Título original – Spider-Man: Homecoming
Spider-Man está de volta.
Agora, finalmente, dentro do Marvel Cinematic Universe (já o vimos, e muito bem, numa cena de “Captain America: Civil War”).
Mas com um custo – um novo reboot.
Ou seja, nova equipa criativa e um novo actor – o jovem e talentoso Tom Holland.
Mas nada a temer.
Spidey está de volta em grande forma e (muito) bem entregue.
Ainda a recuperar do impacto emocional da sua participação nos eventos de “Captain America: Civil War”, Peter Parker/Spider-Man procura conciliar o seu quotidiano como estudante com a sua vontade em ser um grande (super-)herói.
Perante a notícia de mais um reboot para o “Aranhiço”, podia-se esperar mais do mesmo ou até mesmo perda de qualidade face ao que se fez antes (o talento visual de Sam Raimi na trilogia “Spider-Man”, a entrega e química de Andrew Garfield e Emma Stone no dupleto “The Amazing Spider-Man”).
Mas não é isso que acontece.
“Spider-Man: Homecoming” é uma injecção de frescura em todo o MCU e no universo do nosso friendly neighborhood Spider-Man.
De forma ágil, dinâmica, divertida, colorida, emocional e humana, o filme combina magistralmente acção, humor, drama, visão da adolescência e de um (super-)herói.
O argumento é rico, bem estruturado e organizado, privilegiando sempre os personagens, evidenciando as relações, as emoções e as motivações.
O humor é inteligente e muito bem conseguido, sendo fruto dos personagens e das suas atitudes e menos dependente da idiotice fácil e banal.
Não é difícil ver aqui ecos da (boa) comédia teen dos 80s – tanto nas influências de Spielberg e Zemeckis (“The Goonies” e “Back to the Future” têm aqui subtis referências), mas principalmente de John Hughes (o estilo do autor de “Ferris Bueller´s Day Off” é bem visível no humor, nos diálogos entre o grupo de amigos, na harmonia emocional criada entre eles, na visão do universo escolar).
Sendo um Spider-Man Film, também queremos Spidey action.
Há. E boa.
E sempre em sintonia com os clássicos (da bd). Nos tempos de Lee & Ditko.
(lembram-se daquele momento em que Spidey fica soterrado debaixo de escombros? ora vejam a versão para este filme)
Para além do espectáculo visual, do festim da acção e de um suspense muito bem criado, há sempre aquele duelo das prioridades emocionais de Spidey nos eventos (apanhar o vilão, mas também salvar os inocentes – atenção ao salvamento no Washington Monument e no ferry)
À boa maneira clássica (e das comédias teen dos 80s), o filme é também uma bonita história de amizade.
Todos os personagens têm relevância, algo a fazer e dizer.
Os diálogos são vivos e reflectem a personalidade dos personagens.
Muito boa fotografia.
Efeitos visuais de muito bom nível (são da Digital Domain), que nunca se revelam demasiado digitais ou se sobrepõem à realidade da narrativa.
Jon Watts dirige com competência e dinamismo, dando sempre valor aos personagens e às emoções, não deixando que o espectáculo visual se sobreponha ao argumento.
A direcção de actores é puro ouro.
Tom Holland é extraordinário como Peter Parker/Spider-Man, retratando bem a angústia da sua adolescência e a sua ansiedade heróica. Consegue conciliar o adulto dramatismo de Tobey Maguire e a descontraída timidez de Andrew Garfield, ilustrando todo o carácter imberbe de um adolescente, sendo convincente na sua determinação heróica, dando personalidade à sua interpretação.
Michael Keaton cria um vilão rico e nada oco.
Jacob Batalon é desconcertante como Ned.
Robert Downey Jr. continua perfeito como Tony Stark/Iron Man.
A química entre Holland, Batalon e Downey Jr. é maravilhosa.
O restante elenco porta-se à altura.
O fato, em plena sintonia com o design clássico da bd, traz um upgrade adequado aos tempos modernos, capaz de surpreender e provocar gargalhadas.
