Título original – Hustle
Robert Aldrich foi sempre um mestre para um certo tipo de cinema viril.
Fosse no western (“Vera Cruz”), no noir (“Kiss Me Deadly”), no bélico (“The Dirty Dozen”) ou mesmo no suspense (“Whatever Happened to Baby Jane”).
A sua actividade decorreu até aos 70s.
Eis um título do seu final de carreira, onde Aldrich revisita o Noir.
Los Angeles.
Phil Gaines, cínico e duro agente dos Homicídios, investiga o aparente suicídio de uma jovem.
Parece ser um caso simples, mas há muitas ligações da jovem com o mundo da prostituição e da pornografia.
Por outro lado, o pai da jovem mete-se em campo, sedento de vingança.
Policial adulto, viril, violento e desencantado, onde se retrata alguma da decadência da sociedade 70s na City of Angels.
A comandar tudo está uma love strory de duas almas decepcionadas com a vida e com a sociedade.
Tal história embate um cínico e uma romântica, embora cada um crente num amanhã melhor para ambos.
No meio da modernidade (passa-se tudo os 70s), o filme consegue uma cinéfila revisitação dos códigos do noir e policial 40s.
Robert Aldrich já estava em final de carreira, mas ainda sabia dar punch a um filme deste género (não esquecer que ele assinou “Kiss Me Deadly” um dos mais implacáveis noir de sempre).
Burt Reynolds muito bem, como um polícia duro e desencantado, mas ainda preso a códigos de valores. É uma das suas melhores performances.
Catherine Deneuve dá ao filme a devida componente romântica.
Boa prestação do restante elenco.
Uma revisitação moderna, mas também nostálgica e sentimental, do Noir clássico.
Vindo de uma época onde Holywood revisitava o género, com muitos felizes exemplos (“Chinatown”, “Farewell My Lovely”, “The Long Goodbye”).
Um pequeno clássico do género.
Muito recomendável.
“Hustle” tem edição portuguesa e anda a preço “angélico”.
Pode ser uma raridade nas nossas lojas. Algumas edições europeias estão a bom preço e têm legendas em Português.
Realizador: Robert Aldrich
Argumentista: Steve Shagan
Elenco: Burt Reynolds, Catherine Deneuve, Ben Johnson, Paul Winfield, Eileen Brennan, Eddie Albert, Ernest Borgnine, Catherine Bach
Orçamento – 3 milhões de Dólares
Mercado doméstico – 10 milhões de Dólares
Trailer
Segundo e último filme da parceria Burt Reynolds/Robert Aldrich, depois de “The Longest Yard” (1974). Ambos contaram também com Eddie Albert. Actor e realizador fundaram a companhia RoBurt.
Catherine Deneuve volta a interpretar uma call-girl, depois de “Belle de Jour” (1967, de Luis Buñuel).
É o sexto e último filme que Ernest Borgnine fez para Robert Aldrich.
Reencontro entre Reynolds e Eileen Brennan, depois de “At Long Last Love” (1975, de Peter Bogdanovich).
Num momento, os personagens de Reynolds e Deneuve vão ver um filme. É “Un Homme et Une Femme” (1966, de Claude Lelouch). Curiosamente, Deneuve e Lelouch trabalhariam juntos anos depois – “Si C’Était à Refaire” (1976) e “À Nous Deux” (1979).
Cameos:
Robert Englund – o assaltante, no final; era o terceiro filme do actor.
Fred Willard – um dos interrogadores.