Eis um dos projectos mais curiosos, inteligentes, estilizados e estimulantes dos últimos tempos.
É o regresso do autor de “Eastern Promises” e “Hummingbird”.
Tom Hardy tem uma excelente oportunidade de brilhar o seu talento, carisma e presença.
Ivan Locke é um dedicado homem de família e um bem-sucedido empresário da construção civil.
Uma noite, aparentemente igual a outra, no seu regresso a casa, Locke recebe uma chamada que lhe vai alterar a vida.
De telefonema em telefonema, Locke vai ter de aceitar essa mudança e confrontar a sua família com as suas decisões.
Viagem ao desespero de um homem, a quem lhe sobram alguns Kilómetros e pouco mais de uma hora de viagem, a caminho de um novo rumo de vida, fruto de decisões derradeiras, com consequências para ele e para quem o rodeia.
Tom Hardy está estupendo, aguentando o filme a 100%, traduzindo toda a dor e angústia do seu personagem.
Steven Knight dirige com competência, num trabalho cheio de estilo e elegância, filmando bem o interior do carro, ilustrando todo o cerco psicológico e emocional do protagonista (simbolizado precisamente pelo ambiente fechado do veículo do protagonista).
Steven Knight mostra, assim, ser um realizador/argumentista que sabe abordar histórias de homens em conflito consigo próprios, com o ambiente ao seu redor, em luta por uma paz interior, filmando bem os espaços nocturnos e o underworld das grandes metrópoles, retomando algum do melhor urban noir dos 70s.
Um original, criativo e emocional exercício de Cinema.
Muito recomendável.
“Locke” tem edição portuguesa e anda a bom preço. As edições estrangeiras contam com mais e melhores extras. Os preços também andam bons.
Realizador: Steven Knight
Argumentista: Steven Knight
Elenco: Tom Hardy, Olivia Colman, Ruth Wilson
Site – http://locke-movie.com/
Orçamento – 2 milhões de Dólares
Bilheteira – 5 milhões de Dólares (mundial)
“Melhor Actor” (Tom Hardy), nos Prémios Chlotrudis 2015, pelos críticos de Los Angeles 2014, pelos críticos de Toronto 2015.
Melhor Argumento”, pelos Prémios do Cinema Independente Britânico 2013.
“Melhor Montagem”, nos Prémios de Cinema Europeu 2014.
“Top 10 – Filmes Independentes”, pela National Board of Review 2014.
“Melhor Actor Estrangeiro” (Tom Hardy), nos Prémios Sant Jordi 2015.
Tom Hardy estava constipado durante as filmagens e tal teve de ser referido para o seu personagem.
No filme usa-se um BMW que emitia uma mensagem quando o combustível estava a chegar ao fim. Tal irritava Hardy. Mas o realizador conservou na montagem final os takes onde se vê tal reacção.
Hardy é o único actor que se vê no filme. E era o único no local das filmagens. Os outros membros do elenco estavam em quartos de hotel. A sua “presença” limita-se à voz e as conversas com Locke/Hardy, que eram feitas por telefone, com tudo a ser gravado no momento.
Filmado em seis noites, com três câmaras.
A Grande Ilusão 