Título Original – The X-Files
Sub-Título – Fight The Future
Ao fim de 5 Seasons, “The X-Files” chegava ao Big Screen.
Com promessas de novidades e resoluções na Arc Mithology, mas também com algo de grandioso a nível visual.
Mulder e Scully estão retirados dos “The X-Files” (fora uma consequência dos eventos de “The End”, o Season 5 Finale) e são agora agentes do FBI para assuntos regulares.
Tal leva-os a investigar a possibilidade de um atentado bombista num edifício federal. O edifício explode e as culpas caem nos dois agentes.
Durante a investigação, Mulder & Scully descobrem que tal explosão foi uma tenebrosa cover-up.
Uma cover-up que visa tapar uma enorme conspiração – uma parceria entre uma organização secreta e alienígenas, com o fim de se conquistar e colonizar a Terra.
Chris Carter sempre defendeu que todas as semanas a sua equipa fazia um small movie.
Correcto (muitíssima e totalmente).
Seja pela qualidade dos argumentos, pela eficácia dos recursos técnico-estéticos, pela atmosfera criada, pela variedade de géneros que a série abraçou (drama, comédia, ficção científica, thriller, terror, suspense, acção, fantasia), pela profundidade das interpretações e pela densidade dos personagens.
Seria, portanto, uma questão de tempo até “The X-Files” chegar ao Cinema.
(aliás, tal era uma intenção de Carter e do estúdio quando fizeram a parceria – 5 Seasons e 1 Filme)
Size & Spectacle – era o que Carter queria para o filme.
Consegue-o (a explosão do edifício, a estrutura no deserto, o ataque das abelhas, a perseguição de helicóptero, o final na Antárctida).
O filme funciona bem como um sci-fi conspiracy thriller e como um 3-part arc mythology episode (facilmente se encontram momentos que poderiam ser o prologue ou o cliffhanger de um episódio).
Acrescenta uma ou outra coisa face à dimensão da conspiracy (o que se descobriu nas Season 3 – “Paper Clip”, “Piper Maru”/”Apocrypha” – e Season 4 – “Herrenvolk”), com resolução de alguns aspectos da Season 5 (“Patient X”/”The Red and The Black” – é uma espécie de prequela do filme) e deixa pontas soltas que seriam resolvida na Season 6 (“The Beginning” serve para Mulder & Scully fazerem um relatório sobre os eventos do filme, mostrando-se também mais detalhes sobre a forma de actuação do black virus; o dupleto “Two Fathers”/”One Son” serve para explicar a conspiracy e “resolvê-la”, sendo uma espécie de continuação/conclusão do filme).
É visível um esforço por parte de Carter em criar uma narrativa que tenha continuidade face ao visto nos 5 anos da série (sendo assim apelativo aos fãs), mas que seja autónoma e suficientemente esclarecedora para o espectador exterior ao fenómeno.
É esse (des)equilíbrio que impede que o filme seja melhor do que é. O fã da série acaba por descobrir pouca coisa nova (o filme reconta coisas que já se tinham contado antes, mas de forma diferente) e o espectador de fora fica algo perdido a partir de certa altura, pois necessita de informação que o filme não dá.
Rob Bowman era um realizador assíduo da série e tinha assinado alguns dos melhores (“Memento Mori”, “Paper Hearts”) e mais espectaculares (“Endgame”, “Paper Clip”, “731”) episódios da série, sendo portanto o realizador adequado para dar um big canvas à série.
Boa fotografia, efeitos visuais discretos e muito eficazes, aliados à qualidade na caracterização.
Bom score de Mark Snow.
David Duchovny e Gillian Anderson estão ao seu melhor, e o filme cria eventos que reforçam ainda mais a relação Mulder/Scully (veja-se a conversa inicial e final).
Para os fãs, o filme traz quase o delírio – é por milímetros que não há o beijo entre ambos.
(teríamos de esperar pelas Season 7, 8 e 9 para esse fan heaven)
Lamenta-se que os secundários da série se limitem apenas a cameos algo desnecessários e irrevelantes (Skinner só lá aparece para fazer umas perguntas; os Lone Gunmen só dão uma pequena ajuda).
O elenco extra é vistoso, mas apenas Martin Landau tem um personagem que se destaque. Os restantes apenas estão lá para uma cena ou momento, dando prestígio ao filme com a sua participação.
“The X-Files: Fight The Future” não é o grande filme que a fantástica série merecia/exigia, mas não desilude.
É “apenas” um bom arc mythology episode, em maior formato (duração e impacto visual), que resulta num bom entretenimento.
Recomendável.
“The X-Files: Fight The Future” tem edição portuguesa e anda a bom preço.
Realizador: Rob Bowman
Argumentistas: Chris Carter, Frank Spotnitz, a partir da série criada por Chris Carter
Elenco: David Duchovny, Gillian Anderson, Martin Landau, John Neville, William B. Davis, Armin Mueller-Stahl, Mitch Pileggi, Jeffrey DeMunn, Blythe Danner, Glenne Headly, Terry O’Quinn, Lucas Black, Dean Haglund, Bruce Harwood, Tom Braidwood
Orçamento – 66 milhões de Dólares
Bilheteira – 83 milhões de Dólares (USA); 189 (mundial)
Mercado doméstico – 40 milhões de Dólares (USA)
Trailers
Making of
O filme concorreu a “Melhor Filme de Ficção Científica”, nos Prémios Saturn 1999. Perdeu para “Armageddon” e “Dark City”. David Duchovny tentou ser o “Melhor Actor”, mas foi derrotado por James Woods em “John Carpenter`s ´Vampires`”. Gillian Anderson tentou ser a “Melhor Actriz”, mas foi derrotada por Drew Barrymore em “EverAfter”. Rob Bowman tentou ser “Melhor Realizador”, mas Michael Bay foi preferido, por “Armageddon”. O filme também tentou a “Melhor Caracterização”, mas “John Carpenter`s ´Vampires`” levou a melhor. Contudo, nesse ano, “The X-Files” (a série) ganharia um Saturn como “Melhor Série de Género”.
“Melhor Música”, nos Prémios ASCAP 199.
“Actriz Favorita – Sci-Fi” (Gillian Anderson), nos Prémios Blockbuster 1999.
“Melhor Actriz – Sci-Fi/Fantasia/Terror” (Gillian Anderson), “Melhor Música – Sci-Fi/Fantasia/Terror” (para Mike Oldfield e Mark Snow), nos Prémios Online Film & Television 1999.
O filme foi filmado durante o intervalo de filmagens entre a Season 4 e a Season 5. Assim sendo, a Season 5 foi toda filmada e delineada já com o filme feito e com a narrativa a ter de direccionar ao filme. Ao longo da Season 5, várias foram as vezes em que os actores tiveram de fazer re-shoots para o filme. Como tal, era frequente vermos Mulder e Scully ausentes nalguns episódios, havendo apenas protagonismo de um deles. Bowman apenas dirigiu 2 episódios nesta Season devido a estar ocupado com a post-production do filme.
Carter queria terminar a série com a Season 5 e continuá-la através de filmes (à semelhança do que se tinha feito com “Star Trek”). Mas a Fox decidiu continuar com a série (a primeira renovação visou apenas mais duas Seasons).
Num momento do filme, vemos Mulder a aliviar a bexiga face a um poster de “Independence Day”. Tal momento marca a reacção de Carter a esse filme.
Em dois momentos do filme, é filmado o carro dos agentes, a partir de um helicóptero. Num plano, o carro vem do canto inferior direito ao canto superior esquerdo. Noutro, o carro segue de canto do topo direito ao canto inferior esquerdo. Somando os dois movimentos, o carro faz um… X.
Num momento do filme, Mulder lê um artigo chamado “Fatal Hanta Virus Outbreak in Northern Texas Reported Contained”, escrito por um certo Howard Dimsdale. Dimsdale foi professor de Frank Spotnitz e John Shiban (argumentistas habituais da série) no American Film Institute. Esteve na “Lista Negra” durante a Era McCarthy e escrevia com o nome de Arthur Dales. Dales é um personagem que surgiria nas Season 5 e 6 (interpretado por Darren McGavin, M. Emmet Walsh e Fredric Lehne), como um agente do FBI na origem dos “The X-Files”.
