Título original – Halloween: Resurrection
“Halloween H20” (1998) era o título que comemorava os 20 anos de “Halloween” e procurava pôr um fim definitivo na saga, continuando a história a partir de “Halloween 2”, ignorando “H4”, “H5” e “H6”.
Como o filme foi um sucesso, porque não mais um episódio?
E porque não fazer uma ressurreição de quem morreu?
Três anos depois de “H20”, eis que Michael Myers regressa (ressuscita, portanto), pronto para a confrontação definitva com Laurie, a sua irmã.
A equipa de um reality show decide fazer um na casa antiga de Michael.
Só que Michael anda por lá e quer sossego. Nem que seja preciso dar umas facadas nos intrusos.
Que comece o show.
“Halloween H20” deveria ser o capítulo final da saga.
E assim pode (e deve) ser visto. Numa das (muitas) formas de ver a saga.
(sobre a nova continuação/conclusão vinda em 2018, iremos lá em breve)
Seguindo a “boa aprendizagem” de “H5” e “H6” (o que cada um fez face ao episódio anterior), também “HR” começa “bem” ao estragar tudo face ao final de “H20”.
Tendo em conta o que acontece ao fim de 15 minutos, pode-se dizer que a saga termina mesmo ali, dá-se a resolução definitiva entre Laurie e Michael, fica definido quem ganha e pronto.
Ou seja, “HR” devia ser uma short de apenas 15 minutos.
Mas façamos de conta que os primeiros 15 minutos de “Halloween: Resurrection” deveriam fazer parte da footage de “Halloween H20”, ilustrando o pesadelo de Laurie e que origina a sua entrada em cena aos gritos.
Portanto, olhemos para o resto da metragem de “Halloween: Resurrection” como um spoof (até Jamie Lee Curtis pensou assim), um rip-off, um episódio de “Scary Movie” ou até mesmo como um pesadelo de Laurie depois de “H20”.
Tendo em conta que o filme retrata um reality show, o filme é tão scary como qualquer um desses esgotos televisivos.
Mais scary ainda são os personagens em cena e os actores que os “interpretam”.
“H5” acaba por ser uma masterpiece de Arte & Ensaio face a este “HR”.
Sustos à solta numa casa até resulta (“The Evil Dead”).
É interessante a ideia de explorar a casa de Michael Myers e como ele se comporta por lá. Mas só fica a ideia. O resultado é desastroso.
Os criadores deveriam ter aprendido algo com John Carpenter e com o que ele fez em “Prince of Darkness” – suspense fechado, terror constante, presença do Mal permanentemente sentida.
Mas não. Temos é uns personagens idiotas (qual o mais?) e é uma enorme alegria quando Michael despacha mais um.
Rick Rosenthal conhece a saga (dirigiu “Halloween II”), mas parece que desaprendeu o que bem fez nesse filme (apesar das suas limitações e erros, até se consegue boa atmosfera). O uso constante de planos first person e em monitores televisivos só causa dispersão e a imagem tem péssima definição.
“HR” é mais comédia do que terror (ou então o terror é sabermos que alguém quer que o filme seja de terror).
Final como seria de esperar – aberto a “H9” (felizmente que não aconteceu – bom, vieram os remakes de Rob Zombie, mas depois veremos isso).
Menos mal que a máscara de Michael é bem scary.
“HR” vale pela diversão que causa. Tão mau que diverte mesmo por isso. Acaba mesmo por ser o mais divertido episódio da saga. Nunca foi tão divertido ver Michael Myers a matar pessoas.
É uma (suposta) Resurrection, mas não de ideias ou rumos para a saga, apenas de um personagem. É pouco, quase nada.
“Halloween”, John Carpenter e Michael Myers merecem mais e melhor.
Vê-se…
“Halloween: Resurrection” não tem edição portuguesa. Existe noutros mercados a bom preço.
