5 anos depois, eis a prometida sequela a “Prometheus” (já aqui visto).
Promessa também de resolver e explicar certas questões e eventos desse filme, bem como o direccionar mais próximo a “Alien”.
A nave “Covenant” vai parar a um planeta.
Um planeta que parece ter as respostas para o que aconteceu aos sobreviventes da nave “Prometheus”, bem como os mistérios que eles procuravam.
Mas só o terror é encontrado.
Devemos ver “Alien: Covenant” por duas perspectivas – pelo filme (isolado) e como capítulo de uma saga (esta nova e aquela que a origina).
Como filme (de género), satisfaz no campo do entretenimento.
Bem filmado, bons valores de produção, bom gosto na fotografia e cenografia, excelentes efeitos visuais, sustos e tensão, um par de cenas de acção bem coreografadas, capacidade de entreter.
Ridley Scott já viu melhores dias (“Alien”, “Blade Runner”, “Prometheus”), mas continua a saber compor imagens com sentido de beleza e espectáculo, adequadas para um grande ecran ou um bom sistema de áudio-video (atenção ao prólogo – o controlo da luz e a visualização do espaço).
Agora vamos ver o filme dentro da saga – dentro da que a origina e dentro desta nova que ele continua.
“Alien: Covenant” é um remix best of de “Alien” e “Aliens”.
Pega nalguns moldes visuais e narrativos dos dois filmes, pega nalguns dos seus melhores momentos e ideias e procura fazer uma caldeirada e refazer algumas cenas.
Ou seja, temos a sensação de déjà vu, rip-off e imitação.
(algo grave, pois vem assinado pelo homem que tudo começou e não por um gaijinho saídinho da escola de Cinema em busca de ser alguém)
Isto parece mais uma continuidade a “Alien Resurrection” do que a “Prometheus”.
A continuidade a este faz-se num flashback de menos de 5 minutos, de forma até muito banal, atabalhoada e parva, desprovida totalmente das ideias e densidade que o filme anterior suscitou.
Fiel aos clássicos assinados por Scott e James Cameron, temos claustrofobia, tensão, stress e medo, tanto em espaço aberto como em espaço fechado.
Mas tudo soa demasiado a fórmula, sem consistência narrativa ou emocional, cada novo ataque da criatura só serve para despachar mais um personagem (nenhum tem densidade), tudo no sentido de cumprir regras e passar tempo.
Como acontece frequentemente no cinema de Scott, trabalho algo frio dos actores.
A excepção é dada a um excepcional Michael Fassbender (agora em versão “dupla” – algo que origina os melhores momentos e os diálogos mais profundos do filme).
Katherine Waterston mostra empenho, mas não faz esquecer (tal também aconteceu com Noomi Rapace em “Prometheus”) a lendária Sigourney Weaver e a sua mítica Ellen Ripley.
Final aberto a sequela (que mais parece direccionar a “Aliens” do que a “Alien”), com algum potencial (mas se tudo for desenvolvido como aqui se fez face ao filme anterior, grande idiotice virá aí).
“Alien: Covenant” é mais filme de cumprir calendário e agenda de um estúdio do que uma obra essencial no género ou na saga.
Perdeu-se uma (excelente) oportunidade de desenvolver a riqueza intelectual que vinha de “Prometheus” e direccionar a saga para “Alien”.
Não é mediocridade total, mas é uma (enorme) decepção face ao seu potencial e à saga.
Vê-se bem (pelo entretenimento), mas com muitas reservas (devido às suas imensas limitações).
Gritem muito, pois na Terra pode ser que “Sir” Ridley Scott ouça os gritos (de decepção) dos fãs.
“Alien: Covenant” já está nas nossas salas.
Realizador: Ridley Scott
Argumentistas: Jack Paglen, Michael Green, John Logan, Dante Harper
Elenco: Michael Fassbender, Katherine Waterston, Billy Crudup, Danny McBride, Demián Bichir, Carmen Ejogo, Jussie Smollett, Callie Hernandez, Amy Seimetz, Guy Pearce
Site – http://www.foxmovies.com/movies/alien-covenant
Orçamento – 97 milhões de Dólares
Bilheteira (até agora) – 39 milhões de Dólares (USA); 121 (mundial)
É o segundo de uma trilogia-prequela que irá direccionar a “Alien” (1979).
“Alien: Paradise Lost” – era o título inicial.
Ridley Scott procurou sempre evitar ver “Alien 3” (1992). Só o viu muitos anos depois. Foi quando decidiu fazer uma sequela de substituição. “Alien: Covenant” retoma algumas das ideias para tal projecto.
O filme pretende explicar o que aconteceu aos sobreviventes de “Prometheus” e apresentar novas criaturas.
Rebecca Ferguson foi ponderada como protagonista, mas Katherine Waterston acabou por ser preferida.
Reencontro entre Michael Fassbender e Waterston, depois de “Steve Jobs” (2015).
Filmado na Austrália e na Nova Zelãndia.
Os andróides têm os nomes de David e Walter – referência aos dois produtores da saga, David Giler e Walter Hill.
Segundo Scott, o próximo filme chamar-se-á “Alien: Awakening” e passar-se-á entre “Prometheus” e “Alien: Covenant”.
James Cameron (autor de “Aliens”, a continuação de “Alien”) mostra-se algo céptico a esta saga-prequela.