Conrad Strughold (Armin Mueller-Stahl) vem de um certo Dr. Strughold, um médico nazi que fez tenebrosas experiências em prisioneiros, durante a Segunda Guerra Mundial.
Stevie (Lucas Black), o menino que descobre o buraco, no início do filme, tem o mesmo nome de um amigo de Carter. Ambos tinham como hábito cavar buracos.
Quando Mulder e Scully são perseguidos por um helicóptero, num campo de milho, a cena pretende homenagear a cena parecida em “North by Northwest” (1959, de Alfred Hitchcock, com Cary Grant, James Mason e Eva Marie Saint; nessa cena, Grant é perseguido por um avião).
Terry O’Quinn aparece na cena da bomba. O’Quinn era um dos protagonistas da série “Millennium” (criada por Carter, depois de “The X-Files”), tendo já aparecido na série “The X-Files” (“Aubrey”, na Season 2) e voltaria a aparecer (“Trust No 1”, na Season 9).
11:21 – a hora que Mulder se junta a Scully para investigar fósseis; é também a data de aniversário da esposa de Carter; é também a hora a que Scully recebe um telefonema de Mulder nos finais dos episódios “Pilot” e “The Erlenmeyer Flask” (ambos da Season 1).
D-1121 é uma sigla mostrada (na cena da Antárctida) – D vem da esposa de Carter (Dori) e 1121 é a sua data de aniversário.
619 – o número da sala onde Scully é interrogada; 6/19 foi a data de estreia do filme, nos USA.
O guião foi impresso em papel impossível de fotocopiar. O objectivo era impedir fugas sobre os detalhes do argumento.
“Blackwood” – era o título do filme, durante as filmagens; vem do escritor Algernon Blackwood (1869-1951), criador de spooky stories e membro da Hermetic Order of the Golden Dawn, uma sociedade de intelectuais que se dedicou ao estudo do oculto.
Sobre Blackwood – http://algernonblackwood.org/
Sobre a Hermetic Order of the Golden Dawn
http://www.golden-dawn.com/eu/index.aspx
A produção ocupou 10 semanas de trabalho, 8 de pre-production e 45 dias de filmagens. Filmagens adicionais e a post-production deram-se durante as filmagens da Season 5.
O final ocorre num local chamado Foum Tatouine. Foi filmado na Tunísia, lugar onde se criou a paisagem do planeta Tatooine, para a saga “Star Wars” (o Episode IV). O nome do local no filme remete para a homenagem à saga de George Lucas.
3.000 abelhas foram usadas na cena em que elas surgem.
Dois peritos em bombas, da Polícia de LA e do FBI, foram consultores na cena da explosão. Eles surgem nessa cena.
“Nuts and Bolts” – o título com que o filme foi enviado para as salas.
Ten Thirteen Productions é a companhia de produção de Carter, para a série e para o filme. Na última faixa da banda sonora, ao minuto 10:13, Carter explica as conspirações do filme e da série. 10/13 (de 1998) é também a data em que o filme foi lançado em VHS.
O filme teve direito a duas bandas sonoras:
- “The X-Files: Original Motion Picture Score” – a música composta por Mark Snow (autor do score para a série) para o filme.
- “The X-Files: The Album” – composto por canções de vários grupos e artistas, inspirados pelo filme. Mike Oldfield, Foo Fighters, The Dust Brothers, The Cure, Sting, The Cardigans, eram alguns. Carter tinha uma track exclusiva para explicar as conspirações do filme e da série.
Foo Fighters – “Walking After You”
(a canção que se ouve no genérico final)
Mike Oldifield em “Tubular X”
The X-Files (a série) – http://www.fox.com/the-x-files
Dossier “The X-Files”
http://www.empireonline.com/movies/features/celebrating-x-files/
Grandes momentos entre Mulder e Scully
http://www.ew.com/gallery/x-files-mulder-scully-best-moments/2453598_best-mulder-and-scully
The X-Files Poster Project – http://xfilesposterproject.tumblr.com/
The X-Files Comics
http://www.idwpublishing.com/product-category/the-x-files/
http://x-files.wikia.com/wiki/Comics
https://www.comixology.com/The-X-Files-Conspiracy/comics-series/12663
https://www.comixology.com/The-X-Files-Season-10-1/digital-comic/42754
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A Grande Ilusão 