Realizador: Rick Rosenthal
Argumentistas: Larry Brand, Sean Hood, a partir de personagens criados por John Carpenter & Debra Hill
Elenco: Jamie Lee Curtis, Brad Loree, Busta Rhymes, Bianca Kajlich, Thomas Ian Nicholas, Ryan Merriman, Sean Patrick Thomas, Tyra Banks, Daisy McCrackin, Katee Sackhoff, Luke Kirby, Josh Hartnett, Donald Pleasence, Nancy Stephens
Trailer
Entrevistas
Making of
Sites
https://www.miramax.com/movie/halloween-resurrection/
Orçamento – 15 milhões de Dólares
Bilheteira – 30 milhões de Dólares (USA); 37 (mundial)
Body Count – 10
“Melhor Colecção em DVD/Blu-Ray” (“Halloween”), nos Saturn 2015.
Nomeado para “Pior Filme”, nos Fangoria Chainsaw 2003. Perdeu para “Feardotcom”.
O título inicial era “Halloween: The Homecoming”, mas perante a ideia da ressurreição de Michael Myers, optou-se por “Halloween: Resurrection.”
Os produtores de “H20” nunca viram o filme como o final da saga. Mas Jamie Lee Curtis (protagonista também do filme original e de “H2”) queria que sim. Foi Kevin Williamson (o criador da saga “Scream” e executive producer de “H20”) que acalmou os ânimos e deu uma solução narrativa intermédia. Curtis exigiu que o final de “H20” não desse pistas que haveria uma sequela.
Curtis concordou em participar nesta nova sequela, desde que assegurassem que a sua personagem não regressaria em mais sequelas.
Ao contrário do que se publicitou na época (que Curtis tinha adorado o argumento), na verdade a actriz participou porque estava obrigada por contrato.
Curtis sempre achou que a ideia de se fazer este novo filme era piada.
Os executives da Miramax queriam continuar a saga com um novo rumo e personagens. Mas uma sodagem mostrou que (algum) o público queria mais Michael Myers.
Dwight H. Little (realizador de “H4”) recusou a realização.
Danielle Harris (a sobrinha de Michael em “H4”, “H5” e “H6”) foi considerada para protagonista.
Rick Rosenthal regressa à saga, depois de ter assinado “Halloween II” (1981). Na época, Rosenthal quixou-se de lhe terem alterado o seu cut ao colocarem algum gore. Neste novo filme, Rosenthal aposta em mais… gore.
Filmado no Canadá.
É o único filme da saga filmado fora dos USA.
Bianca Kajlich não conseguia gritar, pelo que foi dobrada na pós-produção.
O filme foi alvo de filmagens adicionais, no sentido de tornar o filme mais forte.
Quatro finais foram filmados. O realizador até pensou ter esses diversos finais em vários cuts, espalhados por diferentes salas.
Eis alguns:
O filme ignora “H4”, “H5” e “H6”.
Num momento vê-se uma câmara de videovigilância a mostrar Michael num corredor. Tal recorda um momento semelhante em “H2”.
A serra eléctrica vista num momento recorda a de Leatherface, vista no original “The Texas Chainsaw Massacre”.
Cameo de Rick Rosenthal – o professor.
Tal como em “H2”, também neste novo episódio Michael é alvo de um incêndio.
É neste filme que se diz qual a data de nascimento de Michael Myers – 19 de Outubro de 1957.
Curtis apenas aparece nos primeiros 15 minutos.
Curtis nunca gostou deste novo filme e sempre manifestou que “H20” deveria ter sido o final da saga (foi sempre esse o objectivo da actriz).
Planeou-se uma nova sequela. Josh Hartnett (que interpreta o filho de Curtis/Laurie em “H20”) iria regressar e vingar a mãe.
Apesar dos planos para uma nova sequela, tudo se cancelou quando Rob Zombie ficou encarregue de um remake do filme original, em 2007.
Perante o destino de Laurie, só as sagas “Hellraiser”, “Scream” e “Friday the 13th” permitem que o/a protagonista sobreviva nos confrontos face ao assassino. Mas como Laurie/Jamie Lee Curtis está de volta no novo “Halloween” (2018), esta regra já inclui “Halloween”.
Em 2016 foi anunciado um novo capítulo, mas no alinhamento do filme original. John Carpenter regressa à saga, como produtor, compositor e consultor criativo. David Gordon Green e Danny McBride escrevem, com Green a realizar. Jamie Lee Curtis também regressa e protagoniza. O fime vai-se chamar apenas “Halloween”, continua a história a partir do clássico de 1978 e vai ignorar todas as sequelas ao filme de Carpenter. É o filme comemorativo dos 40 anos de “Halloween”.