Título Original – The Sicilian
Mario Puzo ficou famoso pelo seu livro “The Godfather”, que daria origem à excelente saga de Francis Ford Coppola.
Puzo escreveria vários livros, muitos dedicados à Máfia siciliana.
“The Sicilian” é um deles (com eventos e personagens comuns a “The Godfather”).
Claro que Hollywood se interessaria por ele.
Michael Cimino (vindo do prestígio de “The Deer Hunter” e do épico flop de “Heaven´s Gate”) realiza.
Salvatore Giuliano anda a deixar a Sicília em convulsão.
Em luta contra a Igreja, a Máfia, a Polícia e a Política, Giuliano move-se pelos interesses do povo siciliano.
Se por um lado há a história do “Robin dos Bosques da Sicília” (o que até dá, até certo momento, um ar descontraído e divertido ao filme), a narrativa propõe também uma visão sobre uma comunidade, uma região, os seus valores e tradições, sempre ligada aos jogos políticos, financeiros e religiosos do meio.
O filme consegue um muito agradável equilíbrio nas vertentes de entertainment (tem a sua componente de acção e comédia – no primeiro acto) e uma visão séria na área social.
Por outro lado, há o ilustrar da vida, ascensão e queda de um homem, idealista (mais de carácter humanitário e social do que político), revolucionário e anti-sistema, mas incapaz de o derrotar.
O filme retoma uma tradição clássica de mostrar o lado glamoroso e cool do gangster, e tal merece ser elogiado.
Mas, como é óbvio, não se consegue igualar os grandes títulos dessa moda.
Muito boa fotografia (do grande Alex Thompson).
Bonita música (de David Mansfield), que evoca a sonoridade de Ennio Morricone e Nino Rota.
Christopher Lambert é simpático e com boa presença, mostra empenho, mas carece da devida garra emocional, sentimental e viril que o personagem exige. Mesmo assim, é um dos seus melhores trabalhos.
Boa prestação do restante elenco.
Michael Cimino dirige com sobriedade e elegância, de forte índole europeia, nomeadamente italiana.
Apesar das suas (ligeiras) fraquezas, “The Sicilian” é uma das mais interessantes adaptações de Puzo ao Cinema e faz boa figura ao lado dos grandes filmes do género.
Merece a (re)descoberta.
(mais ainda no Director`s Cut)
Recomendável.
“The Sicilian” tem edição portuguesa e já andou a bom preço. Pode ser uma raridade nas lojas. O filme tem edição noutros mercados, igualmente a bom preço.
Realizador: Michael Cimino
Argumentista: Steve Shagan, a partir do romance de Mario Puzo
Elenco: Christopher Lambert, Terence Stamp, Joss Ackland, John Turturro, Barbara Sukowa, Giulia Boschi, Barry Miller, Ray McAnally, Andreas Katsulas, Michael Wincott, Joe Regalbuto, Aldo Ray
Orçamento – 9 a 16 milhões de Dólares (ainda não há certezas e unanimidade sobre tal)
Bilheteira – 5 milhões de Dólares
Trailer
Filme
O Main Tittle
Perante o (enorme) sucesso de “The Godfather” (o filme), Mario Puzo recebeu cerca de 1 milhão de Dólares pelos direitos cinematográficos de “The Sicilian”.
O livro de Puzo é um spin-off a “The Godfather”. A acção passa-se durante o exílio de Michael Corleone na Sicília.
Sobre Mario Puzo:
http://www.goodreads.com/author/show/12605.Mario_Puzo
Michael Cimino (vindo do sucesso, prestígio e Oscars ganhos com “The Deer Hunter”) foi logo chamado para realizar o filme. Mas Cimino reage mal às imensas interferências dos produtores na elaboração do argumento e no casting.
Cimino sempre pretendeu Christopher Lambert como protagonista. Os produtores não gostaram da ideia de ter um francês a interpretar um italiano num filme falado em Inglês.
Mas Cimino consegue sair vitorioso nas suas vontades.
Filmado na Sicília, no Verão de 1986.
O filme ultrapassou o orçamento e o prazo previsto.
O personagem Príncipe Borsa chegou a ser oferecido a Dirk Bogarde.
Alguns elementos da Máfia local aparecem no filme.
Gore Vidal trabalhou no argumento, mas o seu nome não recebeu crédito.
Vidal foi para tribunal com Steve Shagan (o argumentista oficial) e com o Writer’s Guild of America. Vidal ganhou a causa.
O primeiro cut era de 150 minutos. O estúdio não permite tal e exige um cut abaixo dos 120 minutos. Irritado, Cimino reedita o filme, retirando todas as cenas de acção.
O filme estreou com má recepção por parte do público e da crítica. Esta criticou a falta de coerência narrativa (por culpa do cut imposto a Cimino) e a interpretação de Lambert.
O Director`s Cut foi finalmente restaurado, visto e editado para o público. Muita crítica reveu as afirmações feita ao Theatrical Cut, considerando este novo cut excelente, afirmando mesmo que o filme era uma obra-prima.