Título original – Wonder Woman
Esta maravilha de mulher está de volta.
Imortalizada pela linda Lynda Carter na popular série televisiva (qual o catraio que hoje passou os 40 não ficava a vê-la no pequeno ecran e a sonhar com a menina?), a Wonder Woman chega, finalmente, ao Cinema.
Gal Gadot dá-lhe (um lindo) rosto, corpo e voz.
É o início de uma nova saga.
Diana é uma princesa das Amazonas, que é preparada e educada no sentido de reinar.
Uma dia, conhece um piloto que lhe conta os eventos que se estão a dar no mundo dos humanos.
Disposta a ajudar, Diana vem até ao nosso mundo.
E surge uma nova super-heroína – Wonder Woman.
Ao fim de quatro filmes – duas mediocridades (“Man of Steel” e “Suicide Squad”) e um desequilibrado (“Batman v Superman: Dawn of Justice”) -, é caso para dizer à DC, neste seu DC Cinematic Universe, “até que enfim, carago”.
“Wonder Woman” põe, finalmente, o mundo cinematográfico (mais recente) da DC na excelência dos grandes filmes de super-heróis já feitos.
E convém recordar que a DC foi a primeira a fazer história nesta área – vem deles o filme sempre referência para este género, o “velhinho” clássico “Superman”, feito em 1978 e maravilhosamente realizado por Richard Donner.
E há muito do espírito dessa obra-prima neste encantador “Wonder Woman”.
O ritmo, o tom, o humor, a relação entre os protagonistas, as emoções, os personagens, as peripécias, a encenação.
Quase todo o filme segue matrizes clássicas, tanto na mise en scéne, como na organização narrativa.
Fiel às regras do género para um bom filme, a protagonista é bem definida nos seus valores, nos seus dramas, nas suas emoções e motivações.
A ajudar, está a relação que tem como “menino” – “duelo” de visões sobre o mundo, que ajuda cada um a evoluir, criando também situações muito divertidas (onde se pode ver alguma evocação da screwball clássica) e, claro, uma intensa love story (bem à moda antiga).
Fiel a um certo modelo de cinema, há relevo nos personagens secundários, variados e sempre capazes de dinamizarem os protagonistas.
Por outro lado, o filme traz também um certo sabor de action-adventure B e serial, à anos 40 (recordando assim outros títulos referenciais com “The Rocketeer” ou “Captain America: The First Avenger”).
Algumas situações têm a sua pertinência sócio-cultural e histórica (a protagonista e mover-se em meios estritamente masculinos e proibidos a mulheres, numa altura em que estas lutavam pela emancipação dos seus direitos) e, perante a moral da heroína, até se podem ver algumas “indirectas” à Casa Branca de Donald Trump (o duelo entre mundo fechado e odioso face a um mundo aberto de compreensão e comunhão).
Acção, aventura, humor, drama, romance, peripécias, valores nobres, tudo reunido num cocktail que funciona, tem nostalgia, inteligência, cinefilia e grande sentido de entretenimento.
Só destoa o confronto final. Demasiada pirotecnia e mass destruction em formato CGI (neste aspecto, os filmes DC estão muito repetitivos e banais), num filme que até então tinha tanto de “old fashioned” e “artesanal”.
Mas isso não estraga o que de muito bom se faz até então.
Gal Gadot é uma deusa de beleza, uma maravilha de nobreza, plena de bons valores, dando à sua personagem valentia, simpatia, humor e emoção.
Chris Pine dá boa réplica, entre o heróico e o cavalheiresco.
Boa prestação do restante elenco.
Patty Jenkins dirige com competência, sentido clássico de Cinema, mostrando o quanto se está a divertir com os meios ao seu dispor.
É a DC finalmente a fazer bom cinema.
É a Wonder Woman a receber o filme que merece e a mostrar ter um futuro promissor à sua frente.
Foram precisas duas mulheres (uma à frente e outra atrás das câmaras) para, finalmente, termos um DC Movie decente. Que maravilha!!!
Vamos ver como correm as coisas em “Justice League”, já no final do ano.
Muito recomendável.
“Wonder Woman” já está nas salas.
