Título Original – Independence Day
É um título que está a celebrar 20 anos.
Foi o maior sucesso do Verão cinematográfico de 1996.
A sequela já invadiu as nossas salas (e muitas pelo mundo fora).
A 2 de Julho de 1996, o mundo descobre que a Humanidade não está sozinha no Universo.
Diversas naves alienígenas surgem em vários lugares da Terra.
Mas as intenções dos visitantes não são pacíficas.
A 3 de Julho, o mundo inteiro é atacado e quase aniquilado.
A 4 de Julho, os humanos restantes unem-se na cruzada final pela defesa do Homem e do Planeta Azul.
Será mesmo O Dia da Independência.
Pegando no modelo (visual e narrativo) do cinema-catástrofe dos 70s, Roland Emmerich adapta tal género ao tema da alien invasion (os efeitos dela são tão devastadores como os de um terramoto, da queda de um avião, de uma erupção vulcânica, do ataque de um enxame assassino ou de um naufrágio).
Tal permite que argumento pegue numa vasta e diversa galeria de personagens (de várias raças e etnias, diferentes extractos sociais e profissionais), todos muito bem delineados na sua psicologia e emoções (o Presidente é um ex-piloto de combate que descobre as dificuldades de gerir uma nação, há o fighter pilot que quer ser astronauta, há o tech-nerd que quer melhorar o planeta a salvar a mulher amada, há a mãe solteira em busca de um marido/pai, há a secretária do Presidente que não deixa de amar o marido mas procura uma carreira, há o pai viúvo que procura ser alvo de orgulho dos filhos, há outro pai que procura devolver ânimo ao filho), carregados de drama e dúvidas tão (ou mais) relevantes que a crise em agenda (aliás, cada um tem um papel decisivo na resolução da situação, assim que encontra a solução para o seu dilema pessoal).
O filme consegue ser também um (adorável) “panfleto” de patriotismo all-american (se é infantil, primário, básico, simplório ou de pacotilha, não interessa – quem desdenha, que faça melhor). Quanto regozijo surge quando vemos o Presidente dos USA a meter-se dentro de um jet fighter e a comandar a esquadrilha mundial na luta derradeira pela salvação da Terra (alguém imagina um presidente português em tal função/acção?).
Há lugar para uma subtil homenagem a H.G. Wells e à sua “The War of the Worlds” (um dos primeiros livros a tratar o tema das alien invasions) – a resolução do problema.
Goza-se com certos comportamentos americanos à volta do tema sobre alienígenas (pedem-se aos cidadãos para não disparar contra as naves, fazem-se raves para celebrar a chegada dos visitantes, os “fãs” pedem para ser raptados, deseja-se que os visitantes devolvam o Elvis, a invasão à Area 51).
Há uma lição sobre comunhão entre povos (a certo momento vemos a união de esforços entre israelitas e árabes, americanos e soviéticos).
As cenas de batalha aérea recordam momentos de “Star Wars” e os “velhinhos” war movies dos 40s e 50s.
Há uma performance muito honesta, simpática e generosa de todo o elenco. Bill Pullman é muito convincente como Presidente, Will Smith é sempre divertido, Jeff Goldlum é perfeito como nerd.
Roland Emmerich dirige com competência, eficácia e sentido de espectáculo, sabendo gerir bem a tensão e a expectactiva (temos de esperar cerca de uma hora para que a destruição da Terra comece; esse tempo é usado para apresentar e desenvolver os personagens, em paralelo com a disposição dos invasores) e cria alguma das mais memoráveis e impactantes cenas de destroy cinema do Cinema.
Muito boa partitura musical de David Arnold (“Casino Royale”) – épica, emocional e patriótica.
Excelentes efeitos visuais, very impressive no seu impacto.
(e very old school – miniature effects, matte paintings)
Um espectacular entretenimento, ao nível do melhor que Hollywood sabe fazer. Ou melhor, o tipo de entretenimento que Hollywood faz melhor que ninguém.
Muito recomendável.
“Independence Day” tem edição portuguesa (até em dois discos) e anda a bom preço.
Nota – existe um Extended Cut, com mais 9 minutos que o Theatrical Cut (a edição portuguesa tem os dois cuts), onde se alargam mais algumas cenas, com o objectivo de um maior desenvolvimento das relações/emoções dos personagens em cena; a visão também é recomendável.
