Título Original – The Terminator
Em 1984, surge este título.
De low budget, sem estrelas à frente (Arnold Schwarzenegger ainda só tinha feito dois filmes como Conan, de desigual sucesso) ou atrás das câmaras (James Cameron vinha do mundo dos efeitos especiais e o seu primeiro filme – que ele nega como tal -, “Piranha 2” tinha passado despercebido e tinha sido um grande flop).
Contudo…
Futuro. Há uma guerra entre o Homem e as Máquinas. Estas querem o extermínio do seu criador. Este procura sobreviver e parece estar perto da vitória.
Presente. Duas criaturas surgem na cidade em busca de Sarah Connor. Um é humano e quer protegê-la. O outro é um Terminator, unidade guerreira cibernética (robot por dentro, aparência humana por fora), que só tem um objectivo – eliminar Sarah.
O confronto é violento. E nada parece travar ou destruir a máquina assassina.
Como vencê-lo?
E porquê querer matar Sarah, uma simples city girl?
Eis um sólido candidato ao definitivo Robot Movie, onde se combina magistralmente terror (tecnológico), acção, ficção científica, parábola sócio-tecnológica com laivos de nazismo (as consequências do apocalipse tecnológico), onde se abordam os malefícios da Tecnologia face ao Homem, o mau uso desta e a forma como o Ser Humano consegue criar a sua própria fonte de destruição.
É de sci-fi, mas tudo parece um filme de terror urbano. A visão do ambiente urbano acaba por ser um dark terror dos policiais urbanos de Don Siegel e William Friedkin – há a visão de uma Polícia muito descontraída (o que origina um certo regozijo do espectador quando o Terminator extermina toda uma esquadra).
Notável a forma como se faz o encadeamento dos eventos no primeiro acto – mostram-se os personagens, os inimigos não são identificados nas suas intenções.
Há um orçamento colossal para um Série B (6 milhões de Dólares), mas que dá origem a um colosso de acção.
James Cameron (nome vindo dos efeitos visuais) revelou-se um nome a ter em atenção no campo do action cinema, do destroy cinema, do blockbuster, da sci-fi e do cinema-espectáculo. Dá ao filme um ritmo imparável, capaz de uma tensão crescente (a colocação dos personagens em cena e a forma como se aperta o cerco a uma delas) e insustentável (quando os três se encontram no mesmo local), cria cenas de acção arrasadoras (o encontro na discoteca arrasa com os nervos), não se inibe do terror (a forma como sentimos a agonia das vítimas – veja-se o momento em slow motion de uma a rastejar pelo chão, ferida, com o Terminator a surgir-lhe por detrás) e consegue dar explicações (a Sarah e ao espectador) em plena perseguição, sabendo até enganar o espectador (há um momento que se julga ser o climax e depois…).
Arnold Schwarzenegger tornou-se uma (big) movie star. Criou o seu mais emblemático personagem. Criou um dos personagens mais relevantes, assustadores e fascinantes do Cinema. E uma das mais memoráveis (e gélidas) frases do Cinema – o inesquecível e arrepiante “I´ll Be Back”.
Excelente trabalho a nível de miniature effects, fotografia e de make-up (atenção ao tom bem gore dos “primeiros socorros” do Terminator).
Incrível é o resultado nas cenas futuristas de combate (tendo em conta o baixo orçamento).
Clássico total.
Culto absoluto.
Obra-Prima de Cinema.
Teve direito a três sequelas de bom nível. A melhor é a primeira (“Terminator 2”), verdadeira “capela sistina do cinema-espectáculo”.
Originou uma série televisiva muito interessante, centrada na figura de Sarah Connor – “Terminator: The Sarah Connor Chronicles”.
E agora, 31 anos depois, temos o reboot, remake ou variação de sequela – “Terminator: Genisys”, com o regresso de Schwarzie.