Realizadora: Patty Jenkins
Argumentistas: Allan Heinberg, Zack Snyder, Jason Fuchs, a partir da personagem criada por William Moulton Marston
Elenco: Gal Gadot, Chris Pine, Danny Huston, David Thewlis, Connie Nielsen, Robin Wright, Elena Anaya, Lucy Davis, Ewen Bremner
Site – http://wonderwomanfilm.com
Orçamento – 149 milhões de Dólares
Bilheteira (até agora) – 205 milhões de Dólares (USA); 435 (mundial)
Importância de “Wonder Woman” no DC Universe:
- A origem da Wonder Woman.
- A forma como ela é colocada no DC Universe, usando elementos de “Batman v Superman: Dawn of Justice” e orientando alguns para “Justice League”.
O filme anda pensado desde 1996. Na época, seria Ivan Reitman (“Ghostbusters”) o responsável pela realização e argumento.
Em 2001, Joel Silver tomou conta dos direitos.
Em 2005, Joss Whedon é contratado para escrever e realizar o filme. Whedon sai de cena em 2007, por conflitos criativos, e é chamado para tratar de “The Avengers” (feito pela rival da DC, a Marvel).
Em 2014, Michelle MacLaren é chamada como realizadora, mas sai de cena por conflitos criativos.
Kate Beckinsale, Sandra Bullock, Mischa Barton, Rachel Bilson, Sarah Michelle Gellar, Jessica Biel, Eva Green, Christina Hendricks e Kristen Stewart – é o rol de actrizes que foram ponderadas.
Cobie Smulders (a agente Maria Hill da saga “The Avengers”) foi ponderada como protagonista. A actriz dá voz à Wonder Woman no filme “The LEGO Movie” (2014).
Em 2005, Angelina Jolie foi convidada a protagonizar, mas recusou. Em 2015, a actriz ofereceu-se para realizar o filme.
Liam Hemsworth e Alexander Skarsgård foram considerados como co-protagonista. Chris (irmão de Liam) e Stellan (pai de Alexander) andam pelo mundo dos super-heróis – participam na saga “Thor” (da rival da DC, a Marvel).
Cate Blanchett foi convidada, mas preferiu participar em “Thor: Ragnarök” (2017), onde é a vilã.
Nicole Kidman foi convidada para uma personagem, mas recusou.
Lynda Carter (a primeira Wonder Woman – na popular série televisiva dos 70s) ia ter um cameo. Mas compromissos da actriz impediram tal.
Lyle Waggoner (co-protagonista da série televisiva) ia ter um cameo. O actor recusou pois já se encontra reformado.
Nicolas Winding Refn queria realizar, mas tinha como condição o protagonismo de Christina Hendricks (com quem trabalhou em “Drive”).
Kathryn Bigelow, Catherine Hardwicke, Mimi Leder, Karyn Kusama, Julie Taymor e Tricia Brock foram consideradas como realizadora.
Zack Snyder faz um cameo – um soldado da guerra.
Quando se fizeram re-shoots, Gal Gadot já tinha 5 meses de gravidez. A sua barriga já era visível. Para a esconder, uma parte do fato tinha um “green screen” – em pós-produção e com uns efeitos digitais, essa barriga desapareceu.
Na mitologia grega, as Amazonas e Hércules são rivais, pois este seduziu a Rainha e roubou-lhe um cinto.
Nos comics da DC, tal ideia mantém-se, embora Hércules receba uma oportunidade de redenção.
Nos comics da Marvel, Hércules é um herói, amigo de Thor, e as Amazonas são as vilãs.
É o primeiro filme com uma super-heroina, desde “Elektra” (2005).
Patty Jenkins torna-se a primeira mulher a realizar um filme sobre uma super-heroína.
Segundo filme, a partir de um super-herói, a ter uma realizadora, depois de “Punisher – War Zone” (2008, de Lexi Alexander).
É o quarto filme do DC Universe, depois de “Man of Steel” (2013), “Batman v Superman: Dawn of Justice” (2016) e “Suicide Squad” (2016).
Wonder Woman regressa no final de 2017 com “Justice League – Part I”.
Sobre a DC:
Sobre Wonder Woman:
http://www.dccomics.com/characters/wonder-woman
http://dc.wikia.com/wiki/Wonder_Woman
https://comicvine.gamespot.com/wonder-woman/4005-2048/
Já agora, recordemos Lynda Carter como Wonder Woman: