Título Original – Warcraft
Para além da literatura de fantasia infanto-juvenil e a banda desenhada de super-heróis, o Cinema também persegue o mundo dos jogos (sejam para consolas e computadores, sejam os de tabuleiro).
“Warcraft” é um fenómeno nessas duas vertentes de jogabilidade.
Há muito que se persegue a ideia de o adaptar ao Cinema.
Eis a luxuosa adaptação.
O reino de Azeroth enfrenta uma possível invasão de Orcs.
Um guerreiro humano e uma guerreira Orc fazem o que podem para evitar que tal conflito origine o fim de uma ou de ambas as espécies.
Mas como evitar tal?
É que os dois lados do conflito estão minados por interessados no conflito.
Não conheço o jogo – seja o de computador, seja o de tabuleiro.
Assim sendo, o meu “julgamento” sobre “Warcraft” é apenas cinematográfico.
Temos um simpático, muito entretido e espectacular exemplar de Sword & Sorcery, onde se combinam o poder do Cinema para este género, aliado a uma certa estética (até porque o filme deriva de um conceito feito para estes dois meios) de videogame (alguns momentos nas cenas de batalha) e jogo de tabuleiro (a visualização e deslocação pelas panorâmicas da paisagem), com bom sentido de espectáculo, tratado com bom gosto visual.
Elogia-se a visão nada simplória das entidades em conflito (não há bons nem maus, apenas etnias com ideias diferentes) e a tentativa de profundidade emocional e dramática (o amor inter-racial, a iniciativa do indivíduo face ao colectivo).
Mas fica-se com a sensação de estarmos perante um mundo tão vasto e complexo, que o filme precisa(va) de mais metragem para melhor e mais densa abordagem das suas “regras”, personagens e motivações.
Sobre o entretenimento – bonito, bem feito e espectacular.
Excelente fotografia.
Perfeição nos efeitos visuais, onde se dá mais um (grande) passo na tecnologia de CGI, em matéria de cenas de batalha, movimentação de massas e criação de ambientes.
Duncan Jones já tinha mostrado ser uma capaz voz no campo da sci-fi – tanto mais cerebral (“Moon”) como mais entretida (“Source Code”) – e aqui revela-se como um nome a ter em conta no campo da fantasia e dos blockbusters.
“Warcraft” é uma viagem a um mundo e o filme consegue tal de uma forma muito elogiável, mostrando-o em muitos detalhes (há um dialecto próprio, os pormenores físicos dos Orcs, as estruturas, as armas, os artefactos).
Nada de novo no género (haverá que se queixe que o filme emula “The Lord of the Rings” e “Avatar”) ou em Cinema, mas “Warcraft” cumpre muito bem aquilo a que se propõe – levar-nos a um novo mundo e entreter.
Final sequel-ready, com pontas soltas que podem ser desenvolvidas numa sequela (os números USA não lhe são favoráveis, mas as do resto do mundo podem compensar), permitindo-nos continuar à descoberta deste tão admirável mundo novo.
Recomendável.
“Warcraft” já está nas salas portuguesas.
Realizador: Duncan Jones
Argumentistas: Duncan Jones, Charles Leavitt, a partir do conceito criado por Chris Metzen
Elenco: Travis Fimmel, Paula Patton, Ben Foster, Dominic Cooper, Toby Kebbell, Ben Schnetzer, Robert Kazinsky, Clancy Brown, Daniel Wu, Anna Galvin, Callum Keith Rennie, Burkely Duffield, Glenn Close
Sites
http://www.warcraft-themovie.com/
O jogo
https://worldofwarcraft.com/pt-pt/start
A Blizzard Entertainment
https://www.youtube.com/user/blizzard
https://twitter.com/blizzard_ent
https://www.facebook.com/pages/Blizzard-Entertainment/108145685873353?rf=106155059415503
https://www.linkedin.com/company/blizzard-entertainment
Orçamento – 160 milhões de Dólares
Bilheteira (até agora) – 37 milhões de Dólares (USA); 318 (mundial)
A Blizzard anunciou o filme em 2006.
Numa primeira fase de desenvolvimento, Sam Raimi iria ser o realizador.
Gary Whitta (prestigiado argumentista de banda desenhada e jogos) criou o primeiro argumento. Raimi rejeitou-o.
Uwe Boll (um mestre de Série Z, considerado como um dos piores realizadores do mundo, se não mesmo o pior) mostrou interesse em realizar o filme. A Blizzard Entertainment (criadora do jogo) recusou, pois não queria um mau filme e acreditava que tal poderia prejudicar a (boa) reputação do jogo.
Colin Farrell foi sondado. Dominic Cooper ficou com o personagem.
Johnny Depp mostrou interesse em participar no filme.
Duncan Jones é grande fã do jogo.
Bill Westenhofer (o supervisor dos efeitos visuais) é grande fã do jogo.
O filme adapta dois livros – “Rise of the Horde” (onde se explica a origem da Horda) e “The Last Guardian” (onde se mostra a reacção dos humanos face à invasão dos Orcs).
Jones fez muitas alterações ao argumento que recebeu, pois Jones considerou-o como unilateral (só dava realce aos humanos). Jones procurou abordar as duas raças.
Filmado em Vancouver e na British Columbia, ao longo de 123 dias.
O filme obrigou à criação de um dialecto próprio para os Orcs.
Os Orcs eram interpretados pelo método de motion capture.
A complexidade dos efeitos visuais exigiu 20 meses de pós-produção.
O filme ia estrear em Dezembro de 2015, mas viu a sua estreia adiada para não competir com “Star Wars – Episode VII: The Force Awakens”.
“Warcraft” junta-se a outras adaptações cinematográficas de jogos – “Prince of Persia” (2010), “Silent Hill” (2006), “Hitman: Agent 47” (2015), “Street Fighter” (1994), “Mortal Kombat” (1995), “Max Payne” (2008), “Need for Speed” (2014), “Lara Croft: Tomb Raider” (2001; reboot a caminho, com Alicia Vikander como protagonista) e “Resident Evil” (2002; novo e último episódio já no final do ano). No final do ano surge “Assassin’s Creed”, com Michael Fassbender.