“The Terminator” tem edição portuguesa em DVD e Blu-Ray. Tem também generosas edições (nos dois formatos) em vários mercados (algumas com legendas em Português). Os preços são diversos.
Realizador: James Cameron
Argumentistas: James Cameron, Gale Anne Hurd, William Wisher Jr. (sem crédito)
Elenco: Arnold Schwarzenegger, Linda Hamilton, Michael Biehn, Paul Winfield, Lance Henriksen, Rick Rossovich, Bess Motta, Earl Boen, Dick Miller, Bill Paxton, Brian Thompson
Orçamento – 6.4 milhões de Dólares
Bilheteira – 38 (USA); 78 (mundial)
Trailers
O seu famoso “I`ll be back”
A cena na discoteca
O ataque à esquadra
“Compra” de armamento
A cena da “cura”
Making of
“Melhor Filme de Ficção Científica”, “Melhor Argumento”, “Melhor Caracterização”, nos Prémios Saturn 1985. Arnold Schwarzenegger tentou ser “Melhor Actor”, mas foi derrotado por Jeff Bridges em “Starman”. Linda Hamilton tentou ser “Melhor Actriz”, mas foi derrotada por Daryl Hannah em “Splash”. James Cameron quase que era “Melhor Realizador”, mas preferiu-se Joe Dante por “Gremlins”. O filme também concorreu na “Melhor Música” – o trabalho de Brad Fiedel foi derrotado pelo de Jerry Goldsmith em “Gremlins”.
“Grande Prémio”, em Avoriaz 1985.
“Filme a Preservar”, pela National Film Preservation Board USA 2008.
James Cameron teve a ideia na Europa, quando filmava “Piranha 2”. Vinha de um sonho de um robot a emergir das chamas (algo que acontece em “The Terminator”).
Lance Henriksen ia ser Terminator (ao actor já tinha trabalhado com Cameron em “Piranha 2”). O objectivo era criar um personagem discreto, que se movia pela calada. Cameron chegou mesmo a fazer desenhos onde a criatura tinha traços do actor.
Arnold Schwarzenger ia ser Kyle. Mas o Mr. Músculo ficou de tal modo fascinado pela criatura, que houve mudança de casting. Tal originou uma mudança no tom do personagem (Terminator com o look de Schwarzie nada tem de discreto).
Sylvester Stallone foi considerado para Terminator. Curiosamente, Cameron escreveria um argumento (depois alterado por Sly) para “Rambo: First Blood – Part 2”. Curiosamente, em “Last Action Hero” surge um momento em que se brinca com isto (a cena no videoclube, onde se vê um poster de “Terminator 2” onde este é… Stallone)
O.J. Simpson chegou a ser considerado como Terminator, mas os produtores rejeitaram-no por o acharem demasiado simpático.
(isto foi antes do seu mediático julgamento)
Tom Selleck, Kevin Kline, Michael Douglas, Randy Quaid e Jürgen Prochnow também foram considerados para Terminator.
Mel Gibson rejeitou ser Terminator.
Bruce Willis, Mickey Rourke e Sting foram considerados para Kyle Reese.
Michael Biehn era o favorito numa audition, mas o actor fez a prova com um sotaque do Sul (devido a uma outra audition). Cameron não queria que o filme tivesse uma “regionalização” à volta do personagem e falou com o agente do actor. Este regressou à audition, sem sotaque, e foi eleito.
Geena Davis, Jennifer Jason Leigh, Debra Winger (a preferida de Cameron, mas recusou), Michelle Pfeiffer, Diane Lane, Glenn Close, Carrie Fisher, Daryl Hannah (teve de recusar para entrar em “Splash” – tendo sido premiada face à rival de “The Terminator”), Sharon Stone, Gilda Radner, Susan Sarandon, Rhea Perlman, Sigourney Weaver (que depois trabalharia com Cameron em “Aliens” e “Avatar”), Cybill Shepherd, Jane Seymour, Anjelica Huston, Lori Loughlin, Kim Basinger, Jodie Foster, Melanie Griffith, Christie Brinkley, Diane Keaton, Goldie Hawn, Jamie Lee Curtis, Ally Sheedy, Jessica Lange, Sissy Spacek, Kay Lenz, Liza Minnelli, Mia Farrow, Barbara Hershey, Miranda Richardson, Rosanna Arquette, Meg Ryan, Heather Locklear, Jennifer Grey, Madonna, Amy Irving, Teri Garr, Margot Kidder, Tatum O’Neal, Bridget Fonda (rejeitou), Kate Capshaw (ocupada com “Indiana Jones 2”), Kathleen Turner (ocupada com “Romancing The Stone”) e Kelly McGillis foram consideradas para Sarah Connor.
O filme sofreu um atraso no início de filmagens, devido ao compromisso de Schwarzie com “Conan, The Destroyer”. Enquanto esperava, Cameron aproveitou para desenvolver o argumento de “Aliens” (Cameron já estava convocado para o projecto, pois os produtores gostaram muito do argumento de “The Terminator”).
Schwarzie criou uma certa distância entre Linda Hamilton e Biehn, para assim ser mais convincente nas suas reacções – Schwarzie interpreta alguém que os quer matar.
Schwarzie treinou arduamente no uso de armas, até chegar a um ponto em que as manejava e carregava sem olhar para elas, de uma forma tão automática como se fosse uma… máquina. O seu manejo é de tal modo real e convincente, que ao actor recebeu imensos elogios pela revista “Soldier of Fortune”.
As armas que Schwarzie usa são:
- Pistola AMT 1911 .45 Long Slide com Laser Pointer (usa nas primeiras vítimas)
- Revolver S&W 2.5 calibre .357Magnum (a perseguição no túnel)
- Uma Uzi .9mm (no bar “Tech Noir”)
- Uma shotgun SPAS-12 (no tiroteio na esquadra)
- Uma carabina AR-18 (no tiroteio na esquadra e a perseguição no túnel)
A famosa frase (dita por Schwarzie) “I’ll be back” foi escrita inicialmente como “I’ll come back”. Schwarzie queria dizer “I will be back”, pois achava que seria algo mais mecânico. Tal originou uma discussão entre ele e o realizador, mas tudo se resolveu.
Num dia de filmagens, Schwarzie entra num restaurante de L.A. para almoçar e assusta o pessoal – tudo porque o actor ainda estava caracterizado como The Terminator (“faltava-lhe” um olho, a pele estava “queimada” e algum do maxilar estava “visível”).
Num momento, há uma voz no atendedor de chamadas que dá uma mensagem a Hamilton. A voz é de Cameron.
(alguns anos depois, ambos estariam casados, para depois se divorciarem algum tempo depois)
Franco Columbu, um ex- Mr. Olympia, interpreta o Terminator da cena do sonho. Columbu é amigo de Schwarzie.
A visão do Terminator vem do sistema operativo Apple II. Aliás, chegou a haver um comando do sistema que mostrava a visão do Terminator. COBOL também inspirou parte do código que gera a visão.
Wolfie, o pastor alemão de Cameron, é visto na cena do motel.
Cameo de William Wisher Jr. (co-argumentista de “The Terminator” e “Terminator 2”) – o agente de polícia que tenta ajudar Terminator.
Hamilton magoou-se num tornozelo antes das filmagens. Tal limitou-a em cenas de acção, pelo que estas tiverem de ser agendadas mais para o final das filmagens.
Na filmagem do plano final, um agente da polícia interrogou a actriz e a equipa para saber se tinham licença para filmar. Como não tinham, Gene Warren Jr. (supervisor de efeitos especiais) mentiu ao dizer que aquilo era um projecto escolar para o filho. Sarah Connor aparece interpretada por uma dupla.
Devido ao baixo orçamento, o som foi gravado em mono. Só em 2001, com a Special Edition em DVD, é que se criou uma mistura de som em stereo 5.1.
A Paramount queria produzir o filme, mas com a condição que que Cameron não seria o realizador. Mas ele estava empenhado nessa função e rejeitou o apoio da major. Curiosamente, o novo episódio da saga, “Terminator: Genisys”, vem produzido pela… Paramount.
O argumento foi vendido por Cameron a Gale Anne Hurd (sua esposa na época) pela quantia de… 1 Dólar.
Cameron cita “Mad Max 2” com uma forte influência sobre “The Terminator”.
Numa primeira fase do desenvolvimento do argumento, Cameron queria que fossem dois Terminators em acção. O visto neste filme e um outro, de metal líquido, capaz de mudar de forma e aspecto. Ao dar conta que a tecnologia não lhe permitiria o segundo personagem, Cameron abandonou a ideia. Com os avanços no campo dos efeitos digitais que Cameron experimentou em “The Abyss” (a serpente de água e a forma como ela muda de forma), Cameron retomou a ideia para “Terminator 2”.
Numa primeira versão do argumento, Sarah Connor teria uma ferida devido à prática de skate. Por cada vítima que o Terminator acreditasse ser a Sarah, ele rasgava as pernas delas para localizar essa ferida e assim ter a certeza que teria morto a Sarah que lhe interessava. A ideia foi rejeitada por ser demasiado gore e desnecessária.
A Orion deu duas sugestões a Cameron – um cão-cyborg que acompanha Reese (Cameron recusou) e um reforçar da relação Sarah/Kyle (Cameron aceitou).
Numa ideia inicial, Terminator necessita de comer para manter a aparência humana. Mas a ideia foi rejeitada.
Sarah iria ser uma adolescente, mas depois Cameron mudou de ideias.
Seriam dois salvadores para Sarah, mas um deles teria pouco relevo na narrativa.
Duas cenas eliminadas focam ideias que seriam desenvolvidas na sequela – o projecto Skynet, a empresa Cyberdine e a criação de Terminators.
Os óculos de Terminator são Gargoyles.
A moto que Terminator usa (Honda CB750 Four) está exposta no Planet Hollywood.
A scooter de Sarah é também da Honda, a Elite.
Na época, Cameron não tinha manager, pois tinha-o despedido pelo facto dele não gostar do argumento de “The Terminator”.
Tony Banks (teclista dos Genesis) ia compor a banda sonora, mas já estava comprometido com outro filme.
Perto do final das filmagens, criou-se uma forte tensão entre John Daly (um dos executive producers e um dos líderes da Orion, estúdio produtor do filme), Cameron e Schwarzie. Daly queria que o filme terminasse depois da cena da explosão do camião. Cameron opôs-se. Mike Medavoy (outro líder da Orion, que recomendou Schwarzie a Cameron) juntou-se a Daly e nada fizeram na promoção do filme. O estúdio andava a investir em filmes mais sérios e artísticos (“Amadeus”, “Platoon”) e via no filme de Cameron como um filmezito que apenas daria dinheiro.
Harlan Ellison moveu uma acção em tribunal face a Cameron, por achar que o cineasta tinha usado várias ideias de contos do escritor. Ellison ganhou.
“I’ll be back.” é uma das mais populares movie lines de sempre. Está na posição 37 (em 100) do American Film Institute.
“The Terminator” está na posição 42 dos “100 Years… 100 Thrills”, do American Film Institute.
Terminator é o 22º dos ”100 Years… 100 Heroes and Villains” do American Film Institute.
“The Terminator” está na posição 72 dos melhores filmes de sempre, pela Total Film.
“The Terminator” é um dos 500 melhores filmes de sempre, pela Empire.
Terminator é o 14º dos 100 melhores personagens de sempre, pela Empire.
Terminator é o único personagem que conseguiu entrar nas duas listas do American Film Institute, referente a heróis e vilões.
Um esclarecimento sobre os eventos ao longo do tempo.
http://www.empireonline.com/features/terminator-timeline/