Título original – The Killers
Robert Siodmak é um dos grandes mestres do Film Noir.
Eis um filme que prova porquê.
Adapta um conto de Ernest Hemingway.
Tem um sedutor par protagonista.
Burt Lancaster estreia-se em Cinema.
Dois assassinos chegam a uma pequena povoação e matam um habitante local, que gozava de boa reputação.
Um investigador de uma companhia de seguros procura saber porquê e mais sobre a vida da vítima.
Descobre um passado carregado de erros, lapsos do destino e os efeitos de um amor destrutivo.
Temos Gangster FIlm, Film Noir e um Whodunit policial.
Tudo nos é contado em flashback fragmentado, mas tudo está engenhosamente alinhado e com lógica.
Tal como o protagonista, o espectador acompanha a resolução de um mistério, sabendo tanto como o inspector.
É o mistério de um crime que domina a narrativa, mas o que tudo origina é uma paixão desmedida, nunca correspondida, sempre traída.
É esta variedade de géneros, a combinação de violência e romance, a organização da narrativa, o tom e a permanente procura do porquê que arrebata o espectador e torna o filme notável.
Robert Siodmak dirige com garra, sabendo criar uma atmosfera dura, plena de mistério, com boas ideias de mise-en-scène (o assalto à fábrica, o confronto no bar).
Excelente música do grande Miklós Rózsa.
Burt Lancaster muito capaz, entre o durão e o apaixonado fragilizado.
Ava Gardner está bem fatal e manipuladora.
Edmond O`Brien defende bem o seu empenhado personagem.
Ernest Hemingway (autor do conto que inspira o argumento) sempre foi atento à natureza humana e aos seus sentimentos.
Nesta sua história, mostra como assassinos não são apenas aqueles que apertam o gatilho, mas também os que dilaceram o coração de uma pessoa.
Um grande clássico.
Obrigatório.
“The Killers” não tem edição portuguesa, mas existe noutros mercados, a bom preço.
Realizador: Robert Siodmak
Argumentista: Anthony Veiller, a partir de um conto de Ernest Hemingway Elenco: Burt Lancaster, Ava Gardner, Edmond O’Brien, Albert Dekker, Sam Levene, Charles McGraw, William Conrad
Mercado doméstico – 2.5 milhões de Dólares
Trailer
O filme teve nomeações para os Oscars 1947 – “Melhor Realizador” e “Melhor Argumento”. Perdeu, respectivamente, para William Wyler (por “The Best Years of Our Lives”) e “The Best Years of Our Lives”.
“Melhor Filme”, nos Edgar Allan Poe 1947.
“Top 10 do Ano”, pela National Board of Review 1946.
“Filme a Preserver”, pelo National Film Preservation Board USA 2008.
Ernest Hemingway teceu grandes elogios ao filme.
É o primeiro filme de Burt Lancaster. E é logo protagonista.
Lancaster fica com o personagem perante a indisponibilidade de Wayne Morris e Sonny Tufts.
Lancaster era um antigo acrobata de circo e o produtor Mark Hellinger gostou dele depois de ver uma audition.
Lancaster chegou a treinar boxe por causa de uma cena.
Don Siegel chegou a ser ponderado como realizador. “Por acaso”, Siegel seria o realizador da versão de 1964.
Só até à execução do protagonista é que o argumento segue o conto de Hemingway. A partir daí, tudo surge pela criatividade do argumentista.
O argumento é de John Huston e Richard Brooks. Nenhum deles ficou com o crédito.
Lancaster e o produtor Hellinger reencontrar-se-iam em mais dois filmes – “Brute Force” (1947, o segundo filme do actor) e em “Criss Cross” (1947, também de Robert Siodmak).
Lancaster e Siodmak reencontrar-se-iam – em “Criss Cross” (1947, do mesmo produtor de “The Killers”) e em “The Crimson Pirate” (1952).
O tema de Miklós Rózsa seria depois usado nas séries televisivas “Dragnet” (1951) e “Dragnet 1967” (1967).
Virginia Christine aparece nas duas versões da história de Hemingway – neste filme é a primeira namorada do protagonista; na versão de 1964 é uma secretária cega.
O “The Hedda Hopper Show – This Is Hollywood” emitiu uma versão radiofónica de 30 minutos, em Abril de 1947. Edmond O’Brien e Burt Lancaster retomaram os seus personagens.
O “Screen Directors’ Playhouse” emitiu uma versão radiofónica, em Junho de 1949. Burt Lancaster retomou o seu personagem. Shelley Winters também participava. Siodmak fazia a intro.
Era um dos filmes preferidos de Howard Hughes.
Em 1956, o cineasta russo Andrei Tarkovsky fez uma curta-metragem inspirada em “The Killers”. Essa short consta da edição da “Criterion Collection” onde estão as duas versões de “The Killers”.
Está nos “1001 Movies You Must See Before You Die” de Steven Schneider.
O filme seria alvo de uma nova versão em 1964 (já aqui vista). Realizado por Don Siegel, conta com Lee Marvin, Angie Dickinson, John Cassavetes, Clu Gulager, Claude Akins, Norman Fell e Ronald Reagan. O filme foi produzido para Televisão, mas dado o seu tom violento foi lançado para a salas de cinema.
Várias cenas do filme surgem em “Dead Men Don’t Wear Plaid” (1982, de Carl Reiner, com Steve Martin), uma magnífica paródia ao Film Noir.
Andrew Kevin Walker (“Seven”, “Sleepy Hollow”, “8mm”) escreveu o argumento para uma nova versão, mas nada foi adiantado ainda.
Sobre Ernest Hemingway:
(muitos dos seus livros estão editados em Portugal)
https://www.biography.com/people/ernest-hemingway-9334498
https://www.nobelprize.org/nobel_prizes/literature/laureates/1954/hemingway-bio.html
https://www.britannica.com/biography/Ernest-Hemingway
https://www.goodreads.com/author/show/1455.Ernest_Hemingway
https://www.goodreads.com/author/quotes/1455.Ernest_Hemingway
[…] Killers” (1946, já aqui visto) já tinha (bom) […]