Título original – Halloween H20: 20 Years Later
“Halloween” celebrava 20 anos.
Era mesmo necessário um filme que celebrasse tal (da melhor forma).
Semi-reset à saga (continua-se a partir de “H2”) e Jamie Lee Curtis regressa.
Objectivo? Concluir a saga.
Laurie Strode vive aparentemente em sossego, 20 anos depois dos ataques de Michael Myers. Laurie vive com outro nome, tem um filho, tem um companheiro e é uma bem-sucedida professora num prestigiado colégio.
Mas o passado não cessa de a atormentar psicologicamente. Laurie acredita sempre que a qualquer momento Michael irá regressar.
Assim acontece. Mas para Laurie, agora é a vez do conflito definitivo.
Na celebração dos 20 anos, a saga regressa às origens – Laurie/Jamie está de volta, novamente o confronto entre Laurie e Michael, tom a retomar o filme original.
É um regresso em boa forma, que procura (de forma correcta) dar uma explicação sobre o que aconteceu 20 anos antes e ao longo deles.
Há bom desenvolvimento dos personagens.
Bem tratada está a vida de Laurie nestes 20 anos, com o argumento a dar o devido ênfase (com excelente cumplicidade da actriz) ao trauma psicológico dela.
Passada esta fase “dramática”, queremos é ver Michael em acção e o duelo final com Laurie.
Antes ainda temos um eficaz prólogo em jeito de homenagem ao filme original – cena-susto, um par de kilings, a “presença” do Dr. Sam Loomis, a presença da enfermeira Marion, o tema musical de John Carpenter, explicações sobre o que aconteceu em “Halloween” e ao longo de 20 anos.
Quando Michael chega à escola, regressamos ao tom atmosférico e tenso que marca o bom nível da saga.
E, de repente, finalmente! Finalmente aquele plano, aquele momento! – Laurie e Michael face-a-face, 20 anos depois.
Duelo selvagem e implacável, mas também onde conta a astúcia (de ambos).
O filme tem a marca de Kevin Williamson (a saga “Scream” – onde tanto se brincava e homenageava “Halloween”, bem como tantos emblemáticos filmes de terror slasher) e isso percebe-se a todo o momento – os sustos divertidos, as referências cinéfilas (ao tema, ao género, à saga), prólogo que é uma scary set-piece.
Jamie Lee Curtis continua uma grande Scream Queen (na sua entrada em cena ela “abana com a cristaleira”), mas a idade deu-lhe aguerrida atitude kick-ass (quando ela decide enfrentar Michael – a este nível, só mesmo quando Ellen Ripley vai resgatar Newt, em “Aliens”).
Adequada prestação do restante elenco.
Steve Miner vinha do terror old school (assinou os episódios 2 e 3 de “Friday the 13th”). Mostra que percebe do género, dirige com eficácia e ritmo (o filme dura menos de 90 minutos – menos que o filme original), cria boa tensão (principalmente no conflito final).
A máscara de Michael é scary e remete para o filme original.
Uma digna celebração de um classico mítico do Cinema.
Uma digna continuação e conclusão.
Muito recomendável.
“Halloween H20: 20 Years Later” não tem edição portuguesa. Existe noutros mercados, a bom preço.
Realizador: Steve Miner
Argumentistas: Robert Zappia, Matt Greenberg, a partir de personagens criados por John Carpenter & Debra Hill
Elenco: Jamie Lee Curtis, Josh Hartnett, Adam Arkin, Michelle Williams, Adam Hann-Byrd, Jodi Lyn O’Keefe, Janet Leigh, LL Cool J, Joseph Gordon-Levitt, Nancy Stephens. Chris Durand
Trailer
Making of
25 Anos de “Halloween”
Sites
https://www.miramax.com/movie/halloween-h20/
Orçamento – 17 milhões de Dólares
Bilheteira – 55 milhões de Dólares
Mercado doméstico – 21 milhões de Dólares
Body count – 7 (2 off-screen)
“Melhor Colecção em DVD/Blu-Ray” (“Halloween”), nos Saturn 2015.
