Título Original – Fantastic Four
O mais heróico quarteto de heróis (onde se encontram casal, irmãos e amigos) está de volta.
É mais um reboot de saga.
Recordemos a sua saga anterior.
Reed Richards, Susan “Sue” Storm (a eterna amada de Reed), Johnny Storm (irmão de Sue) e Ben Grimm (amigo de todos) são quatro excelentes cientistas.
Participam numa missão espacial, que procura investigar a importância da energia cósmica na evolução humana.
Durante a missão, o grupo é “atacado” por uns raios cósmicos. No regresso à Terra, os quatro descobrem que os seus corpos sofreram alterações, que os deixou dotados de incríveis poderes – Reed tem a capacidade de ser elástico, Sue consegue ficar invisível, Johnny é uma verdadeira tocha e Ben é uma besta de força.
Juntos, decidem formar uma equipa para bem da Ciência e da Humanidade.
Mas há um elemento extra, que também fazia parte da missão, que também recebeu poderes, mas que tem outros planos – o Dr. Victor Von Doom.
Entre os “Fantastic Four” e o Dr. Doom nasce uma rivalidade que só se resolverá numa batalha, onde o quarteto tem a missão suprema das suas vidas – salvar o mundo.
O Quarteto da Diversão
Em 2005, a moda de adaptações cinematográficas de banda desenhada já era crescente e tinha títulos na dúzia.
Este sub-género já tinha conhecido diversos resultados:
- Obras sublimes e referenciais – “Superman” de Richard Donner (que no Verão de 2006 receberia uma nova sequela – “Superman Returns” de Bryan Singer), os dois “Batman” de Tim Burton, os dois “Spider-Man” de Sam Raimi, “Hulk” de Ang Lee e “Batman Begins” de Christopher Nolan.
- Sofríveis – “Blade: Trinity” de David Goyer.
- Transgressoras (“Sin City” de Robert Rodriguez – teve uma sequela em 2014).
- Delírios campy – os dois “Batman” de Joel Schumacher, “Catwoman” de Pitof.
- Muito boas – “Constantine” de Francis Lawrence, “The Punisher” de Jonathan Hensleigh, os dois “X-Men” de Bryan Singer, “Blade” de Stephen Norrington, “Blade 2” de Guillermo del Toro, “Daredevil” de Mark Steven Johnson.
- Medianas – “Elektra” de Rob Bowman.
É neste último grupo que se inclui este “Fantastic Four”.
A bd original surge no início dos anos 60, vindos da criatividade (e genialidade) de Stan Lee e Jack Kirby. Com o seu sucesso, abriram-se as portas para toda a galeria de personagens que conhecemos.
A série marca diferenças a tudo o que se fazia então em termos de bd com super-heróis. O quarteto tem super-poderes, mas não andam em combate ao crime ou por ideais all-american. Têm fatos, mas não ocultam as suas identidades (os seus nomes e local de trabalho são do conhecimento da população). São super-heróis, mas estão ao serviço da Ciência para benefício da Humanidade. Há também uma união familiar, fraternal e de amizade – Reed Richards é marido de Sue Storm, esta é irmã de Johnny, Ben Grimm é amigo de todos desde os tempos de faculdade (exacto, os nossos heróis são “Doutores”, algo raro até então). As narrativas têm a sua componente de action-adventure fantasy, mas também fazem uma abordagem mais séria na relação entre os personagens, que se comportam e enfrentam situações semelhantes ao vulgar mortal. Alguém escreveu que é uma espécie de soap-opera de cariz fantástico.
Era uma questão de tempo até o Cinema se interessar por esta família/irmandade/grupo.
Ignorando a versão (já aqui abordada) produzida por Roger Corman (que transforma qualquer título de Ed Wood num um épico majestoso), há as muito estimáveis séries de animação (dos 60`s- criada pela emblemática dupla Hanna-Barbera – e dos 90`s).
A gestação deste filme andou difícil. Vários realizadores sondados (Chris Columbus e Peyton Reed chegaram a ser dados com certezas – visto o filme e conhecendo o curriculum de ambos, conclui-se que dificilmente fariam melhor do que o resultado final) e a escolha cai (aos trambolhões???) sobre Tim Story. Dotado de um curriculum banal no campo de comédias mais banais ainda (“Barbershop”, “Taxi”), Story deixa bem evidente que não capacidade para gerir um filme e um orçamento desta envergadura.
É um facto que o o filme não perde tempo, tendo um óptimo ritmo.
As visíveis limitações do filme estão no argumento. Começa em forma de melodrama científico (a pertinência da descoberta que Reed quer fazer, o passado entre Reed e Sue, a relação entre Reed e Ben), passa cerca de 2/3 do filme em ambiente de comédia (a descoberta dos poderes e o seu uso, por parte dos protagonistas, até tem alguns momentos divertidos) para nos últimos 20 minutos seguir as regras do cinema de acção (a confrontação entre as duas facções, numa sequência que não atinge o nível de espectáculo e suspense que deveria). Quem espera um vendaval de acção deve afastar-se, pois corre grandes riscos de decepção – o filme é composto por apenas duas cenas de acção (a primeira, passada na ponte onde os protagonistas usam pela primeira vez os seus poderes, é a mais espectacular e entusiasmante), eficazes, mas sem grande impacto, demonstrando a grande incapacidade do realizador para o género.
Termina-se a visão do filme com a sensação que este é uma comédia sobre quatro pessoas que se descobrem com super-poderes. É perceptível que os responsáveis não quiseram nada mais que um simples e vulgar entretenimento. Mas é pena. O material que está na sua origem é uma semente para o que poderia ser um filme melhor ou excelente. As relações entre os personagens, que saltam airosamente de situações tensas e violentas para outras mais leves e divertidas, nunca são bem exploradas. Não é difícil imaginar o que fariam com este material realizadores como Edgar Wright, Steven Spielberg, Tim Burton ou, acima de tudo e todos, James Cameron.
Os actores cumprem (todos mostram capacidade e potencial para mais, mas tal será para outro filme), mas sem riscos, pois nada mais lhes foi exigido. Contudo, elogie-se a excelente química criada entre todos, perfeitamente ao nível da bd.
Contudo, “Fantastic Four” não é a mediocridade que muita crítica indicou, mas não é o filme que os heróis mereciam. O filme diverte, agrada ao menino (Jessica Alba não torna invisíveis os seus “talentos”) e à menina (Chris Evans diverte-se, sendo o único que não leva o filme a sério, percebendo que o conceito é puro fun; diverte-nos como Johnny – que é o único elemento do grupo que sabe usufruir o poder que lhe foi dado; o actor mostra que estava em bom rumo para ser um novo pretty boy de Hollywood), entretém e cria cerca de duas horas em que esquecemos a vida e os seus problemas.
O fantástico cinema-bd está sobrevoado por um homem de capa vermelha, vigiado por um morcego, esmagado por uma besta verde e trepado por um aranhiço.
Aguardam companhia.
Mas para se chegar até eles, é preciso ser-se (verdadeiramente) fantástico.
“Fantastic Four” (a versão de 2005) tem edição portuguesa e já anda a preço fantástico. No nosso mercado também temos edições com o Theatrical Cut e com o Extended Cut.
Realizador: Tim Story
Argumentistas: Mark Frost, Michael France, a partir da bd criada por Stan Lee e Jack Kirby
Elenco: Ioan Gruffudd, Jessica Alba, Chris Evans, Michael Chiklis, Julian McMahon, Hamish Linklater, Kerry Washington, Laurie Holden
Trailer
Orçamento – 100 milhões de Dólares
Bilheteira – 154 (USA); 330 (mundial)
Sobre os Fantastic Four:
http://marvel.wikia.com/Fantastic_Four_%28Earth-616%29
http://marvel.com/characters/69/fantastic_four
http://marvel.com/comics/series/18700/fantastic_four_2014_-_present
Relevância no Universo Marvel:
- A origem dos Fantastic Four
- A sua guerra com o Dr. Doom
Esteve nomeado para “Melhor Filme de Ficção Científica”, nos Prémios Saturn 2006. Venceu “Star Wars: Episode III – The Revenge of the Sith”.
Jessica Alba esteve nomeada para “Pior Actriz”, nos Razzie 2006. Jenny McCarthy (por “Dirty Love”) foi preferida.
“Super-Heroína Mais Sexy” (Jessica Alba), nos Prémios Scream 2006.
Os direitos cinematográficos estavam com Bernd Eichinger, que tinha feito um filme, em parceria com Roger Corman, no ano de 1994. O filme nunca viu as salas – assim era a intenção, pois o produtor queria manter os direitos consigo, algo que só aconteceria se um filme fosse feito.
A Marvel comprou de volta os direitos, para que a 20th Century Fox levasse a cabo um blockbuster de grande orçamento.
A Fox contrata Chris Columbus (que tinha dois grandes sucessos no seu curriculum – “Home Alone” e “Home Alone 2”, ambos da Fox) para argumentista e realizador. Columbus elabora o argumento na companhia de Michael France. Columbus decide ficar apenas como produtor e Peter Segal é chamado como realizador. Sam Hamm (“Batman”, “Batman Returns”) é chamado para a reescrita do argumento (até porque o orçamento já vai em 165 milhões de Dólares). Raja Gosnell (editor dos primeiros “Home Alone”, tendo realizado uma sequela) é convocado como realizador. Mas Gosnell prefere dedicar-se a “Scooby-Doo”. Entra em cena Peyton Reed (que ao assinar este anoo maravilhoso “Ant-Man”, entra no Marvel Cinematic Universe). Mark Frost (“Twin Peaks”) é chamado para novas mudanças no argumento. Reed sai devido a conflitos criativos com a Fox e Tim Story é convocado. Simon Kinberg faz ajustes finais no argumento.
