Título Original – The Invasion
É a quarta versão e (de momento) a última versão do conto de Jack Finney.
Um vaivém espacial desintegra-se no seu regresso à Terra. Dentro da nave vem um vírus que imediatamente se adapta ao nosso planeta. A espécie desenvolve-se e a criatura em gestação toma o nosso aspecto quando adormecemos. A pessoa é substituída pelo seu outro, mas carece de emoções e sentimentos.
Uma médica psiquiatra descobre tal evento e tenta alertar o mundo, bem como travar a ameaça. Mas descobre que o seu filho pode ser a peça-chave de tal solução.
O problema é que o inimigo também o sabe.
Novos tempos, novas modas, novas tecnologias, novos problemas (sociais, políticos, económicos, biológicos e medicinais).
“The Invasion” passa-se na actualidade, tem como protagonista uma mulher (já a versão de Ferrara também tinha), os invasores não chegam através de umas vagens mas sim através de um fluido que sai com espirros, tomam conta do indivíduo quando ele adormece, chegam rapidamente ao mundo da política e como tal, o filme também reflecte o mundo de hoje – pós 9/11 (as mães acompanham os filhos na noite de Halloween, são visíveis os ecos de paranóias, desconfiança do vizinho, apatia) e com os problemas da actualidade (Darfur, Iraque, desmantelamento nuclear, os avanços da Medicina, as viroses, pandemias e epidemias).
Os invasores trazem uma curiosa agenda “humanitária” – o objectivo é criarem um mundo melhor, livre de conflitos, problemas e flagelos. A coisa que até é conseguida, mas será que um mundo todo ele em paz é mais humano?
Não estará na natureza humana a “avidez” de estar sempre em conflito? Um personagem lança o debate/reflexão e deixa considerações ao espectador.
O filme não consegue a riqueza e subtileza como parábola política que tinha o original. Não atinge a capacidade de perturbar como as versões de Siegel e Kaufman. Mas ainda assim, não se livra de ser um agradável entretenimento.
Nicole Kidman mostra-se capaz como action heroine (embora sem a destreza de Jodie Foster e Sandra Bullock) e aguenta-se bem como protagonista de um filme destas características.
O restante elenco é bom, mas os actores limitam-se a cumprir “serviços mínimos” (Craig e Northam são excelentes actores, já com provas dadas como heróis e vilões, mas Northam consegue ser algo inquietante).
O filme teve vários problemas de produção.
(em baixo explico mais)
O filme ressente-se (um bocadinho) de todos estes problemas.
São visíveis alguns lapsos de continuidade e algumas cenas são mal terminadas e resolvidas.
O maior tempo de antena de Craig (já explico o porquê disto) não melhora o personagem, o filme ou a história (quem conhece o filme original sabe o que acontece ao par sentimental do/da protagonista).
Alguma da acção está lá mais para dar “entusiasmo” ao espectador, embora não caia mal no meio da história.
A primeira parte é mais atmosférica e tensa, a segunda aposta em ritmo mais rápido, com direito a umas perseguições e tiroteios (provavelmente dispensáveis, mas com a sua eficácia enquanto entretenimento).
Contudo, o resultado final entretém, existem alguns bons momentos de tensão (quando a protagonista descobre tudo em casa do ex-marido, as suas passagens pela cidade já contaminada) e não é desmerecedor de visão.
Bom entretenimento, mas não ignorem os dois primeiros títulos.
“The Invasion” tem edição nacional e já anda a preço “invasor”.
Realizadores: Oliver Hirschbiegel, James McTeigue (sem crédito)
Argumentistas: David Kajganich, Irmãos Wachowski (sem crédito), a partir do conto de Jack Finney
Elenco: Nicole Kidman, Daniel Craig, Jeremy Northam, Jackson Bond, Jeffrey Wright, Veronica Cartwright, Josef Sommer
Orçamento – 80 milhões de Dólares
Bilheteira – 15 (USA); 40 (mundial)
Trailer
Esta nova versão conta com produção de Joel Silver (“The Matrix”, “Predator”, “Lethal Weapon”, “Die Hard”, “48 Hrs.”) e teve imensos problemas.
- Esteve para estrear em 2006, mas os primeiros testes com audiências não foram favoráveis.
- Silver convocou os Irmãos Wachowski (trilogia “The Matrix”) para fazerem alterações ao guião (mais acção, mais terror e um final com surpresa, tentando-se até uma certa reflexão sobre o Homem e a sua atitude no mundo – há um personagem que faz uma muito interessante dissertação sobre o Homem, a sua natureza conflituosa, a utopia de um mundo sem conflito, ideias e temas que estão na motivação da espécie invasora; já na sua trilogia “The Matrix” e em “V for Vendetta”, os manos Wachowski mostraram reflexões muito interessantes sobre o Homem, o seu comportamento no planeta e o “estado das coisas” na política mundial).
- Daniel Craig é informado durante as filmagens que foi o eleito como novo James Bond. Tal estatuto obriga à criação de mais cenas com o actor para que o personagem seja mais relevante.
- Terminada a revisão do guião, há a necessidade de novas cenas. O realizador Hirschbiegel não está disponível (a versão oficial indica que foi por motivos familiares; outros argumentam que o realizador não tem mesmo jeito para o género – daí a má recepção do público durante os testes, que se queixava que o filme era lento, monótono e não assustava, pelo que o estúdio o tira de cena e procura um realizador mais apto para acção). Silver e Wachowskis convocam um conhecido – James McTeigue (que realizou “V for Vendetta”, da autoria dos manos e produzido por Silver).
Nicole Kidman chegou a ficar ligeiramente ferida durante uma cena de acção automóvel.
Veronica Cartwright participa nesta versão e participou na de 1978. As personagens não são as mesmas.
As cópias para as salas tinham o título de “Human Beast”’.
“The Visiting” era um título inicial.