Título original – The Riddle of the Sands
Respeitável trio britânico num conto de espionagem sobre um evento que poderia ser um perigo para a Europa.
Holanda, 1901.
Dois amigos ingleses descobrem um plano do Kaiser para invadir a Inglaterra, a partir de uma zona de costa desprotegida, próximo da costa holandesa.
Mistério sinuoso e progressivo (o espectador sabe tanto como os protagonistas), que pega num ideia lógica, plausível e perigosa (a Alemanha a invadir a Inglaterra, por um lado desprotegido da sua costa), resultando num spy thriller envolvente, cativante, engenhoso e bem contado.
Tudo está em moldes clássicos (não há aqui espectáculo pirotécnico e sonoro), onde se privilegia a intriga e o suspense, o diálogo e a perspicácia, os personagens e as interacções, com menos acção musculada.
Muito bom aproveitamento da paisagem, que se torna uma personagem extra.
Excelentes cenas aquáticas, bem filmadas (the real deal, são mesmo na água, não em estúdio, com cenários ou CGI).
Michael York e Simon MacCorkindale convencem e mostram cumplicidade – York como um gentleman maneirista (e os seus modos snob perante as dificuldades nas condições do iate), MacCorkindale com um desenrascado descontraído.
Jenny Agutter (sempre linda) cativa como o árbitro sentimental.
Um pequeno clássico do spy thriller dos 70s, quando Made in UK.
Muito recomendável.
“The Riddle of the Sands” não tem edição portuguesa, mas existe noutros mercados, a bom preço.
Realizador: Tony Maylam
Argumentisrtas: Tony Maylam, John Bailey, a partir do romance de Erskine Childers
Elenco: Michael York, Jenny Agutter, Simon MacCorkindale, Alan Badel, Wolf Kahler
Trailer
Orçamento – 1 milhão de Libras
Erskine Childers era um veterano do exército britânico, que participou na Guerra dos Boers e na Primeira Guerra Mundial. Tornou-se um revolucionário na Irlanda e seria morto.
Michael Powell, Sir Michael Balcon e Sir Alexander Korda tentaram comprar os direitos do livro de Childers, mas a sua viúva nunca os vendeu.
Tudo ficou mais fácil quando os direitos do livro caíram no domínio público.
Tony Maylam e Drummond Challis formaram uma companhia de produção e procuraram financiamento junto da Rank Organisation, que tinha decidido voltar à produção cinematográfica.
É o primeiro filme de Maylam.
O argumento é muito fiel ao livro, com excepção do final.
Alan Badel foi convocado à última da hora, depois do actor inicial (Paul Scofield) ter abandonado a produção.
Jenny Agutter e Simon MacCorkindale aprenderam navegação em iates antes do começo das filmagens.
Reencontro entre Jenny e Michael York, depois de “Logan’s Run” (1976).
Filmado na Holanda e na Alemanha.
Feito em 1979, o filme só seria estreado nos USA em 1984.
O romance de Childers é considerado como o primeiro spy thriller.
John Buchan (autor de “The 39 Steps”) considerou o romance de Childers como “o melhor romance de aventuras deste quarto de século” (o livro de Childers é de 1903, o livro de Buchan é de 1915; é possível que Buchan se tenha manifestado assim dentro deste intervalo).
O romance de Childers seria alvo de uma nova versão em 1987, num telefilme de produção alemã.
Sobre Erskine Childers:
https://www.britannica.com/biography/Robert-Erskine-Childers
https://www.phrases.org.uk/quotes/last-words/erskine-childers.html
https://www.glasnevintrust.ie/visit-glasnevin/interactive-map/robert-erskine-childers/
http://www.ireland-information.com/articles/douglashyde.htm
https://www.rmg.co.uk/discover/explore/erskine-childers
https://www.goodreads.com/author/show/230318.Erskine_Childers