Columbus queria dar ao filme um tom mais cómico, na linha da série televisiva “Batman”.
Quando Columbus ainda estava ligado ao projecto, Dennis Quaid e Meg Ryan (ainda eram um casal na realidade) iam ser protagonistas.
Story foi convocado depois do estúdio ter ficado contente com o seu jeito em lidar com elencos de grupo – “Barbershop” (2002) e “Barbershop 2” (2004).
Steven Soderbergh e Sean Astin mostraram interesse em realizar o filme.
O argumento demorou (???) 10 anos a ser elaborado. Kinberg (homem muito activo no universo X-Men, responsável pelo reboot do quarteto) trabalhou nalgumas alterações, mesmo durante as filmagens.
Ali Larter, Julia Stiles, Kate Bosworth, Rachel McAdams, Scarlett Johansson, Elizabeth Banks, Renée Zellweger e KaDee Strickland foram consideradas para Susan Storm.
James Gandolfini foi considerdo para Ben Grimm.
Paul Walker foi considerado para Johnny Storm.
(Walker trabalharia depois com Jessica Alba, em “Into the Blue”)
Hugh Jackman (que já andava pela saga “X-Men”, como Wolverine), George Clooney e Brendan Fraser foram considerados como Reed Richards.
Tim Robbins foi considerado para Dr. Doom.
Chris Evans improvisou muitas das sua lines.
Michael Chiklis foi chamado por sugestão de Jennifer Garner (a Elektra de “Daredevil”, e que teria um filme autónomo).
Chiklis sentia-se muito desconfortável no fato de The Thing, por ser muito quente. Felizmente para ele (dado que a cena lhe exigia muita mobilidade), a batalha final foi filmada no Inverno. Para azar dos colegas, que usavam roupas muito finas.
Chiklis era o único actor do elenco que conhecia a bd e era fã.
A caracterização de Chiklis demorava cerca de 3 horas.
Laurie Holden interpreta a esposa de Ben (interpretado por Chiklis). Os dois reencontra-se-iam na última Season de “The Shield” (série televisiva protagonizada por Chiklis).
Alba teve de pintar o seu cabelo de loiro. Mas na sequela ela usou peruca.
A cena de Alba em lingerie só foi criada depois da actriz ter aceite participar no filme.
No momento em que estão à conversa no porto, Gruffudd e Alba estão em locais diferentes de filmagem – ele está em Vancouver, ela está em Nova Iorque. A montagem cria a ilusão que tudo decorre em simultâneo.
A cena em que Johnny se transforma em Tocha Humana e voa sobre Manhattan demorou 4 meses a ser criada.
A cena da ponte demorou 5 semanas de filmagens. Construíu-se uma réplica da Brooklyn Bridge.
Enviado para as salas com o título de “Bug”.
Muitos fãs não gostaram da forma como Dr. Doom é criado no filme. Stan Lee concordou com eles.
Lee considerou o trabalho de Chiklis como a sua interpretação favorita nos filmes Marvel.
Cameos:
- Stan Lee (o criador da bd) – é o carteiro do grupo.
- Ralph Winter (o produtor do filme) – é o operário que fecha uma porta, no final do filme.
- Richard Ho (um dos principais membros da “Wizard” – a Bíblia dos Nerds de BD e Comics) – um dos jornalistas que surge no Baxter Building, no meio da multidão.
O filme altera um aspecto face à bd – o Dr. Doom não faz parte da missão espacial que “oferece” os poderes (no filme ele vai na missão), mas ganha-os num acidente no seu laboratório (assim acontece na bd).
Apesar do sucesso nas bilheteiras, o filme não teve grande aceitação pela crítica, tendo também alguma rejeição pelos fãs da bd.
A edição DVD que saiu nesse ano trazia algumas diferenças face ao cut visto nas salas.
- Numa cena, Reed e Sue estão numa sala de armazenamento do Baxter Building. Numa das prateleiras está um Robot – é H.E.R.B.I.E., visto na série de animação de 1978.
- Numa cena, Reed e Sue estão à conversa em frente à Estátua da Liberdade. Na versão DVD, estão num planetário.
- No cut das salas, Doom faz um sorriso depois de atacar Sue. A edição DVD omite esse sorriso.
- Alguns momentos em que Reed ataca Doom receberam alguns cortes – de imagem e palavras.
Em 2007 saíu um Extended Cut. Tinha mais 20 minutos de metragem – desenvolve-se mais a relação entre Ben e Alicia.
(é algo que beneficia o filme, pois dá uma maior dimensão humana e emocional)
A novelização do filme desenvolve mais relação entre Ben e Alicia.