Título Original – The X-Files
(Season 10)
14 depois do Adeus (em Televisão), 8 anos depois do segundo filme, 23 anos depois de terem aparecido pela primeira vez, Mulder & Scully estão de volta.
Mini-série de 6 episódios, divididos entre arc mythology e stand-alone episodes.
Prometiam-se conclusões e novidades.
Conseguiu-se?
Hmmm….
Houve muita verdade por aí.
Mas também muita mentira.
Mulder e Scully reencontram-se devido a recentes eventos ligados à conspiração que eles investigaram durante anos, que agora ganha novos e perturbantes contornos.
Os casos que lhes são colocados também permitirão rever a vida de cada um e a relação entre os dois.
No final da conversa do primeiro reencontro, Mulder & Scully expressam-se da seguinte maneira:
Scully – “I´m always happy to see you, Mulder!”.
Mulder – “And I`m always happy to find a reason”.
Para nós, os fans, também é sempre uma felicidade rever Mulder & Scully. E há sempre uma feliz razão para tal.
Se outro mérito não tivesse, este revival/return/new season de “The X-Files” consegue o feliz regresso de uma das duplas mais emblemáticas, míticas, conseguidas, carismáticas e profundas da história do audiovisual.
Mulder e Scully estão mais velhinhos, mas em forma para continuar a descobrir a verdade (a que anda por aí e a sobre eles).
Esta nova Season é que nem por isso.
Chris Carter quis reconquistar os fãs, mas procurou novos.
Assim sendo, revê a matéria antiga. Tal é bom para contextualizar os “novatos”, mas nada de novo oferece aos “veteranos”.
Carter volta a martelar em situações já vistas nas Seasons anteriores (a arc mythology já estava a dar de si nas Seasons finais, onde pouco de novo era criado e o que era tinha pouco de consistente e lógico).
Original é a forma como Carter usa a actualidade mundial (política, social, económica, militar, tecnológica, etc.) para a inserir dentro da conspiracy que ataca a dupla desde o início da parceria.
Divertido é ver Mulder & Scully em pleno uso das novas tecnologias (recurso ao Uber, écrans tácteis, smartphones), estéticas (a decoração do gabinete, as roupas) e modas (conduzem um robusto SUV – um Ford Explorer).
Esta nova Season arranca como um novo Pilot, mas perde-se demasiado tempo em explicações do passado (que os fãs já conhecem, mas os novos viewers não), demorando a entrar na nova conspiracy. Quando o faz, faz tudo de forma apressada.
A série continua em stand-alone episodes, sempre à volta de vários temas (Ciência, Monstros, Terrorismo), mas (com uma única excepção) não são tratados da melhor maneira.
Os argumentistas, talvez por saberem que tinham poucos episódios para tratar (apenas 6), procuram meter muitas coisas no mesmo episódio.
Há a investigação do caso concreto e procura-se lidar com questões paralelas dos dois agentes, devido a eventos das Seasons passadas.
É esse equilíbrio que falha. Nem o stand-alone case é cativante, nem o drama é envolvente (há mesmo um episódio – o quarto, “Home Again” – onde se foca um outro membro da família de Scully, cuja referência se fica pelo nome e nada de consequente ocorre).
Decepção ainda maior pelo facto dos episódios mais fracos serem da autoria do criador da série.
O destaque (meritoso) vai mesmo para o Episode 3 – “Mulder & Scully Meet The Were-Monster”. Escrito e dirigido pelo sempre genial Darin Morgan (que nos deu maravilhas como “War of the Coprophages”, “Humbug”, “Clyde Bruckman`s Final Repose”, “Jose Chung`s ´From Outer Space`”), o episódio combina terror e humor (um lagarto, que mordido por um humano, transforma-se em humano, tendo de lidar com tal drama, procura descobrir o que é ser humano, dá-se mal e procura ser curado; Mulder aproveita tal caso para redescobrir as suas crenças), devolve a dinâmica clássica da dupla (que esteve algo amorfa nesta Season), a glória dos melhores episódios, criando uma alta fasquia para esta nova Season.
Uma menção ao Episode 5 – “Babylon”. Há um falhanço na narrativa principal (combinar combate ao terrorismo islâmico com trips alucinogénias a partir de cogumelos, não resulta), mas corre melhor a dupla parceria que se cria. Mulder & Scully juntam esforços com Miller & Einstein (ele é crente, ela é céptica e cientista), uma dupla que parece uma versão younger & 21st Century da nossa estimada dupla. E é muito divertido ver Mulder e Einstein numa relação tipo cão & gato.
Dir-se-ia que Carter encena aqui um New Pilot para algum “The X-Files 2.0”, ou levar a série para novos protagonistas (algo que ele já tinha tentado, e com sucesso, nas Seasons 8 e 9).
Alguma redenção no Season Finale. A conspiração atinge níveis críticos ao focar epidemias e riscos na população. Scully anda bem activa (o seu know how médico é vital) e retoma-se o tom de urgência que caracterizou alguns dos melhores Season Finale da série. Como aconteceu no primeiro episódio, excesso de informação, que surge de forma atabalhoada. Lamenta-se um Mulder molengão (tal foi a sua atitude ao longo da Season – o actor com cansaço do personagem ou a ilustrar o cansaço de Mulder?), mas dá gosto vê-lo em atitude kick-ass (será que Mulder foi colega de curso de Jason Bourne?). Reaparição do Cigarette Smoking Man (os trailers já indicavam que ele regressava), plausível é o seu comeback (o final da Season 9 deixava-nos a acreditar que ele tinha mesmo morrido, de vez), William B. Davis continua temível na sua criação, mas o personagem limita-se a fazer e a dizer o mesmo que nas Seasons anteriores, nada de novo traz e não consegue ser ameaçador como outrora (gafe do argumento). De volta está Monica Reyes (que surge com um incrível, e bem conveniente, sentido de timing), mas (e mais uma vez, grande gafe do argumento) é para a mostrar como uma cobarde (algo que nunca se viu nas Seasons 8 e 9) e a “dormir com o inimigo” – pior ainda, nem uma referência a John Doggett nem à sua actividade como agente depois da Season 9. De volta também estão (vindos do episódio anterior) os agentes Miller e Einstein, dando à série a frescura, juventude, energia e vitalidade que lhe anda a fugir. No final, cliffhanger à moda antiga, levando-nos a acreditar que Carter acredita mesmo que vai haver Season 11 (os números das audiências nos USA são favoráveis a tal).
Alguns dos outros episódios tentam lidar com Scully e o seu drama pela ausência do filho William, as suas dúvidas e necessidades. Não resultam inteiramente (não se desenvolve o drama nem se procura William), mas mostra que Carter e cia. não esqueceram tal tema. A ver se tal fica abordado (e resolvido) na próxima Season.
Ao contrário do que se fez antes, há uma continuidade entre todos os episódios. Apesar de serem todos stand-alone na sua narrativa principal, há elementos ligados a Mulder e a Scully que são recorrentes e contínuos.
David Duchovny e Gillian Anderson continuam perfeitos como Mulder e Scully (embora David dê a sensação de andar algo “adormecido” nalguns episódios), sabendo recriar a química que vem dantes e adaptá-la à idade.
Como sempre, grande qualidade nas questões técnicas – fotografia, som, efeitos visuais e de caracterização.
Valeu a pena uma nova Season de “The X-Files”?
Huhhhhhhhhhhhhhhhh….
Sim.
E Não.
Sim, pelo regresso ao convívio com Mulder & Scully.
Não, porque pouco ou nada foi dado e contado, com a série a dar mesmo ar de cansaço e preguiça.
O melhor é mesmo Mulder & Scully (embora Mulder estivesse algo cansado).
A Season peca por ser (muito) frouxa.
(apesar de se salvar o Episode 3)
Nota (muito) negativa à presença dos secundários. Muita expectativa se gerou à volta do regresso de alguns dos secundários queridos, mas todos estão desaproveitados – Skinner só lá anda para dar uns raspanetes a Mulder e andar a fazer perguntas sobre o trabalho da dupla, “The Lone Gunmen” fazem um (desnecessário e idiota) cameo, a Mãe de Scully é despachada (ao pior nível que a série fez com outros personagens), Cigarette Smoking Man is back mas sem poder de ameaça, Monica Reyes aparece e é mal tratada.
À volta desta nova Season de “The X-Files” só se pode dizer “Vê-se…”.
“The X-Files” terminou esta nova Season (foi exibida no Canal Fox, pelo que surgirão reposições).
Ainda não há notícias se haverá uma nova, mas o cliffhanger e as audiências permitem acreditar que sim.
Se houver, haja (please) mais episódios escritos por Darin Morgan, uma equipa criativa renovada (tal é urgente), respeito e relevância pelos secundários habituais da série (isso é obrigatório) e mais relevo a Miller & Einstein (tal dava jeito).
Vamos (querer) acreditar que a verdade (de uma excelente Season) ainda está por aí e que Carter e cia. a irão (re)encontrar.
Criador: Chris Carter
Protagonistas: David Duchovny, Gillian Anderson
Secundários: Mitch Pileggi, Joel McHale, William B. Davis, Annabeth Gish, Sheila Larken, Robbie Amell, Lauren Ambrose, Annet Mahendru, Bruce Harwood, Tom Braidwood, Dean Haglund
Site – http://www.fox.com/the-x-files
Trailer
Making of
A equipa criativa desta nova Season é composta por Chris Carter, James Wong, Glen Morgan e Darin Morgan. James & Glen foram dos membros mais criativos nas Seasons 1, 2 e 4 (saíram da 3 para desenvolverem a sua série “Space: Above and Beyond”; iriam depois cuidar da Season 2 de “Millennium”, outra criação de Carter). Darin participou nas Seasons 2 e 3. Cada um escreve e realiza os seus respectivos episódios.
Carter tentou chamar mais dois criativos da série – Vince Gilligan e Frank Spotnitz (activos a partir da Season 2 e até ao fim). Eles tiveram de recusar por compromissos com outras séries.
Carter preferiu fazer uma nova Season em vez de um novo filme. Uma Season permitia-lhe mais tempo para abordar mais coisas.
Robert Patrick não quis retomar o seu personagem John Doggett (Patrick foi protagonista nas Seasons 8 e 9).
Annabeth Gish regressa como Monica Reyes (Gish esteve presente no final da Season 8 e protagonizou toda a Season 9).
Gillian Anderson recebeu metade do salário pago a David Duchovny.
Anderson usa peruca.
Piper Anderson-Klotz, a filha de Anderson, trabalha no Art Department. Foi devido ao seu nascimento que se deu o twist na Season 2 (o rapto de Scully). Um episódio da Season 3 (“Piper Maru”) tem o título como homenagem a ela.
Esta nova Season recebe o genérico antigo, o das primeiras Seasons. Só muda o tipo de letra do título da série.
Dossier “The X-Files”
http://www.empireonline.com/movies/features/celebrating-x-files/
Grandes momentos entre Mulder e Scully
http://www.ew.com/gallery/x-files-mulder-scully-best-moments/2453598_best-mulder-and-scully
The X-Files Poster Project – http://xfilesposterproject.tumblr.com/
The X-Files Comics
http://www.idwpublishing.com/product-category/the-x-files/
http://x-files.wikia.com/wiki/Comics
https://www.comixology.com/The-X-Files-Conspiracy/comics-series/12663
https://www.comixology.com/The-X-Files-Season-10-1/digital-comic/42754
A Grande Ilusão 