M. Night Shyamalan assusta agora o mundo da Televisão.
“Wayward Pines” é uma povoação da qual não se sai e é uma série que não se larga.
Porquê?
Ora vamos até lá e iremos perceber.
Ethan Burke, agente dos Serviços Secretos, chega a Wayward Pines em busca de dois colegas seus, desaparecidos.
Ethan descobre uma povoação idílica, perfeita criação do American Dream, mas descobre uma cidade cheia de mistérios, segredos e perigos.
Depois de descobrir que não há saída daquela cidade, Ethan vem a descobrir uma verdade verdadeiramente apocalíptica.
Welcome to Wayward Pines. Uma cidade onde se morre por… ficar.
Criador: Chad Hodge
Baseado na saga literária de Blake Crouch
Elenco: Matt Dillon, Carla Gugino, Shannyn Sossamon, Toby Jones, Charlie Tahan, Melissa Leo, Reed Diamond, Hope Davis, Siobhan Fallon Hogan, Terrence Howard, Juliette Lewis
Entre “Twin Peaks” (cidade no meio do mato, aparentemente harmoniosa, de verdade bizarra), “The X-Files” (paranóia e conspirações), “The Walking Dead” (a ameaça face a um último reduto da Humanidade), “I Am Legend” (a sobrevivência de quem resta), “The Truman Show” (a vigilância permanente do criador da cidade), “Wayward Pines” é uma brilhante fusão de todos os conceitos destes filmes e séries, mas respira personalidade.
Suspense, medo, tensão, intriga, paranóia e drama, andam sempre por lá.
A presença de Shyamalan não é só para dar (bom) nome à série.
À boa maneira do autor de “The Sixth Sense” (que regressou em grande forma, em 2015, com o fabuloso “The Visit” – imperdível, acreditem), a narrativa é uma sucessão non-stop de surpresas e twists.
Mas também, e à maneira do cineasta, há uma história bem contada, sempre com relevo humano e emoções, com atmosfera carregada e excelentes interpretações.
A série mergulha no quotidiano daquela povoação, verdadeiro hino à harmonia social, criando um conjunto de personagens credíveis e merecedores da nossa simpatia, carinho e preocupação.
Para salientar ainda mais a sensação de medo, fica esclarecido, desde muito cedo, que nenhum personagem está a salvo.
O ritmo é imparável, cada episódio traz novas verdades e surpresas, terminando sempre em cliffhanger.
Mas no meio do entretenimento, “Wayward Pines” traz uma reflexão bem pertinente neste mundo pós-9/11 – há liberdade com ou sem segurança?, quais as fronteiras de cada uma?, são compatíveis ou inconciliáveis? qual delas estamos dispostos a abdicar?
O (excelente) elenco porta-se ao nível da sua reputação.
Deve-se destacar um Matt Dillon particularmente heróico, valeroso e líder, Toby Jones e Melissa Leo estão bem inquietantes, Hope Davis é bem dedicada, Charlie Tahan é uma óptima revelação e Shannyn Sossamon defende-se muito bem como mãe protectora.
Um verdadeiro nail-biter.
Uma das melhores, mais estimulantes e viciantes criações televisivas da actualidade.
Obrigatório.
“Wayward Pines” terminou a sua Season 1 e prepara-se para uma Season 2 já para este Verão.
Sites
http://www.foxtv.co.uk/wayward-pines
http://www.fox.com/wayward-pines
Trailer
Baseado na trilogia literária de Blake Crouch.
A saga está à venda em Portugal.
O primeiro volume da saga chama-se “Pines” e é coberto pelos primeiros 5 episódios. Os volumes seguintes (“Wayward” e “The Last Town”) são focados nos 5 episódios seguintes.
A saga é um sucesso tal, que tem variações escritas por outros escritores.
Sobre Blake Crouch – http://blakecrouch.com/
O título de cada episódio vem de um diálogo tido durante o mesmo.
No primeiro episódio, num momento ouve-se uma música que vem do jogo “Fallout”. O jogo passa-se num futuro apocalíptico, onde os sobreviventes humanos são organizados em pequenas comunidades.
Syamalan reconhece a influência de “Twin Peaks”, até porque a série também foi influente sobre Crouch.
Em “Wayward Pines”, a secretária do Sheriff chama-se Arlene Moran. Em “Twin Peaks”, a secretária do Sheriff chama-se Lucy Moran.
Reencontro entre Matt Dillon e Terrence Howard, depois de “Crash” (2004).
É a segunda série da Fox onde Howard participa – a outra é “Empire” (2015).