Nomeado para “Melhor Filme – Terror”, nos Saturn 1999. Perdeu para “Apt Pupil”. Jamie Lee Curtis tentou ser “Melhor Actriz”, mas perdeu para Drew Barrymore em “EverAfter”.
Nomeado para “Melhor Filme”, em Sitges 1998. Perdeu para “Cube”.
O título inicial era “Halloween 7: The Revenge of Laurie Strode”.
Kevin Williamson (o criador da saga “Scream” – que muito brincava e homenageava o slasher, “Halloween” incluído) foi o grande mentor criativo de “H20”. Williamson chegou a escrever uma cena onde se fazia a continuidade face a “H4”,”H5” e “H6”.
O argumento de Williamson envolvia uma nova personagem (Rachel Loomis, filha do Dr. Sam Loomis, que tinha acesso aos dados do pai sobre Michael e Laurie) e um final mais elaborado (uma perseguição entre um helicóptero e uma ambulância).
Williamson fez supervisões ao argumento e escreveu os diálogos entre os estudantes (onde se faz muita referência a pop-culture e ao cinema de terror).
O argumento de Williamson estava em continuidade com todos os episódios de “Halloween”. Robert Zapia e Matt Greenberg decidiram ignorar os episódios 4, 5 e 6, fazendo continuidade a partir de “H2”.
Numa versão prévia do argumento, o assassino era um dos alunos, que fazia copycat dos crimes de Michael Myers.
Jamie Lee Curtis fez o filme como um Obrigado aos fãs da saga, do terror e dela, pois sem o sucesso de “Halloween” e da actriz no terror, Curtis considera que nunca teria uma carreira no Cinema.
P.J. Soles (uma das meninas do “Halloween” original) foi convidada para participar, mas nunca tomou uma decisão. Janet Leigh foi então chamada.
Josh Hartnett tinha sérias dúvidas à volta do filme, até que soube da participação de Curtis.
Michelle Williams aceitou participar sem ter visto algum filme da saga.
Josh Hartnett e Jodi Lyn O’Keefe nasceram no ano de “Halloween” (1978). Joseph Gordon-Levitt nasceu no ano de “Halloween II” (1981), Adam Hann-Byrd nasceu no ano de “Halloween III” (1982).
LL Cool J viu o filme original com 9 anos. É um grande fã da saga.
“Halloween: H20” é o sétimo filme da saga. H2O é o simbolo químico da água, com um PH de 7.0.
Inicialmente, o filme ia ser lançado para o mercado doméstico. Só quando Curtis aceitou participar é que se viu potencial de bilheteira nas salas.
John Carpenter foi convidado para ser o realizador, a pedido de Jamie Lee Curtis, pois a actriz queria uma reunião com o máximo de elementos do filme original. Carpenter aceitou e pediu um salário de 10 milhões de Dólares (era o valor que o cineasta achava que estúdio e produtores lhe deviam pelo sucesso do filme original, pois o autor nunca recebeu a devida parte dos lucros). Estúdio e produtores recusaram, e Carpenter saiu de cena.
Jamie Lee Curtis e Janet Leigh são filha e mãe na vida real. Já se tinham encontrado em “The Fog” (1980, de… John Carpenter). Ambas são protagonistas de dois dos maiores filmes de terror de sempre – “Halloween” (1978, de John Carpenter) e “Psycho” (1960, de Alfred Hitchcock). Na época, “Halloween” foi considerado como o melhor filme de terror desde… “Psycho”.
É o primeiro filme de Leigh desde “The Fog”.
Steve Miner já tinha bom curriculum no terror e em sagas do género – assinou “Friday the 13th – Part II” (1981) e “Friday the 13th – Part III” (1982).
Miner e Curtis reencontram-se depois de “Forever Young” (1992).
Chris Durand interpreta Michael Myers.
Miner chamou Jerry Goldsmith para compor a música. Os dois já se tinham encontrado em “Warlock” (1989) e “Forever Young” (1992).
