O Mecânico (1972)

The Mechanic - 1972 - Poster 2

Título original – The Mechanic

 

É um dos grandes filmes e trabalhos do grande Charles Bronson.

Dirige Michael Winner, que dirigiu Charlie em muitos dos seus melhores filmes.

 

O filme teve um (entretido, mas inferior) remake há uns anos.

Há umas semanas chegava às salas a sequela desse remake.

Um bom motivo para se revisitar este clássico.

 

Um hitman tem de fazer parceria com um jovem ambicioso, sedento de saber e viver o que é ser um Mechanic.

Mas a parceria sofre um revés devido às agendas de cada um.

Qual vencerá?

The Mechanic - 1972 - screenshot 1

The Mechanic - 1972 - screenshot 2

The Mechanic - 1972 - screenshot 3

Retrato frio sobre homens frios (o Mechanic simula uma vida sentimental recorrendo a serviços de uma call girl; o aprendiz celebra a morte do pai; a indiferença de ambos perante a tentativa de suicídio de uma rapariga), onde há espaço para a ética (a atitude do protagonista quando o alvo é um conhecido dele).

 

É também um duelo ético entre mestre e aprendiz (o veterano tem dog`s old tricks insuperáveis, o novato procura ficar com “o lugar do califa”), por onde passa uma certa ambiguidade sexual e moral, dando-se relevo ao fascínio do jovem pela vida assassina e à sabedoria do veterano.

The Mechanic - 1972 - screenshot 10

The Mechanic - 1972 - screenshot 8

O filme procura ser uma crónica sobre dois solitários fartos da sua solidão – o “professor” sente um vazio no isolamento emocional que a sua vida obriga e até procura apaziguar a sua consciência ao ter de treinar um “aluno”; o “aprendiz” é um rebelde com uma vida de vazio moral, que procura usar essa rebeldia numa vida de armas e morte.

 

Todo o potencial de tal não chega a ser explorado até ao limite (mais metragem dava jeito para explorar certos aspectos), mas ainda se consegue ser certeiro nalguns elementos (a forma como se trata, subtilmente, da paternidade perdida e o preenchimento de vazio existencial).

The Mechanic - 1972 - screenshot 11

A certa altura dá-se um twist e o suspense surge pelo comportamento dos protagonistas, um face ao outro, perante os novos acontecimentos.

Final (ou dois?) surpresa, que resume bem a moral do duelo entre professor e aluno.

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Charles Bronson (um tough guy e leading man a precisar de reavaliação e revalorização) em grande forma, criando um personagem frio e solitário, mas complexo e exímio. É uma das grandes criações de Charlie.

Jan-Michael Vincent está muito convincente, criando um jovem arrogante, sem valores, que confunde destreza com arrogância.

The Mechanic - 1972 - screenshot 9

Michael Winner dirige de forma sóbria e fria, criando boas set pieces (a espectacular perseguição de motos, a perseguição e confrontação na estrada), dando ao filme um certo look europeu, à moda dos Polar dos 70s, tendo até boas ideias de mise en scène (os primeiros 15 minutos de filme – sem diálogo, ilustrando de forma exemplar o carácter minucioso e perfeccionista do método de trabalho do protagonista).

The Mechanic - 1972 - screenshot 7

Um clássico da carreira de Charlie.

Um pequeno clássico do género.

 

Muito recomendável.

 

“The Mechanic” não tem edição portuguesa, mas pode ser encontrado noutros mercados, a preço já “mecanizado”.

 

The Mechanic - 1972 - screenshot 12

 

Realizador: Michael Winner

Argumentista: Lewis John Carlino

Elenco: Charles Bronson, Jan-Michael Vincent, Keenan Wynn, Jill Ireland

 

The Mechanic - 1972 - Poster 1

 

Trailer

 

The Mechanic - 1972 - Poster 6

No argumento inicial, Lewis John Carlino tornava explícita a homossexualidade dos protagonistas. Os produtores viram isso como um obstáculo para contratar actores.

Carlino queria fazer um statement sobre as relações humanas e sobre a manipulação, mostrando um jogo de xadrez entre um veterano e um aprendiz.

 

George C. Scott chegou a ser sondado, mas recusou devido a essa temática sexual.

Numa primeira fase de produção, Cliff Robertson era Arthur Bishop (The Mechanic) e Jeff Bridges era Steve McKenna (o aprendiz).

O filme ia ser realizado por Monte Hellmann, que tinha vindo do êxito (apenas crítico) “Two Lane Blacktop”.

 

É o primeiro filme de Michael Winner em Hollywood. Ele e Bronson já tinha trabalhado juntos em “Chato`s Land” (1972). Voltariam a trabalhar juntos mais quatro vezes – “The Stone Killer” (1973), “Death Wish” (1974), “Death Wish 2” (1982) e “Death Wish 3” (1985).

Bronson tinha cerca de 50 anos de idade.

 

Vários locais emblemáticos de Hollywood surgem no filme – Manderville Canyon Ranch (que foi propriedade de Robert Taylor), Pasadena Mansion (usada como Wayne Manor na série televisiva “Batman”, de 1966), Hollywood Wax Museum e La Esperanza (uma mansão que foi propriedade de Greta Garbo).

Para a cena da perseguição de moto, as duas motos Husqvarna receberam modificações adequadas para a cena e para o terreno onde esta se passava.

Na época, o filme teve a mais elaborada e espectacular explosão já feita em Los Angeles. Explodiu-se um hotel já velhinho. Usaram-se cinco tanques de butano e 4 Kilos de pólvora.

As cenas de artes marciais foram reduzidas para evitar comparações com outras produções do género.

Body count – 25.

 

“Mechanic” é um termo usado no underworld USA, que designa assassino por contrato ou hitman.

 

O filme teria um remake. Feito em 2011, tinha o mesmo título, sendo realizado por Simon West, com Jason Statham, Ben Foster e Donald Sutherland. Lewis John Carlino também participou no argumento.


The Mechanic - 1972 - Poster 5

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