“Spider-Man: Homecoming” é, “apenas”, um dos melhores filmes sobre Spidey, um dos melhores Marvel Films, um dos melhores filmes sobre/com super-heróis, um dos melhores filmes sobre/com adolescentes, um dos melhores filmes de 2017.
Spider-Man está de volta. Com tudo o que de melhor há no seu universo.
O melhor Spider-Man Film desde “Spider-Man 2”.
Obrigatório.
“Spider-Man: Homecoming” já está nas salas portuguesas.
Nota – há duas cenas extras durante o genérico final.
Realizador: Jon Watts
Argumentistas: Jonathan Goldstein, John Francis Daley, Jon Watts, Christopher Ford, Chris McKenna, Erik Sommers, a partir do personagem criado por Stan Lee & Steve Ditko
Elenco: Tom Holland, Michael Keaton, Robert Downey Jr., Marisa Tomei, Jon Favreau, Gwyneth Paltrow, Zendaya, Donald Glover, Jacob Batalon, Laura Harrier, Tony Revolori, Bokeem Woodbine, Tyne Daly
Site – http://www.spidermanhomecoming.com
Orçamento – 175 milhões de Dólares
Bilheteira (até agora) – 117 milhões de Dólares (USA); 257 (mundial)
A importância de “Spider-Man: Homecoming” no MCU:
- A apresentação a Spider-Man
- A relação entre Peter Parker e Tony Stark
- A possibilidade de Spider-Man entrar para os Avengers
- A relação entre Peter Parker/Spider-Man e Adrian Toomes/Vulture
- A relação entre Peter e o amigo Ned
- A presença de uma menina determinante para Peter Parker
Sobre a Marvel:
Sobre Spider-Man
http://marvel.com/characters/54/spider-man
http://marvel.com/universe/Spider-Man_(Peter_Parker)
http://marvel.wikia.com/wiki/Peter_Parker_(Earth-616)
Numa entrevista em 2013, Tom Holland mostrou vontade em participar num filme pleno de acção e humor, bem como em interpretar… Spider-Man.
Até se escolher Holland, foram ponderados Dylan O’Brien, Logan Lerman, Daniel Radcliffe, Freddie Highmore, Alfred Enoch, Donald Glover, Josh Hutcherson, Grant Gustin, Asa Butterfield, Ansel Elgort, Taron Egerton, Zac Efron, Zayn Malik, Drake Bell, Nolan Gould, Mateus Ward, Vincent Martella, Nick Robinson, Sam Strike, Nat Wolff, Liam James, William Brent, Timothée Chalamet, Jack O’Connell, Andrew Garfield, Tobey Maguire, Eddie Redmayne, Tyrel Jackson Williams, Matt Lintz, Judah Lewis, Charlie Plummer, Charlie Rowe, Ivan Escott.
Gary Oldman chegou a ser considerado como Vulture.
Quando “Spider-Man 4” (que seria realizado por Sam Raimi, com Tobey Maguire e Kirsten Dunst) estava em pré-produção, o vilão pensado era… The Vulture. O estúdio recusou pois achou-o demasiado velho para as novas de gerações de espectadores.
Drew Goddard chegou a ser ponderado como argumentista e realizador. Goddard é o criador da (excelente) série “Daredevil” (outro relevante personagem da Marvel; “por acaso”, grande amigo de Spider-Man).
Até se escolher Jon Watts, ponderaram-se realizadores como Jonathan Levine, Theodore Melfi, Jason Moore, Jared Hess e John Francis Daley & Jonathan Goldstein.
Os argumentistas tiveram como modelo as comédias adolescentes de John Hughes.
A voz de Karen (o computador que gere o fato de Spidey) é da actriz Jennifer Connelly.
(o seu marido, Paul Bettany, dá voz ao computador que gere o fato de… Iron Man… que, “por acaso”, aparece no filme)
Título do filme durante as filmagens – “Summer of George”.