra (Laurie vive numa casa que é toda ela um arsenal de armas e armadilhas). Ou seja, saímos da Laurie vítima, traumatizada e em fuga, para uma Laurie ainda atormentada, sim, mas com recursos e vontade de lutar.
As novidades resultam e cativam.
O argumento segue a estrutura do feito no filme original, trocando as voltas a quem vive algumas das peripécias (o que outrora foi vivido por Laurie, agora cabe à neta Allyson).
Volta-se a ilustrar um pouco do tranquilo quotidiano de Haddonfield até à perturbação pela chegada de Michael.
Volta-se a criar alguma atmosfera maligna.
Voltam-se a fazer killings off-screen e de forma sugerida.
Há lugar para um twist, que se revela desnecessário e forçado, mas que (felizmente) dura pouco.
Algumas das matanças de Michael são fiéis ao filme original (off-screen e sugestão), mas há lugar para algumas bem explícitas e sangrentas que merecem ser catalogadas como as mais violentas de Michael (o ataque na casa de banho).
Notável resulta a capacidade cinéfila do filme. São muitas as referências ao filme original e a algumas das sequelas.
Nesse aspecto, “Halloween” (2018) exige “curriculum” ao espectador.
David Gordon Green dirige com eficácia e bom-saber, bom ritmo, alguns sustos, impacto na violência e a saber gerir muito bem a tensão e o medo na confrontação final (onde consegue pôr em acção as três meninas Strode em luta contra Michael).
Não se limita a um terror atmosférico, não exagera no sangue e na violência, não imita Carpenter e até lhe faz uma brilhante homenagem (o plano-sequência usado nas primeiras matanças de Michael, depois de pôr a máscara, é admirável e está ao nível do inicio do “Halloween” original).
Boa música, com John Carpenter a criar novos temas, a fazer variações do seu tema original e, claro, a saber usar o tema clássico em momentos-chave.
Jamie Lee Curtis está de volta a uma personagem, ambientes, género e saga que ela conhece (muitíssimo) bem. Faz uma Laurie mais velha (mais até do que Jamie), mas prática, menos assustadiça, mais preparada e mais aguerrida.
Andi Matichak revela-se uma actriz interessante. Consegue alguma convicção dramática e mais ainda quando assustada. Fiel ao género, mostra ser uma capaz Scream Queen.
Adequada prestação do restante elenco.
Será mesmo o Final Chapter? Não se pode dizer. A cada um a sua conclusão.
Bonito é o plano final.
“Halloween” (2018), tal como “Halloween H20” (1998), consegue ser um término de saga muito inteligente e assustador.
É “Halloween” de volta ao seu melhor.
É a melhor das sequelas.
Muito recomendável.
“Halloween” já está nas nossas salas.
Realizador: David Gordon Green
Argumentistas: David Gordon Green, Danny McBride, Jeff Fradley, a partir de personagens criados por John Carpenter & Debra Hill
Elenco: Jamie Lee Curtis, Judy Greer, Andi Matichak, Nick Castle, Virginia Gardner, Will Patton, Haluk Bilginer, Rhian Rees, Jefferson Hall
Sites
https://www.halloweenmovie.com/?redirect=off
Orçamento – 10 milhões de Dólares
Bilheteira (até agora) – 126 milhões de Dólares (USA); 172 (mundial)
Em 2009 chegou a haver um projecto, com argumento de Patrick Lussier e Todd Farmer (“My Bloody Valentine”, de 2009). O argumento agradou, mas a produção nunca avançou (deu-se a falência da Weinstein Company, dona da Dimension). Ia-se intitular “Halloween 3-D”.
Inicialmente ia-se intitular “Halloween Returns” e centrava-se no filho de uma das vítimas de Michael. Em Dezembro de 2015, a Dimension perdeu os direitos sobre a saga e o projecto ficou cancelado.
Lucy Hale e Emma Roberts foram consideradas para Allyson, a neta de Laurie. Mas o estúdio preferiu escolher uma desconhecida, filiando o casting com o filme original (era o primeiro de Jamie Lee Curtis).
Leigh Whannell (autor das sagas “Saw”, “Insidious”, “The Conjuring”) mostrou interesse em interpretar Michael Myers.
O filme teve dois working titles – “Halloween Returns” e “Halloween H40: 40 Years Later”.
O filme é uma sequela directa a “Halloween” (1978), ignorando todas as sequelas feitas.
Produção de Jason Blum (“Paranormal Activity”, “The Visit”, “Insidious”).
O filme tem distribuição da Universal Pictures. É a primeira vez que o faz, depois de “Halloween II” (1981) e “Halloween III” (1982).
Jamie Lee Curtis regressa à saga, depois do original “Halloween” (1978), “Halloween II” (1981), “Halloween H20” (1998) e “Halloween: Resurrection” (2002).
Curtis é um dos executive producers.
Foi Jake Gyllenhaal quem convenceu Curtis a regressar à saga. Gyllenhaal é grande amigo de Curtis e da sua família.
Nick Castle volta a interpretar Michael Myers – já o tinha feito no filme orignal.
John Carpenter regressa à saga – é executive producer e autor da música (na companhia do filho Cody).
Carpenter diz que este será o último filme da saga. Mesmo assim, há contratos para sequelas.
Danny McBride disse que havia o projecto de filmar o filme back-to-back com a sequela.
A máscara de Michael inspira-se na usada no remake de Rob Zombie (feito em 2007).
“Cameo“ do Dr. Sam Loomis – a sua voz e as fotografias dele no dossier sobre Michael Myers.
Cameo de P.J. Soles (uma das meninas do filme original) – a professora na sala de aulas.
A estação de combustível é a uma réplica da vista em “Halloween 4” (1988).
Apesar do filme ignorar todas as sequelas, tem vários momentos em que homenageia cenas desses filmes.
É o mais longo episódio da saga – 109 minutos.
Nos USA, o filme estreou na data de nascimento de Michael Myers – 19 de Outubro.
Em números redondos (e o filme ainda só está a concluir a sua segunda semana), “Halloween” (2018) é o episódio da saga de maior sucesso nas bilheteiras (algo que já tinha acontecido com “Halloween H20”).
Jamie Lee Curtis afirma que “Halloween” (2018) está ao nível de “Halloween” (1978).