Título Original – Mad Max: Fury Road
Mad Max regressa.
30 anos depois.
Com novidades, constantes e upgrade.
Valeu a pena a espera pelo Road Warrior?
SIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIM.
Aqui não há remake ou reboot. Isto é uma sequela directa ao final da saga anterior.
Num tempo (futuro ou actual?) de caos, Max Rockatansky continua a deambular pela estrada (e pelo deserto). O seu trajecto leva-o até às garras de uma “tribo” que controla a água e quem dela necessita. Em fuga, Max cruza-se com a determinada Imperator Furiosa, uma guerreira que lidera um grupo de mulheres em busca de uma terra prometida. E assim se inicia uma acelerada e selvagem perseguição.
Mad Max apareceu pela última vez há 30 anos (com “Mad Max Beyond Thunderdome” – era um dos trunfos do Verão desse ano). Assim nos despedíamos de Max e do seu universo. Mas sempre acreditamos que seria por pouco tempo.
George Miller promete, alguns anos depois, que iria regressar a Max e ao seu mundo.
Ultrapassados alguns percalços (ver a ficha de estreia), Miller cumpre o prometido.
É certo que passaram 30 anos.
É certo que muitos dos nomes envolvidos são novos (só mesmo Miller tem sido a constante ao longo dos quatro filmes).
Mas…
Que regresso, Senhoras & Senhores!!!
“Mad Max: Fury Road” não é um filme, no sentido clássico do termo.
É uma cena/sequência, com princípio, meio e fim.
É uma perseguição em continuum, apenas com pausas para os personagens conversarem e conhecerem-se, arranjar e atestar os veículos, fazer reload às armas.
George Miller pega no universo que conhece e mostra que não/nunca esqueceu o que nele pôs e sabe. Dirige com estilo, garra e criatividade, de prego a fundo na velocidade, no ritmo e no espectáculo, criando imagens únicas e memoráveis (a chegada da tempestade, a entrada nela, certos momentos da perseguição, a visão do deserto, as panorâmicas aéreas da perseguição, a “cidade” – o seu look, a noção de imponência natural e a noção de escala face à população).
Como grande cineasta que é, Miller usa a tecnologia (leia-se, os efeitos digitais – sim eles estão lá; não acreditais que deceparam mesmo o braço à Charlize Theron, ou meteram cast & crew numa tempestade de areia daquela dimensão, ou que atropelaram toda aquela gente, pois não?) em apoio ao filme, à ilustração da narrativa, ao espectáculo, ao serviço da linguagem cinematográfica, sem nunca deixar que tal recurso tome conta do filme.
Miller prometeu e cumpriu – o filme mostra o nunca visto em matéria de acção automobilística caótica. Julgavam que o final de “Mad Max 2” era o apogeu? Ora vejam aqui o “next level”. Absolutamente brilhante, louco, impressionante, espectacular, rocambolesco, de um perfeccionismo exemplar na sua coreografia, planeamento e execução.
A principal novidade deste novo filme é a substituição do lendário e carismático Mel Gibson pelo novato, capaz e igualmente carismático Tom Hardy.
Sendo assim, que tal se sai Hardy face a Gibson?
Pois bem, Hardy sai-se muito bem, mantendo a dimensão dolorosa, trágica e solitária de Max, sem descurar o lado (anti-)heróico.
É certo que Gibson tornou Max num icon e que Hardy pega num Max já consolidado na pop culture e no Cinema. Mas Hardy revela capacidades para manter a essência de Max e desenvolver outras vertentes (aguardemos por sequelas).
Charlize Theron é que domina o filme, com a sua destemida Imperator Furiosa. Aguerrida, protectora e selvagem, Charlize torna a sua personagem na mais interessante e complexa do filme, mostrando potencial para um spin-off (ideia que esteve presente no início – ver a ficha de estreia).
Prodigioso trabalho a nível de fotografia (do grande John Seale – “Witness”, “The Mosquito Coast”, “Gorillas in the Mist”, “Dead Poets Society”), production design, guarda-roupa, som, música, efeitos visuais e montagem.
(ou seja, as outras habituais excelências da saga)
Fabuloso uso da paisagem.
“Mad Max” regressa ao seu melhor. Bom, como nunca esteve ao seu pior, na verdade “Mad Max: Fury Road” mantém todo o melhor da saga. Quatro filmes. Quatro obras cinematográficas absolutamente únicas, irrepetíveis e inimitáveis dentro do género e do Cinema. E todos diferentes. A saga regressa e com o upgrade adequado aos tempos modernos, com Miller a dar lições a muito realizador modernaço sobre como fazer (grande) Action Cinema e (grande) espectáculo cinematográfico.
À semelhança dos três filmes anteriores, Miller volta a fazer um filme de acção, fantástico e de sci-fi, com fortes contornos metafóricos face ao mundo actual. E se os outros até se revelaram proféticos face à “evolução” da sociedade, este novo filme quase se torna um “documentário”. Miller junta-se assim a John Carpenter, dois mestres de Cinema que o utilizam para ilustrar as suas visões do mundo, tão pertinentes como perturbadoras, tão pensadoras como acertadas.
O filme de acção do ano e (possivelmente) da década.
Obra-prima do género e de Cinema.
Venha mais Mad Max.
O mundo (real e cinematográfico) precisa (cada vez mais) dele.
Obrigatório ver em IMAX.
Realizador: George Miller
Argumentistas: George Miller, Brendan McCarthy, Nick Lathouris
Elenco: Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult, Hugh Keays-Byrne, Nathan Jones, Zoë Kravitz, Rosie Huntington-Whiteley, Riley Keough, Abbey Lee, Courtney Eaton
Orçamento – 150 milhões de Dólares
Bilheteira (até agora) – 50 (USA); 115 (mundial)
Site – http://www.madmaxmovie.com/
Entrevista a George Miller
http://collider.com/mad-max-fury-road-george-miller-interview/
Os Carros
http://collider.com/mad-max-fury-road-images-reveal-gigahorse-war-rig-and-more-vehicles/
Curiosidades
http://collider.com/mad-max-fury-road-18-things-to-know/