Título original – From Noon Till Three
Charles Bronson mostra o seu lado cómico e romântico.
Inesperado, não?
Jill Ireland (a sua esposa) inspira-o a tal.
Depois de assaltarem um banco, um grupo de homens encontra refúgio numa quinta, governada por uma jovem viúva.
Enquanto os outros seguem viagem, o líder do gang decide ficar.
A relação entre o outlaw e a Madame começa de forma tensa e conflituosa, mas com o tempo surge carinho e cumplicidade.
Estamos em tempos do faroeste, mas é o tom da comédia romântica e sexual que governa a narrativa, com alguns tiques de screwball.
Diverte (imenso) ver Charles Bronson galante, cavalheiro e sedutor, em busca de uma cura para a sua incapacidade de se apaixonar.
O humor convence, muito por causa da química (perfeita) entre Charlie e Jill Ireland.
Boa música do grande Elmer Bernstein – um habitual do Western (“The Magnificent Seven”).
Fotografia correcta do emblemático Lucien Ballard- um habitual do Western (“Will Penny”, “Hour of the Gun”, “Nevada Smith”, “The Sons of Katie Elder”, “True Grit”), principalmente com Sam Peckinpah (“The Ballad of Cable Hogue”, “The Wild Bunch”), com presença em Charles Bronson (“St. Ives”, “Breakheart Pass”, “Breakout”).
Lamenta-se que a segunda metade resvale para um (desnecessário) melodrama, que apesar de brincar com uma ideia de John Ford (“When the legend becomes fact, print the legend”), acaba por ser desajustada com o tom de paródia que vinha até então.
Uma comédia em tempo de cowboys, onde se mostra o lado humorístico e sentimental de Charles Bronson.
Recomendável.
“From Noon Till Three” não tem edição portuguesa, mas existe noutros mercados a bom preço.
Realizador: Frank D. Gilroy
Argumentista: Frank D. Gilroy, a partir do seu romance
Elenco: Charles Bronson, Jill Ireland
Trailer
Filme
Nomeado para “Melhor Canção”, nos Globos de Ouro 1977. Perdeu para “A Star Is Born”.
Frank D. Gilroy deixou Charles Bronson e Jill Ireland à vontade nas interpretações, incentivando a improvisação, procurando que ambos se comportassem como na vida real.
Bronson e Ireland trabalharam juntos por 15 vezes – “Villa Rides” (1968), “Le Passager de la Pluie” (1970), “Città Violenta” (1970), “Cold Sweat” (1970), “Quelqu’un Derrière la Porte” (1971), “The Valachi Papers” (1972), “The Mechanic” (1972), “Chino” (1973), “Breakout” (1975), “Hard Times” (1975), “Breakheart Pass” (1975), “From Noon Till Three” (1976), “Love and Bullets” (1979), “Death Wish II” (1982), “Assassination” (1987).
Bronson fez muitos Westerns (19). Este é o seu penúltimo. Só faria depois “The White Buffalo” (1977). Os 70s seriam activos para o actor nesse género – “Chino” (1973), “Red Sun” (1971), “Chato`s Land” (1972), “From Noon Till Three” (1976), “Breakheart Pass” (1975) e “The White Buffalo” (1977).
1976 foi um ano activo para Bronson – faria também “St. Ives” (1976), “Raid on Entebbe” (1976).
Na época publicitou-se que o personagem de Bronson era muito semelhante ao Charlie da vida real.
Cameos:
Elmer Bernstein e Alan Bergman (autores da música e canção) – os compositores que surgem numa cena.
Os 70s trariam títulos que seriam uma desconstrução de alguns arquétipos do Western – um era este “From Noon Till Three”, havendo também “The Missouri Breaks” (1976, de Arthur Penn, com Marlon Brando e Jack Nicholson), “Buffalo Bill and the Indians / Sitting Bull’s History Lesson” (1976, de Robert Altman, com Paul Newman), “McCabe & Mrs. Miller” (1971, de Robert Altman, com Warren Beatty e Julie Christie), “The Life and Times of Judge Roy Bean” (1972, de John Huston, com Paul Newman).