Título Original – The Big Short
Numa época em que surge mais um peditório para bancos portugueses (porque é que nunca vemos um banqueiro a pedir asilo à Santa Casa da Misericórdia ou uma esmola à porta de uma igreja?), eis um título bem pertinente.
Que, afinal, é uma “aula” sobre o que se está a passar.
Em plena euforia banqueira sobre jogos de acções e pacotes financeiros plenos de lucros, à volta da alegria banqueira sobre o imobiliário, quatro homens visionários antecipam, avisam e preparam-se para o pior.
Neste momento, dificilmente existirá alguém (no país e no mundo) que não saiba os meandros dos porquês da crise mundial.
“The Big Short” é um “documentário” muito oportuno e (até mesmo) necessário sobre tal.
É certo que nada traz de novo (as televisões já exploraram até à exaustão tal tema, com infindáveis documentários, reportagens e debates), mas o filme cativa pelo ritmo, pelo tom e pelas interpretações.
O excelente naipe de actores não é um ganancioso swap cinematográfico. Todos estão óptimos.
É de destacar a raiva moral de Steve Carell, a arrogância descontraída de Ryan Gosling e a calma agressiva de Christian Bale.
Adam McKay dirige com ritmo e criatividade (vê-se o filme como um action thriller e até mesmo como uma comédia) e está sempre atento aos detalhes técnicos do mundo da finança. Para esclarecimento do espectador leigo, McKay tem o bom gosto de dar periódicas explicações como se todos fôssemos crianças (e é na forma como essas explicações são dadas que o filme marca pela originalidade).
“The Big Short” retoma a tradição do cinema liberal, político e interventivo dos 70s, mostrando que Hollywood, apesar de gostar de blockbusters, sagas e fórmulas, nunca deixou de usar o seu Cinema como um “ser” observador, analítico, crítico, explicativo e “moralista” da actualidade (nacional e internacional).
Repito, “The Big Short” nada traz de novo (no género ou sobre a matéria dada), mas traz muita inteligência, sensata pertinência e atento sentido de timing.
Muito recomendável.
“The Big Short” já anda nas salas portuguesas.
Realizador: Adam McKay
Argumentistas: Charles Randolph, Adam McKay, a partir do livro de Michael Lewis (“The Big Short: Inside the Doomsday Machine”)
Elenco: Christian Bale, Steve Carell, Ryan Gosling, Brad Pitt, Marisa Tomei, Melissa Leo, Tracy Letts Tracy Letts, Rafe Spall, Hamish Linklater, Karen Gillan, Selena Gomez, Margot Robbie
Site –http://www.thebigshortmovie.com/
Orçamento – 28 milhões de Dólares
Bilheteira (até agora) – 51 milhões de Dólares (USA); 70 (mundial)
Nomeado para “Melhor Filme”, “Melhor Realização”, “Melhor Actor Secundário” (Christian Bale), “Melhor Argumento Adaptado”, “Melhor Montagem”, nos Oscars 2016.
Nomeado para “Melhor Filme”, “Melhor Realização”, “Melhor Actor Secundário” (Christian Bale), “Melhor Argumento Adaptado”, “Melhor Montagem”, nos BAFTA 2016.
“Filme do Ano”, nos Prémios AFI 2016.
“Top 10 do Ano”, pelos críticos Afro-Americanos 2015.
“Melhor Argumento Adaptado”, pelos críticos de Chicago 2015, da Florida 2015, da Georgia 2016, de Kansas City 2015, de Phoenix 2015, de Toronto 2016.
“Melhor Realização”, nos Prémios Hollywood Film 2015.
“Melhor Montagem”, pelos críticos de Los Angeles 2015.
“Melhor Elenco”, pela National Board of Review 2015.
Segundo Michael Lewis (o autor do livro onde o filme se baseia), a Paramount (estúdio produtor do filme) só permitiu que Adam McKay realizasse este filme se concordasse em fazer uma sequela a “Anchorman: The Legend of Ron Burgundy” (2004).
É o primeiro filme de McKay sem a presença de Will Ferrell.
É o primeiro filme dramático de McKay.
A Paramount estava preocupada com a imagem que McKay dava aos “heróis” do filme. Para McKay, os “heróis” tinham mesmo de ser algo “impuros”.
É o segundo filme que Brad Pitt produz a partir de um romance de Lewis. O outro foi “Moneyball” (2011, com Pitt e Jonah Hill).
É o primeiro filme de Ryan Gosling, depois da sua pausa de interpretação, anunciada em Março de 2013.
Reencontro entre Gosling, Marisa Tomei e Steve Carell, depois de ”Crazy Stupid Love” (2011).
Michael Lewis trabalhou em Wall Street nos anos 80 (época de grande vitalidade no mercado bolsista), para um importante banco.
Sobre Michael Lewis – http://michaellewiswrites.com/index.html#top