Título Original – The Three Burials of Melquiades Estrada
Tommy Lee Jones já deu (muitas) provas que é um dos maiores actores do mundo.
Agora mostra a sua mais-valia como realizador.
Melquiades Estrada é um pobre mexicano, imigrado ilegalmente para os USA, em busca de trabalho.
Acidentalmente é morto e enterrado.
Pete Perkins, um rancheiro amigo de Melquiades, descobre quem é o assassino.
Na companhia deste e do falecido, Pete inicia uma jornada até à povoação natal de Melquiades, para assim cumprir a última vontade dele.
Algures entre Sam Peckinpah (a solidariedade para com o looser, a secura da violência, o tom decadente de alguns arquétipos do Western), os Irmãos Coen (a modernização dos códigos do Country Noir – Jones protagonizou um título dos manos neste registo, “No Country for Old Men”, que tem algumas sintonias com o filme de Jones) e Iñarritu (a narrativa fragmentada – o argumento vem de um antigo colaborador criativo do cineasta mexicano, com quem escreveu “21 Grams” e “Babel”), Tommy Lee Jones mostra um mundo desencantado e brutal (a fronteira tex-mex, onde as pessoas andam sem rumo e as autoridades são racistas e corruptas), irracional (parece não haver lógica na vingança executada pelo protagonista), mas onde sobra algum lugar para a amizade (mesmo depois da morte).
Boa fotografia, a retratar e beleza e o ar selvagem da paisagem, que está muito bem utilizada na narrativa e como personagem.
Muito boa prestação de todo o elenco.
Jones dirige de forma lenta e pesada, atento às pessoas, emoções, relações e motivações.
Uma auspiciosa estreia de Jones, num filme com tanto de “belo” como de “feio”.
Muito recomendável.
“The Three Burials of Melquiades Estrada” tem edição portuguesa e anda a preço “enterrado”. A edição lusa conta com bons extras (já o mesmo não se pode dizer do mais recente título de Jones como Director – “The Homesman”).
Realizador: Tommy Lee Jones
Argumentista: Guillermo Arriaga
Elenco: Tommy Lee Jones, Barry Pepper, Dwight Yoakam, Julio Cedillo, January Jones, Melissa Leo
Site –http://www.sonyclassics.com/threeburials/
Orçamento – 15 milhões de Dólares
Bilheteira – 5 (USA); 9 (mundial)
“Melhor Actor” (Tommy Lee Jones), “Melhor Argumento”, em Cannes 2005. Esteve nomeado para a “Palme d’Or” – perdeu para “L’Enfant”, dos Irmãos Dardenne.
“Grande Prémio”, no Festival de Ghent 2005.
“Melhor Filme”, nos Prémios Western Heritage 2006.
Produção de Luc Besson.
O argumento de Arriaga foi escrito em Espanhol. Jones traduziu-o para Inglês.
Arriaga inspirou-se num evento real (a morte de Esequiel Hernandez Jr., pelos US Marines, numa operação militar na fronteira tex-mex) e num livro de William Faulkner (“As I Lay Dying”).
Em 2001, Jones pediu a Arriaga que fizesse um argumento sobre a situação vivida na fronteira tex-mex. Jones nasceu e cresceu no Texas, tendo seu rancho na zona fronteiriça entre USA e México.
É a estreia de Jones como realizador, mas para Cinema. Jones já tinha realizado um telefilme em 1995 – “The Good Old Boys”.
Jones conhece o tipo de situações que o filme aborda e quis fazer um filme sobre tal realidade.
O filme foi filmado ao longo de 43 dias.
Grande parte das filmagens decorreram no rancho de Tommy Lee Jones.
Jones deu a cada elemento do elenco e da equipa técnica uma cópia do livro “L’Étranger”, de Albert Camus, para que entendessem o conceito de alienação.