A música é de John Ottman (o habitual de Bryan Singer) e Marco Beltrami (a saga “Scream”).
No genérico inicial ouve-se a voz do Dr. Loomis. Como Donald Pleasance já tinha falecido, recorreu-se a Tom Kane, um artista de imitações.
Num momento alguém diz “20 years from now, you’re still gonna be living with her, probably running some weird motel, out in the middle of nowhere” – referência a “Psycho”, com Janet Leigh, mãe de Jamie Lee Curtis.
O carro da personagem de Leigh é igual ao que a actriz conduzia em “Psycho”. A matrícula também é igual. A música que se ouve é vinda do mesmo filme.
Michael usa diferentes máscaras. A produção começou com a máscara antiga, mas depois o realizador decidiu o uso de uma nova.
Um momento recorda um igual no filme original – quando uma aluna olha e vê Michael, para depois voltar a olhar e ele estar desaparecido.
Numa cena, Leigh queixa-se a Curtis do mau funcionamento de um chuveiro. Leigh foi morta num chuveiro, em “Psycho”.
Num momento, vê-se num televisor uma cena de “Scream 2” (escrito por Williamson).
Num momento assiste-se ao filme “Plan 9 from Outer Space” (1959).
Num momento, a personagem de Leigh diz a Curtis “If I may offer some maternal advice…” – Janet é a mãe de Jamie.
A line “everyone is entitled to one good scare” é dita em “Halloween” e “Halloween H20” – no filme original é dita pelo Sheriff, no novo filme é dita pela personagem de Leigh.
“Do as I say” – diz Laurie quando procura pôr dois estudantes a salvo; Laurie diz a mesma coisa a duas crianças, no filme original.
Segundo Curtis, a visão de Michael Myers ainda a assustava, mesmo 20 anos depois.
Na cena final, Michael iria falar – diria “Laurie“, mas a ideia foi rejeitada.
Grande parte da música de John Ottman foi rejeitada. O filme recorreu a temas que Marco Beltrami compôs para “Scream”, “Scream 2” e “Mimic”.
O final criou grandes confusões entre realizador, produtores, executives, argumentistas e protagonista. Inicialmente, a cena final era para pôr um fim na saga e resolver tudo entre Laurie e Michael. Mas produtores e executives queriam mais sequelas. Kevin Williamson tinha escrito a morte de Michael (era trucidado pela hélice de um helicóptero), outros drafts punham Laurie a esfaqueá-lo em pleno coração. Moustapha Akkad queria Michael vivo e fazer mais episódios. Os Weinstein queriam Michael morto. Os argumentistas chegaram a receber ordens para escreverem dois finais (um seria o filmado, o outro constaria do draft enviado a Akkad). Coube a Williamson (grande perito em supresas e twists) fazer um final que servia como final de saga (para quem quisesse parar em “H20”) e um twist a tal que seria o início de “H8”.
Perante tanta ganãncia em mais episódios, Curtis acabou por fazer o filme apenas movida pelo dinheiro que lhe pagavam.
O filme é dedicado a Donald Pleasence, falecido em 1995 (depois de filmar “H6”). Pleasence aparece no genérico inicial, em fotos. A “sua voz” também é usada, como forma de explicar o que ocorreu há 20 anos e ao longo desse tempo.
Nancy Stephens regressa (vinda de “Halloween” e “Halloween II) como a enfermeira colega do Dr. Loomis.
É o episódio mais curto da saga – 86 minutos.
Foi o segundo filme de maior sucesso da saga.
Depois da estreia do filme, Jamie Lee Curtis ganhou a sua estrela no Hollywood Walk of Fame.
Jamie regressaria (por obrigação contratual) à saga, em “Halloween: Resurrection” (2002).
A versão televisiva mostra mais cenas.
Ei-las:
Segredos
https://weminoredinfilm.com/2017/10/31/9-things-you-may-not-know-about-halloween-h20/
Jamie Lee Curtis sobre “Halloween H20”
http://wegotthiscovered.com/movies/jamie-lee-curtis-halloween-h20-money-gig/