Realizador: Roland Emmerich
Argumentistas: Dean Devlin, Roland Emmerich
Elenco: Will Smith, Bill Pullman, Jeff Goldblum, Mary McDonnell, Judd Hirsch, Robert Loggia, Randy Quaid, Margaret Colin, Vivica A. Fox, James Rebhorn, Harvey Fierstein, Adam Baldwin, Brent Spiner, Bill Smitrovich, Harry Connick Jr., Leland Orser, Raphael Sbarge, Jay Acovone, Pat Skipper
Orçamento – 75 milhões de Dólares
Bilheteira – 306 milhões de Dólares (USA); 817 (mundial)
Mercado doméstico – 177 milhões de Dólares (USA)
Sobre os eventos de 1996 – http://www.warof1996.com
Trailers
O discurso
(porque é que só em Hollywood é que vemos políticos a discursar assim?)
“Melhores Efeitos Visuais”, nos Oscars 1997.
“Melhor Filme de Ficção Científica”, “Melhor Realizador”, “Melhores Efeitos Visuais”, nos Prémios Saturn 1997.
“Melhor Filme Estrangeiro”, nos Prémios Amanda 1997.
“Melhor Som”, “Melhores Efeitos Visuais”, nos Prémios Circuit Community 1996.
“Actor Favorito – Sci-Fi” (Will Smith), nos Prémios Blockbuster 1997.
“Melhor Música”, nos Prémios BMI 1997.
“Melhor Música para Filme”, nos Grammy 1997.
“Melhores Efeitos Visuais”, nos Prémios International Monitor 1997.
“Melhor Filme Internacional”, “Melhor Realizador Internacional”, nos Prémios Jupiter 1996.
“Filme Favorito”, nos Prémios Kids’ Choice 1997.
“Melhor Filme Estrangeiro”, no Concurso Mainichi Film 1997.
“Melhor Beijo” (Will Smith & Vivica A. Fox), nos Prémios MTV Movie 1997.
“Filme Dramático Favorito”, nos Prémios People’s Choice 1997.
“Melhor Montagem”, “Melhores Efeitos Visuais”, nos Prémios Satellite 1997.
“Melhor Filme de Ficção Científica”, “Melhor Realizador”, “Melhor Argumento”, “Melhor Actor” (Will Smith), “Melhor Actriz Secundária” (Vivica A. Fox), “Melhor Fotografia”, “Melhor Música”, “Melhores Efeitos Visuais”, pelo Sci-Fi Universe Magazine 1996.
A ideia surgiu a Dean Devlin e Roland Emmerich durante a promoção a “Stargate” (1994), quando lhes perguntaram se acreditavam em extra-terrestres. Ambos prepararam o argumento em 4 semanas.
O personagem do Presidente foi escrito inspirado em Richard Nixon. Pensou-se em Kevin Spacey, que era amigo e colega de escola de Devlin. Mas o estúdio recusou.
Eddie Murphy era a escolha para protagonista. Eddie estava ocupado com “The Nutty Professor”, pelo que recusou. Tom Cruise, Keanu Reeves, Johnny Depp, Jean-Claude Van Damme e William Baldwin foram ponderados. A escolha final caiu em Will Smith.
Margaret Colin substituiu Ally Walker, que teve de sair de cena à última da hora.
“Invasion” e “Sky on Fire” – dois dos títulos pensados para o filme.
Segundo Devlin, os militares americanos estavam dispostos a ajudar e a facilitar acesso a bases militares. Mas quando souberam da referência à Area 51, retiraram a ajuda.
Patrick Tatopoulos (o production designer) apresentou duas versões para o look dos aliens. Emmerich gostou de ambos e ambos são vistos no filme.
Os interiores da Casa Branca eram os mesmos de “The American President” (1995) e seriam usados em “Mars Attacks” (1996, de Tim Burton – um fabuloso spoof a “Independence Day”).
A explosão da Casa Branca requereu um modelo à escala 1/12 e 9 câmaras, cada uma a filmar em diferentes velocidades.
A paisagem aérea de Houston, à noite foi conseguida com um practical effect muito simples – uma placa escura, com furos, colocada em cima de luzes, rodeada de algum néon.
O efeito smog criado pelas naves é através de double-exposure do negativo. A primeira exposição filma a paisagem onde a nave aparece, a segunda é um tanque de água e a sua reacção perante um líquido que altera a cor e a textura da água.
Filmado em 72 dias. Um prazo curto e raro para um blockbuster.
Na cena em que Smith arrasta um alien pelo deserto, ele queixa-se do cheiro. Tal line foi improvisada na hora. A cena foi filmada em Great Salt Lake, Utah. Nessa zona vive um tipo de camarão. Quando morrem, o corpo afunda-se e entra em decomposição. Soprando um vento mais forte, o cheiro é levado e é quase insustentável. Foi o que aconteceu no momento em que se filmou a cena.
Muitos dos diálogos de Jeff Goldblum com Judd Hirsch e Smith foram improvisados.
No briefing room, na Area 51, vê-se um pouco da dita base. São imagens de vídeos e fotos captadas por um investigador desse local.
