Título Original (UK) – The Pirates! In an Adventure with Scientists!
Título Alternativo (USA) – The Pirates! Band of Misfits
Foi o filme que marcou o regresso da Aardman ao mundo da plasticina e ao stop-motion (no Natal de 2011, os estúdios britânicos deram-nos o maravilhoso “Arthur Christmas”, mas era de animação digital).
O Pirata Capitão é um pirata de boas intenções (dentro do meio), mas os resultados não o tornam temível.
Pela enésima vez, o Capitão e o seu grupo tentam ganhar o Troféu “Pirata do Ano”.
Gozado pelos seus rivais, o Capitão decide meter-se numa grande aventura que deixe o seu nome nos grandes feitos da Pirataria.
Uma aventura que vai originar muitas peripécias pelo mar, por ilhas e pelas ruas de Londres.
Desde que consiga fugir à perseguição da Rainha Victoria.
A Aardman sempre nos habituou a argumentos bem elaborados, cheios de humor inteligente e muita cinefilia.
“The Pirates” não é excepção.
O estúdio atira-se de forma destravada ao swashbuckler, sabendo homenagear (os ambientes) e parodiar (os diversos ataques a barcos) os clichés do género.
Como sempre, boa cinefilia (referências a títulos e personagens), bem encenadas cenas de acção (a perseguição pela casa, na banheira; o duelo final), argumento bem organizado, personagens diversas e personalizadas.
Elogia-se também a combinação do look da Era Victoriana com a modernidade (a festa dos prémios para os piratas parece um misto de party em Las Vegas e a cerimónia dos Oscars).
Onde “The Pirates!” faz História (no género e na Aardman) é a imensidão de detalhe na perfeita recriação dos ambientes (a cenografia, o guarda-roupa, os acessórios, adereços, veículos, barcos).
É de tamanho rigor, que o filme exige que seja revisto várias vezes, só para prestarmos atenção a todos esses detalhes.
Divertidíssimos genéricos (o final tem momentos que concluem a história).
Boa banda sonora, cheia de temas modernos, perfeitamente inseridos nas situações.
Fabulosa prestação vocal do (excelente) elenco.
Um prodígio de animação, alegria e peripécias, com todo o encanto da plasticina que só a Aardman permite.
Imperdível.
“The Pirates!” tem edição portuguesa e anda a preço bem “pirateado”.
Realizadores: Peter Lord, Jeff Newitt
Argumentista: Gideon Defoe, a partir dos seus livros
Vozes: Hugh Grant, Martin Freeman, David Tennant, Imelda Staunton, Salma Hayek, Jeremy Piven, Brendan Gleeson, Brian Blessed, Anton Yelchin, Ashley Jensen
Orçamento – 55 milhões de Dólares
Bilheteira – 31 (USA); 123 (mundial)
Trailer
Nomeado para “Melhor Filme de Animação”, nos Oscars 2013 e Annie 2013. Perdeu, respectivamente para “Brave” e “Wreck It Ralph”
Nomeado para ”Melhor Comédia”, nos Prémios Empire 2013. Perdeu para “Ted”.
“Melhor Filme de Animação” (ao lado de “Frankenweenie”), pelos Prémios da Crítica de Dallas-Fort Worth 2012.
Adaptação livre de uma saga literária criada por Gideon Defoe, em 2004. Já vai em 4 volumes, com o quinto a sair em breve.
O filme adapta dois livros – “The Pirates! in an Adventure with Scientists” e “The Pirates! in an Adventure with Whaling”.
Sobre Gideon Defoe
http://www.goodreads.com/author/show/83082.Gideon_Defoe
A saga
http://www.janklowandnesbit.co.uk/gideon-defoe
https://www.goodreads.com/series/53932-the-pirates
O filme contou com um total de 320 pessoas, sub-divididas em 41 equipas, com 33 animadores, envolvendo a Aardman e mais três estúdios de animação (entre eles, a Sony Pictures Animation – em 2010, a Sony e a Aardman assinaram uma parceria de 3 anos).
Muitos dos decors são a uma escala que ultrapassa a dimensão habitual para estes filmes. O objectivo era de se ter um maior apuro visual (há um cenário com mais de 400.00 peças; ainda se criaram mais 220.000 adereços para os restantes cenários), mas também melhor movimentação dos técnicos entre os cenários.
Mais de 6.818 bocas foram criadas. Só o Capitão precisou de 1.364.
O navio dos protagonistas é composto por 44.569 peças. Precisou de 5.000 horas de trabalho. O peso final é de 350 Kilos.
Apesar do recurso à plasticina e ao stop-motion, foi necessária intervenção do computador (nas cenas que envolvia mar e céu).
Charles Darwin chegou a pertencer a uma sociedade de gostos gourmet muito peculiares – caçavam, cozinhavam e comiam animais raros (mas nunca em vias de extinção). O filme brinca com este facto, com divertidas variantes.
Num determinado momento, a Raínha Victoria diz “I may have the heart and soul of a weak woman“. É uma variação de um dito de uma sua antecessora (Elizabeth I), num discurso perante a ameaça da Armada de Espanha.
Peter Lord chegou a divulgar que se estava a ponderar uma sequela e que já havia argumento. Mas perante os insuficientes resultados no box-office (o filme não foi um flop, mas não teve os números suficientes para ser um sucesso compensador), a ideia está adiada.
“So You Want to Be a Pirate!”
A curta que vem nalgumas edições DVD/Blu-Ray do filme
Entrevista com Peter Lord
http://collider.com/peter-lord-pirates-band-of-misfits-interview/
Sobre a Aardman
http://www.aardman.com/the-studio/history/