O momento do discurso do Presidente foi filmado a 6 de Agosto de 1995. Foi filmado no mesmo hangar onde esteve posicionado o avião “Enola Gay” (o avião que largaria a bomba atómica em Hiroshima – a 6 de Agosto de 1945).
A base onde o personagem de Smith está estacionado chama-se El Toro. É o mesmo nome da base usada no filme “The War of the Worlds” (1953). O filme e o romance de H.G. Wells foram fonte de inspiração para “Independence Day”.
O computador visto na Area 51 é construído a partir de peças de um IBM AN/FSQ-7, criado em 1954. Na época, era o maior, mais pesado e avançado computador do mundo.
O computador que o personagem de Goldblum usa num crucial momento é um Macintosh, modelo Powerbook. A Apple ficou de tal modo inspirada que chegou a ter uma publicidade com um modelo Powerbook. A tagline era “What kind of laptop would *you* choose to save the world?“.
Vários momentos mostram reportagens da SkyNews. A Sky News é propriedade da News Corporation, dona da 20th Century Fox, a major que produziu o filme.
Cameos:
Dean Devlin (produtor e co-argumentista) – dá voz ao piloto que vai ao lado do avião do Presidente, a quem diz “I’m on it“.
William Fay (co-executive producer) – aparece na televisão, visto na Sala Oval, como um membro do SETI.
O imenso hype que o filme estava a gerar obrigou a Warner Bros. a adiar a estreia de “Mars Attacks” (mudou do Verão para o Natal de 1996); Steven Spielberg ponderou cancelar a produção de “The War of the Worlds” (só o faria em 2005).
“Dutch 2” – título com que o filme foi enviado para as salas.
O filme foi banido no Líbano, devido a mostrar momentos em que forças militares israelitas e iraquianas juntam esforços.
Ainda hoje, é o filme com mais miniature effects.
Foi o maior sucesso de 1996 – no Verão, no ano, nos USA e no mundo.
A publicidade ao filme custou 24 milhões de Dólares. Só o trailer do Superbowl custou 1.3 milhões.
Steven Schneider colocou “Independence Day” entre os seus “1001 Movies You Must See Before You Die“.
Algumas das taglines usadas nos posters e na campanha publicitária:
- “We’ve always believed we weren’t alone. On July 4, we’ll wish we were“
- “ Take a good look. It could be your last“
- “Don’t make plans for August“
“Independence Day” recebeu duas nomeações pelo American Film Institute:
- “100 Years…100 Thrills”
- “Top 10 – Science Fiction”
Stephen Molstad escreveu uma versão literária tie-in, onde dava mais desenvolvimento aos personagens e as situações.
Molstad escreveria, também para livro, uma prequela – “Independence Day: Silent Zone”. Editado em Fevereiro de 1998, a história passava-se nos 60s e 70s, sobre os early days do Dr. Okun.
Em Julho de 1999, Molstad escrevia a terceira história – “Independence Day: War in the Desert”. Passava-se na actualidade, no deserto da Arábia Saudita, mostrando os esforços de dois oficiais da RAF na resolução de uma crise semelhante.
A Marvel fez uma versão comic book a partir dos dois primeiros livros.
Em Agosto de 1996, a BBC Radio 1 emitiu uma versão radiofónica, com 60 minutos, inspirada em “Independence Day”. Realizada por Dirk Maggs, abordava a invasão alienígena na Inglaterra. Inspirava-se na emissão feita em 1938, por Orson Welles, sobre “The War of the Worlds”.
A tagline era “It’s the Battle of Britain all over again, but this time our enemies aren’t just unstoppable. They’re inhuman“.
Eis a versão
Um videogame chegou à lojas em Fevereiro de 1997, com versões para PlayStation, Sega Saturn e PC.
A Trendmasters lançou uma gama de brinquedos no final de 1996.
Em Junho de 2011, Dean Devlin confirmou que “Independence Day” teria (duas) sequelas. Era um projecto já há muito pleneado, mas surgiram sempre muitos entraves (a começar pela ruptura – profissional e pessoal – entre Devlin e Emmerich). Chamar-se-iam “ID Forever – Part I” e “ID Forever -Part II”.
Em Junho de 2016, ela chega – “Independence Day: Resurgence”. Traz muito do elenco original (Bill Pullman, Jeff Goldblum, Judd Hirsch, Viveca A. Fox, Brent Spiner) e novos elementos (Liam Hemsworth, Sela Ward). Ausente está Will Smith, devido ao exagero da sua exigência salarial (50 milhões de Dólares). Ao contrário do que Emmerich queria, não haverá Part I e II. Será um único filme.
Eis o Trailer:
[…] anos depois do filme original (já aqui revisto), eis o […]